46º. Congresso da SGORJ e Trocando Ideias XXV
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2022
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Área/Eixo
Título/Autores
1816
Ginecologia
A DIETA COMO FORMA DE PROMOÇÃO À SAÚDE NO CLIMATÉRIO Autores: Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Aryane Ferraz Cardoso Pacheco, Brendha Ferrari Bremenkamp Palavras-chaves:
Alimentação
, Climatério
, Hormônios
Resumo
A DIETA COMO FORMA DE PROMOÇÃO À SAÚDE NO CLIMATÉRIO
INTRODUÇÃO: O climatério faz parte do envelhecimento feminino e é marcado pelo declínio na produção dos hormônios ovarianos, estrogênio e progesterona, ocorrendo entre 40 e 65 anos de idade. O decaimento desses hormônios promove modificações que contribuem para a redução das massas muscular e óssea e alteração do perfil lipídico, acentuando-se os riscos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e resistência à insulina. Entretanto, o manejo nutricional pode contribuir para a minimização e prevenção de agravos crônicos nesse período. OBJETIVO: Relatar as alterações prevalentes no climatério e analisar como o manejo nutricional pode interferir nesse cenário, contribuindo para a saúde da mulher. MATERIAIS E MÉTODOS: Revisão sistemática da literatura, usando os principais bancos de dados on-line. RESULTADOS: A alimentação adequada permite que agravos relacionados ao período do climatério sejam reduzidos/evitados. Alimentos que possuem propriedades próximas aos hormônios femininos, como a soja e a linhaça, cereais ricos em isoflavonas, previnem a perda óssea e inibem o desenvolvimento da aterosclerose. Salmão e atum, ricas fontes de ômega 3 e 6, atuam na redução do colesterol total, diminuindo o risco de eventos cardiovasculares. O vinho é um importante antioxidante e a batata yacon age na redução do índice glicêmico, melhorando a saúde óssea. Leite, ovos e folhas verde-escuras são fontes de cálcio e vitamina D, atuando na integridade óssea. O consumo de alimentos calóricos, ricos em açúcares simples, gorduras saturadas/trans e sódio contribuem para o aparecimento de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns cânceres. CONCLUSÃO: Considerando que a saúde da mulher no climatério encontra-se vulnerável, devido a redução dos hormônios sexuais, mudanças nos hábitos alimentares e acompanhamento do estado nutricional estão indicados a fim de minimizar os sintomas característicos e o aparecimento de doenças crônicas, que são mais facilmente desencadeadas nessa fase.
1776
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
A importância do tratamento e seguimento nas pacientes com líquen escleroso vulvar para evitar a progressão maligna. Autores: BRUNA OBEICA, Susana Cristina Aide Viviani Fialho, ISABEL CRISTINA CHULVIS DO VAL GUIMARAES, CAROLINE ALVES DE OLIVEIRA MARTINS, JULIA CORREIA CARDOSO GUIMARÃES, AMANDA DE FREITAS FERREIRA DE MOURA Palavras-chaves:
Líquen escleroso vulvar.
, Doenças da Vulva.
, Prurido vulvar
, neoplasia vulvar
Resumo
A importância do tratamento e seguimento nas pacientes com líquen escleroso vulvar para evitar a progressão maligna.
Introdução :O líquen escleroso vulvar (LE) é definido como uma dermatose inflamatória crônica benigna, com potencial para a transformação maligna a longo prazo, portanto, faz-se necessário o tratamento com corticoide tópico e seguimento regular por toda a vida. Objetivo: Avaliar os possíveis fatores de risco nas pacientes com LE diagnosticadas histologicamente e cadastradas no ambulatório de Patologia Vulvar em centro de referência, no período de 10 anos (2007 a 2017), que apresentaram transformação maligna ao longo do acompanhamento. Materiais e Métodos: Estudo transversal composto por 138 mulheres tratadas com propionato de clobetasol 0,05%. Os fatores já previamente estabelecidos em relação a transformação do LE incluem: idade, doença autoimune, hiperceratose, aderência ao tratamento e seguimento regular. Desta forma, estes fatores foram analisados em todas as mulheres. Resultados: A idade média foi de 58,2 anos. A média de tempo de seguimento foi de 54,2 meses. Deste total, 52% (72/138) apresentaram irregularidade no tratamento ou perda de seguimento. Em 5 (0,6%) casos houve evolução para o câncer de vulva. Conclusão: Apesar de não haver correlações estatísticas entre os possíveis fatores de risco, as mulheres que evoluíram para transformação maligna tiveram perda de seguimento ou estavam em tratamento irregular. Sugerindo, assim a importância de um seguimento adequado e regular nestas pacientes.
1742
Obstetrícia
A INCIDÊNCIA DO PARTO NATURAL VERSUS CIRÚRGICO: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS 2018 A 2021 NAS REGIÕES DO BRASIL. Autores: Bruna Reis Araújo Rocha, Lara Gordiano Nunes Mascarenhas, Luanna Guimarães de Almeida Gonzalez, Yasmin de Menezes Marinho, Natalia Guerreiro Costa Neeser Palavras-chaves:
Parto Cesáreo
, Parto NormaL
, Brasil
Resumo
A INCIDÊNCIA DO PARTO NATURAL VERSUS CIRÚRGICO: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS 2018 A 2021 NAS REGIÕES DO BRASIL.
INTRODUÇÃO: O parto vaginal é recomendado pela comunidade internacional de saúde como via preferível de parto para gestantes que não se enquadram nas recomendações da cirurgia cesariana para redução de riscos de morbimortalidade materna e neonatal. Entretanto, apesar de a taxa ideal de partos cesarianos residir entre 10-15% em quaisquer regiões mundiais, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), observa-se uma tendência de aumento na escolha e na execução dessa via, seja por parte da gestante ou do obstetra responsável. Uma análise transversal dos partos realizados no Brasil no período entre 2018 e 2021 revela que tal crescente também é verdadeira em território nacional.
OBJETIVOS: Objetiva-se no presente estudo comparar a incidência de parto normal e de parto cesariano nas regiões do Brasil entre 2018 e 2021.
MATERIAL E MÉTODOS: O presente artigo trata-se de um estudo transversal, que visa à análise e à comparação da realização de partos normais e de partos cesarianos no Brasil e individualmente em cada região entre os anos de 2018-2021. Para isso, foi feita a abordagem quantitativa, que se traduz nos números e nos dados coletados, esses analisados pelo Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e acessados através do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, Tabnet). Tais dados foram organizados em tabelas e gráficos utilizando o Microsoft Excel® (v.16.52).
RESULTADOS: A partir da análise dos dados, nota-se que é crescente, a cada ano, o número de cesarianas, partindo de 44% a 47% dos partos registrados no Brasil entre os anos de 2018 e 2021, ao passo que o parto normal se apresenta em queda no país, saindo de 56% para 53% neste mesmo período. Em duas regiões do Brasil (Centro-oeste e Sul), nos anos de 2020 e de 2021, foi observada uma mudança no padrão até então observado nas regiões, na medida em que, no Centro-Oeste, a porcentagem se igualou a 50% em ambas as vias em 2020 e, em 2021, 51% eram apenas de cesáreas. Já na região Sul, neste mesmo período, foi registrada uma prevalência de 51% dos partos cesarianos no ano de 2020, que se manteve em 2021. Nas outras regiões do país, o número de partos naturais ainda é maior do que o de partos cirúrgicos, mesmo com o constante aumento do número de cesáreas.
CONCLUSÃO: Diante do exposto, contrariando as expectativas da OMS de apenas 15% de cesáreas na totalidade de partos realizados, no Brasil, o número de partos cirúrgicos é crescente entre os anos de 2018 e 2021, ao passo que a incidência de parto normal apresenta queda de 3% ao longo desses anos. Ademais, ao comparar as diferentes regiões, evidencia-se a prevalência de parto cesáreo nas regiões Centro-Oeste e Sul, sendo necessários estudos adicionais epidemiológicos que demonstrem quais fatores estão relacionados à sobreposição pregressa do parto cirúrgico ao natural nessas regiões.
1733
Obstetrícia
A INFLUÊNCIA DA RAÇA NOS DESFECHOS OBSTÉTRICOS Autores: Laura Luiz, Beatriz Heloisa Born, Camila Bollmann Bertoli, Marina Zambonato Baggenstoss, Jean Carl Silva Palavras-chaves:
Disparidades em saúde
, Gestação
, Raça
Resumo
A INFLUÊNCIA DA RAÇA NOS DESFECHOS OBSTÉTRICOS
Introdução: A raça pode contribuir para diferentes riscos à saúde, ao interagir com outros componentes sociais, como vulnerabilidade econômica. Sendo assim, é necessário considerar a inserção social adversa e a predisposição biológica à população negra no Brasil, visto que demonstra um agravante nas condições de saúde desses indivíduos. Negros e brancos apresentam grandes disparidades quanto às condições socioeconômicas, demográficas e nos indicadores de saúde, demonstrando a necessidade de trabalhos que investiguem tais desfechos obstétricos. Objetivos: O objetivo deste artigo é analisar, e se possível comprovar, fatores que contribuem para desfechos obstétricos desfavoráveis entre as gestantes negras. Esperamos, assim, demonstrar a predominância da questão biológica das raças como fator de risco para os desfechos gestacionais e suas implicações. Materiais e Métodos: A metodologia empregada foi realizada em cinco etapas, seguindo o rigor metodológico que garantisse a reprodutibilidade das informações encontradas. Na primeira etapa da pesquisa incluímos o problema de pesquisa por meio do método PICO e definimos as palavras-chaves, sendo que algumas não indexadas foram utilizadas. Na etapa II, definimos o esquema booleano e a elegibilidade dos artigos, como presença dos idiomas português e inglês e ter no máximo 10 anos de publicação. Além disso, procuramos nos artigos as características socioeconômicas, disparidades raciais, resultados da gravidez e predisposição genética das gestantes. Na Etapa III, definimos os sítios de busca, através dos portais Scielo e Pubmed. Na etapa IV, foi realizada a seleção dos artigos nos portais. Por fim, na etapa V, foram analisados os resultados pelo uso de planilhas, de modo a gerar os resultados e discussão do artigo. Resultados e Conclusão: A partir da análise dos estudos selecionados para a execução do artigo de revisão, constata-se que há disparidades raciais entre as gestações. As gestantes negras são mais propensas a terem ganho de peso inadequado e a desenvolver hipertensão e diabetes gestacional. Acredita-se que os altos índices de resultados adversos de gravidez de mulher negra, como a prevalência do parto prematuro, baixo peso ao nascer e a restrição do crescimento intrauterino, têm suas raízes nos comportamentos de saúde materna, genética e acesso e qualidade dos cuidados de saúde. Entretanto, entre essas causas, verifica-se uma questão muito mais socioeconômica, como a pobreza e o baixo nível de escolaridade materna apresentados pela etnia negra, como consequência do contexto social de escravidão que foram inseridos anos atrás. Conclui-se, dessa forma, que as questões socioeconômicas são predominantes às de predisposição genética nos desfechos obstétricos desfavoráveis observados nas mulheres negras, evidenciando como as disparidades econômicas interferem na assistência à saúde.
1813
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
ANÁLISE DA EFICÁCIA DO LASER DE CO2 FRACIONADO NO MANEJO DO LÍQUEN ESCLEROSO VULVAR Autores: Joyce Fernandes Costa, Flávia Gioia Bragança Ribeiro, Anne Miranda Capaccia, Gabriella Piumbini dos Santos, Eliane Bragança Veloso, Roseane Guarconi Piumbini Palavras-chaves:
Laser de CO2
, Líquen escleroso vulvar
, Prurido vulvar
Resumo
ANÁLISE DA EFICÁCIA DO LASER DE CO2 FRACIONADO NO MANEJO DO LÍQUEN ESCLEROSO VULVAR
Introdução: O líquen escleroso vulvar (LEV) consiste em uma dermatose crônica na região anogenital, em especial os pequenos lábios, parte interna dos grandes lábios, sulco interlabial, clitóris, vestíbulo, períneo e região perianal. Acomete mulheres, principalmente na pré-menarca ou pós menopausa. O processo inflamatório crônico pode levar à alterações na anatomia local como reabsorção dos lábios menores, fimose do clitóris, estreitamento ou estenose do introito vaginal e alterações da pigmentação local. A doença apresenta sinais como pápulas ou placas brancas marfim com consistência cerosa ou rugas epidérmicas. O principal sintoma é o prurido local, podendo ocorrer também sintomas como disúria, dor ao defecar, dispareunia e dor vulvar crônica. Além de afetar a qualidade de vida, o LEV aumenta o risco de neoplasia vulvar, principalmente o carcinoma de células escamosas. Dessa forma, a fim de controle de sintomas e prevenção de complicações, o tratamento deve ser realizado o mais precocemente possível. O tratamento de primeira linha é o uso de corticosteroides, porém, o uso prolongado pode trazer complicações como atrofia, além disso, casos graves podem ser resistentes ao tratamento. Nesse contexto o uso de laser de CO2 microablativo vem sendo cada vez mais utilizado, pois o laser promove a neoangiogênese, induz a formação de glicogênio e aumenta a produção de colágeno na lâmina própria, melhorando assim a esclerose e a atrofia típica. Objetivo: O objetivo do estudo foi determinar a eficácia da laserterapia em pacientes com LEV. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo de coorte retrospectivo, por análise de prontuário de pacientes do Hospital Federal da Lagoa, no Rio de Janeiro, no período de março/2018 a março/2021. A amostra foi de 9 mulheres com LEV, submetidas a 1 a 4 sessões vulvares e intravaginais com o Laser de CO2 Microablativo SmartXide Touch V2LR (Monalisa Touch, FI, Italy), com os parâmetros: Potência média de 40 watts, efeito térmico 1000 milissegundos e 1000 milímetros. A eficácia foi avaliada subjetivamente através do relato das pacientes a cada sessão. Resultados e Conclusão: A faixa etária foi de 38 a 76 anos, sendo 66% pós menopausa. A principal queixa foi prurido vulvar, dentre outras manifestações. Foram realizadas sessões de laserterapia intravaginal e vulvar, principalmente, com variações de potência, efeito térmico, espaçamento e profundidade por sessão. Apenas uma paciente estava em terapia adjuvante. Cerca de 66% relataram melhora após a 1ª sessão. A partir da 2ª sessão, cerca de 77% apresentaram melhora importante dos sintomas. A partir da 3ª sessão apenas 33% obtiveram melhora dos sintomas. E, apenas duas pacientes realizaram a 4ª sessão, porém, sem relato de melhora. Não foram relatados efeitos adversos durante o tratamento, assim como em outros estudos. Conclui-se, portanto, que o laser de CO2 é um tratamento inovador, com potencial de controle da doença e prevenção de complicações, em especial, o câncer de vulva.
1826
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
ANÁLISE DESCRITIVA DA COBERTURA VACINAL DA HPV QUADRIVALENTE NOS ANOS DE 2017 A 2021 Autores: Henrique Maciel Vieira de Moraes, Marcelle Raschik Riche, Wanda Vianna Mury, Yvone Taube Maranho, Pamela Cristina Reis Albuquerque, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro Palavras-chaves:
Vacinas contra Papillomavirus
, Cobertura Vacinal
, Doenças Sexualmente Transmissíveis
Resumo
ANÁLISE DESCRITIVA DA COBERTURA VACINAL DA HPV QUADRIVALENTE NOS ANOS DE 2017 A 2021
Introdução: Ao longo da história, campanhas vacinais contribuíram para o controle e erradicação de diversas patologias infectocontagiosas, como por exemplo, sarampo, rubéola e poliomielite. Contudo, apesar do cenário otimista, a campanha de imunização contra o papilomavírus humano (HPV), iniciada pelo Ministério da Saúde em 2014, não trilhou o mesmo caminho de sucesso de outras doenças. Nesse sentido, a infecção por HPV, quando não controlada, pode evoluir e se tornar câncer de colo uterino, uma das neoplasias mais prevalentes em mulheres em todo o mundo. No Brasil, ele ocupa o terceiro lugar, perdendo apenas para o câncer de pele e de mama. Na maioria das vezes, a infecção por esse vírus é assintomática, porém, aproximadamente 10% dos casos evoluem para malignidade. Sabe-se que a detecção precoce, por meio do exame de papanicolau, associado à cobertura vacinal profilática pode evitar a forma grave da doença. No Brasil, a vacina quadrivalente Gardasil é um imunizante aprovado e registrado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que protege contra o HPV 6, 11, 16 e 18, e amplamente utilizada pelo Sistema Único de Saúde - SUS. Objetivo: Avaliar a adesão à vacina contra o HPV no Brasil a partir do ano de 2017 até 2021. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados referentes à vacinação contra o HPV quadrivalente nas regiões do Brasil, em ambos os sexos, no período de janeiro de 2017 até dezembro de 2021. Os dados foram coletados do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI/CGPNI/DEIDT/SVS/MS) no site do departamento de informática do Sistema Único de Saúde do Brasil (DATASUS). Resultados e Conclusão: Durante o período analisado, foram registradas 24.173.936 doses da vacina quadrivalente contra HPV aplicadas pelo SUS. Durante os anos de 2017 (6.552.318), 2018 (5.101.106), 2019 (4.537.453), 2020 (4.363.850) e 2021 (3.619.209) foi possível observar uma redução gradual da cobertura vacinal, com uma queda acentuada de 44,76% entre os anos de 2017 e 2021. Considerando a imaterialidade da taxa proporcional de natalidade e mortalidade para o período, é possível notar que a queda no número de imunizados vem se agravando, apesar do fortalecimento das campanhas de prevenção contra as infecções sexualmente transmissíveis, com o advento da Lei nº 13.504/2017. Além disso, sabe-se que, atualmente, o HPV é a doença sexualmente transmissível com maior prevalência no mundo, dessa forma, deve-se tornar prioridade a implementação de políticas públicas que visem cobrir a defasagem de imunizações nos períodos supracitados.
1800
Obstetrícia
ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE GESTAÇÕES ALOIMUNIZADAS ASSISTIDAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2015 E 2020 Autores: Maria Eduarda Terra, Eduardo teixeira, Aline Izzo, Fernanda Vasconcellos, Guilherme de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho Palavras-chaves:
doença hemolítica perinatal
, aloimunização Rh
, eritroblastose fetal
, assitência pré natal
Resumo
ANÁLISE DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE GESTAÇÕES ALOIMUNIZADAS ASSISTIDAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2015 E 2020
INTRODUÇÃO. A Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) é um tipo de anemia hemolítica causada por incompatibilidade sanguínea materno-fetal. Trata-se de uma doença de elevada morbimortalidade perinatal, que pode ter seus riscos reduzidos por uma boa assistência pré-natal, que permite diagnóstico e intervenção precoce nos casos de maior gravidade.
OBJETIVOS. Analisar a população de gestantes aloimunizadas assistidas em centro de referência no Rio de Janeiro e descrever dados de seu acompanhamento pré-natal, antecedente obstétrico, parto e principais desfechos perinatais.
MATERIAL E MÉTODOS. Foi realizado um estudo observacional, retrospectivo, descritivo, com obtenção de dados por análise de prontuários de gestantes assistidas na Área de Atenção à Gestante da instituição com resultado do teste de Coombs Indireto positivo, anti-D, realizado na própria instituição entre os anos de 2015 e 2020 e de seus respectivos recém natos.
RESULTADOS E CONCLUSÃO. A média de idade gestacional do início do pré natal na instituição foi de 23,89 semanas e a de número de consultas pré natal foi de 6,14 consultas. Quanto à paridade, a média foi de 3,56. A respeito da dosagem da maior titulação de anti-D, a mediana foi de 1:32 e 81,4% tiveram titulação de anticorpo maior ou igual a 1:16. Em 66 casos (68%) as gestantes foram submetidas à avaliação de doppler da ACM, das quais 11 tiveram medida maior do que 1,5 desvios da mediana – achado compatível com alto risco de anemia fetal. Dentre elas, cinco pacientes foram submetidas a TIU e 2 tiveram o diagnóstico de hidropsia fetal, A idade gestacional média de interrupção da gestação foi de 37 semanas. Vinte e seis (32,5%) partos ocorreram antes de 37 semanas e 4 (5%), antes de 34 semanas. Na amostra analisada, em 9 casos não havia informação sobre o acompanhamento neonatal, e dentre os 71 restantes, não houve nenhum caso de óbito durante a internação. A assistência pré natal prestada na instituição resulta em desfecho neonatal satisfatório, com baixas taxas de TIU e de óbito fetal e neonatal. No entanto, a assistência pré natal à população geral ainda está aquém do ideal, refletindo em atraso à chegada para atendimento no centro de referência e, sobretudo, falha na administração da profilaxia com imunoglobulina anti-D.
1770
Obstetrícia
ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO PARA APGAR <7 NO 5º MINUTO NOS ÚLTIMOS 20 ANOS Autores: ALESSANDRA CAPUTO LOURENÇO MAGALHÃES, DENISE LEITE MAIA MONTEIRO, DANIELA FORTUNATO AUAR, FLAVIO MONTEIRO DE SOUZA, THAMIRIS DOS SANTOS DE SOUSA, ALEXANDRE JOSÉ BAPTISTA TRAJANO Palavras-chaves:
Mortalidade perinatal
, Fatores de risco
, Índice de Apgar
Resumo
ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO PARA APGAR <7 NO 5º MINUTO NOS ÚLTIMOS 20 ANOS
Introdução: A mortalidade perinatal no Brasil permanece como problema de saúde pública e a maioria desses óbitos é determinada pelas condições da gestante e pela assistência ao parto e ao recém-nascido (RN). O escore de Apgar no 5º minuto é método rápido de avaliação das condições clínicas do recém-nascido, sendo empregado como ferramenta prognóstica para avaliar o estado do RN. Objetivo: Avaliar os fatores predisponentes do Apgar <7 no 5º minuto (Ap5<7) no Brasil como marcador prognóstico e a mudança no seu índice nos últimos 20 anos. Método: Estudo de corte transversal, realizado por busca no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Estudou-se a população de nascidos vivos (NV) do Brasil no ano de 1999 e no biênio 2018-2019. Utilizou-se como critério de exclusão Ap5 não preenchido, Ap5 igual a 0 quando associado a Apgar 0 no 1° minuto, idade gestacional <22 semanas, peso fetal <500g ou não preenchido. Utilizou-se o software SPSS para análise estatística. Considerou-se o nível de significância estatística de 0,05. Foram calculadas as frequências dos fatores estudados, as razões de chance (RC) e os respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), avaliando a associação por análise bivariada. Na investigação da relação entre o desfecho desfavorável (Ap5<7) e as demais variáveis realizou-se análise multivariada de regressão logística. Resultados: No ano de 1999 registraram-se 3.256.443 NV e no biênio 2018-2019 foram 5.794.078 NV. Após aplicar os critérios de exclusão para 1999, houve redução de 13,8%, totalizando 2.808.341 registros. Nos anos de 2018-2019 a redução do número de casos foi de 2,0%, passando para 5.680.092. Verificou-se que 58.961 RN apresentaram Ap5<7 (2,1%) em 1999 e no biênio 2018-2019 a prevalência caiu para 0,9% (52.731 casos). A comparação entre os dois períodos demonstra aumento da chance de nascimento prematuro, de baixo peso ao nascer e de RN com anomalias congênitas no biênio 2018-2019. Inversamente, houve menor probabilidade de nascimento após 42 semanas e com peso >4000g no biênio 2018-2019. Em relação às variáveis maternas, no biênio 2018-2019 observou-se aumento da idade materna, melhora na cobertura pré-natal com mais gestantes com 7 ou mais consultas pré-natais, porém nota-se maior número de perdas fetais ou abortamentos prévios em 2018-2019. A análise multivariada evidenciou que os fatores de risco para asfixia perinatal foram praticamente os mesmos nos 2 períodos: prematuridade, baixo peso ao nascimento e presença de anomalias congênitas continuaram tendo maior impacto sobre o Ap5<7. Conclusão: Esse estudo mostrou diminuição na incidência de Ap5<7. Os fatores de risco para esse marcador de avaliação neonatal persistem inalterados: houve aumento da prematuridade, baixo peso ao nascer e anomalias congênitas. Observou-se expressiva melhoria de marcadores maternos, em especial o aumento do número de consultas pré-natais.
1825
Ginecologia
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA COMPARATIVA ENTRE A MIOMECTOMIA ABERTA E LAPAROSCÓPICA NO BRASIL Autores: Henrique Maciel Vieira de Moraes, Marcelle Raschik Riche, Wanda Vianna Mury, Yvone Taube Maranho, Pamela Cristina Reis Albuquerque, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro Palavras-chaves:
Miomectomia Uterina
, Laparotomia
, Laparoscopia
Resumo
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA COMPARATIVA ENTRE A MIOMECTOMIA ABERTA E LAPAROSCÓPICA NO BRASIL
Introdução: Os leiomiomas são neoplasias benignas comuns na idade reprodutiva. Em sua maioria, são assintomáticos, porém, em alguns casos podem provocar dor pélvica, sangramentos, infertilidade e abortamento. Existem diferentes tipos de tratamento como ablação, medicamentos e cirurgia. A conduta a ser escolhida dependerá de fatores como a idade da paciente, características neoplásicas e manifestação de sintomas. A miomectomia consiste em um procedimento cirúrgico que objetiva remover esses miomas, sendo a opção de escolha geralmente para mulheres sintomáticas e em idade fértil. Esse procedimento pode ocorrer por
laparoscopia ou laparotomia. Na laparotomia é realizada uma incisão abdominal, já a laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva e visa reduzir as complicações, por vezes, apresentadas no modelo cirúrgico anterior, tais como hemorragia, infecção e abertura de cicatriz. Objetivos: Analisar os dados dos pacientes internados para realização de miomectomia pela técnica laparoscópica e pela técnica de laparotomia, no Brasil, no ano de 2021. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados referentes às internações para realização do procedimento de miomectomia pela técnica laparoscópica e pela técnica de laparotomia realizados nas capitais do Brasil, no período de janeiro de 2021 até dezembro de 2021. Os dados foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS) e as variáveis selecionadas foram: número de internações, taxa média de permanência hospitalar, valor médio do custo de internação, miomectomia e miomectomia videolaparoscopica. Resultados e Conclusão: Ao todo, foram realizadas 805 internações para realização de miomectomia no período estudado, sendo 736 (91,42%) por laparotomia e 69 (8,57%) por laparoscopia. A média de permanência hospitalar para a técnica por laparotomia foi de 2,7 dias, e para a miomectomia videolaparoscopica foi de 1,7 dias. O valor médio do custo de internação da miomectomia por laparotomia foi de R$ 612,38, e na miomectomia videolaparoscopica o valor médio foi de R$ 473,16. Assim, observou-se que o número de internações para realização de miomectomia por laparotomia ainda é prevalente nas capitais do Brasil, apesar de a técnica laparoscópica apresentar menor permanência hospitalar e menor custo de internação. Os motivos para isso podem ser diversos, como o custo do equipamento, da sua manutenção e a experiência do cirurgião. Cabe ressaltar, por fim, que apesar da técnica por laparoscopia ser a mais indicada para a maioria dos casos, por ser minimamente invasiva, a laparotomia passa a ser a técnica de escolha quando o mioma apresenta mais que 10 cm e na presença 10 a 20 massas de mioma. É necessário, portanto, maior detalhamento acerca do leiomioma no registro dos dados no SIH/SUS, pois cada paciente demanda tratamento e prognóstico individualizados, de acordo com suas limitações.
1849
Obstetrícia
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA SÍFILIS EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS Autores: KATIA GLEICIELLY FRIGOTTO, MYLENA PAULA PAIVA NIDECK, BEATRIZ DE OLIVEIRA E CASTRO, LUÍZ CLÁUDIO DE OLIVEIRA DA SILVA FILHO, MARINA PACHECO ROBERT PINTO, RODRIGO BRUNO DA SILVA MAGALHÃES Palavras-chaves:
sífilis
, epidemiologia
, gravidez
Resumo
ANÁLISE EPIDEMIOLÓGICA DA SÍFILIS EM GESTANTES NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NOS ÚLTIMOS 5 ANOS
Introdução: A sífilis gestacional representa um grave problema de saúde pública, que quando não tratada, ou tratada inadequadamente, está associada a complicações perinatais, como o aborto espontâneo, morte fetal ou neonatal precoce ou ainda sequelas perinatais. Segundo o Ministério da Saúde, a incidência de sífilis congênita no Brasil triplicou entre 2009 e 2015. A transmissão pode ocorrer em qualquer fase gestacional ou estágio clínico da doença materna. Os principais fatores que determinam a probabilidade de transmissão vertical da sífilis são o estágio da doença na mãe e a duração da exposição do feto no útero. O pré-natal é o único momento possível para a identificação e redução dos riscos, através da triagem sorológica, e o tratamento adequado da gestante e parceiros. Para isso, o acesso, a utilização e a qualidade dos serviços de saúde são essenciais para a captação precoce das gestantes e para o acompanhamento gestacional. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico dos casos de sífilis gestacional no estado do Rio de Janeiro no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2021. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo usando dados secundários referentes à sífilis gestacional no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, e as variáveis selecionadas foram: faixa etária, raça, classificação clínica, escolaridade, teste treponêmico, e idade gestacional do diagnóstico de sífilis. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados e Conclusão: No período de 2017 a 2021 foram notificados 43.063 casos de sífilis gestacional no estado do Rio de Janeiro. No intervalo compreendido até 2020, houve uma curva crescente dos registros da doença, sendo 18,46% em 2017, 21,74% em 2018, 23,15% em 2019, e 26,60% em 2020. Mesmo com as restrições ocasionadas pela pandemia do COVID-19, 2020 teve a maior taxa de diagnósticos comparado aos anos anteriores avaliados. Mulheres entre 20-39 anos representaram 70,45% das notificações. Quanto à raça, as gestantes pardas foram a maioria (46.63%), e em seguida as pretas (21.47%). Grávidas com ensino médio completo somam 15,68% dos casos. O teste treponêmico foi reativo em 77,44% dos casos. Das mulheres que receberam o diagnóstico de sífilis, 40,97% estavam no 1º trimestre da gestação, no 2º trimestre, 21,58%, e no último 27,27%. Grande parte dos registros em relação à classificação clínica da sífilis nessas pacientes foi de sífilis latente (37,72%), seguida de classificação ignorada/em branco (26,25%) e sífilis primária (19,21%). Dessa forma, diante da alta prevalência de sífilis em gestantes no estado do Rio de Janeiro, é fundamental a análise e o conhecimento do perfil epidemiológico da doença nessa população para que novas estratégias sejam traçadas a fim de reforçar as medidas preventivas, além do rastreio e tratamento adequado ainda na fase inicial.
1726
Ginecologia
ANÁLISE ESTATÍSTICA DO CÂNCER DE MAMA EM UM HOSPITAL ESCOLA DA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES Autores: Blanch Faria de Oliveira, Bianca Motta da Silveira, Laís Silva Xavier, Ana Clara Pizzol Zuccon, Inês Raquel Alves da Silva Rosário Palavras-chaves:
Neoplasias Mamárias
, Análise Estatística
, Biópsia
Resumo
ANÁLISE ESTATÍSTICA DO CÂNCER DE MAMA EM UM HOSPITAL ESCOLA DA CIDADE DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
Introdução: O câncer de mama é definido como um tumor gerado pela multiplicação desordenada de células mamárias anormais, que podem migrar e invadir outros órgãos. Essa neoplasia pode desenvolver-se de forma variada, determinando os diversos tipos existentes, cada um com comportamento distinto. Seu surgimento e evolução dependem de diversos fatores, como história familiar e genética e, até mesmo, estilo de vida e alimentação. Objetivo: Analisar estatisticamente o predomínio do câncer de mama na população atendida pelo laboratório de patologia de um hospital escola na cidade de Campos dos Goytacazes - RJ, entre os anos de 2018 a 2020. E correlacionar com a idade no momento do diagnóstico. Materiais e Métodos: Estudo observacional, do tipo transversal, em que foram analisados todos os laudos referentes a biópsias de mamas realizadas nos anos de 2018 a 2020. Foram incluídos pacientes de todos os sexos e faixas etárias com diagnóstico histopatológico de doença mamária, benigna ou maligna. Entretanto, os diagnósticos inconclusivos e as biópsias por punção aspirativa por agulha fina não entraram na avaliação. Resultados e Conclusão: A amostra total foi de 713 pacientes, com idade média de 49 anos, em um intervalo de 12 e 93 anos. Os dados analisados, mostraram 350 (49,09%) diagnósticos histopatológicos de malignidade, em que 268 (76,57%) são do subtipo Carcinoma Invasivo do Tipo Não Especial , 23 (6,57%) são Carcinoma Lobular Invasivo, 18 (5,14%) são Carcinoma Misto, 14 (4%) são Carcinoma Ductal In Situ , 14 (4%) são Carcinoma Ductal Invasivo, 4 (1,14%) são Carcinoma Papilar Invasivo e há 9 subtipos com apenas 1 caso (0,287%), são eles: Carcinoma Túbulo-Lobular Invasivo, Tumor Filoide Maligno, Carcinoma Papilífero Intraductal, Carcinoma Papilífero, Neoplasia Apócrina, Carcinoma Invasivo do Tipo Apócrino, Carcinoma Mucinoso, Adenocarcinoma, Sarcoma Estromal. A maior parte da amostra, 363 pacientes (50,91%), apresentou biópsias com subtipos histológicos benignos. Em vista dos dados obtidos na amostragem, a malignidade demonstrou-se inferior a benignidade, predominando principalmente na faixa etária de 50-69 anos, a qual condiz com o início do rastreamento para câncer de mama proposto pelo Ministério da Saúde.
1835
Ginecologia
ANATOMIA HIMENAL ATÍPICA: RELATO DE CASO Autores: Leticia da Fonseca Gomes, Camila Nogueira Santiago, Vera Lucia Mota da Fonseca Palavras-chaves:
Hímen
, anatomia
, cirurgia
Resumo
ANATOMIA HIMENAL ATÍPICA: RELATO DE CASO
Introdução: O hímen é uma estrutura de tecido escamoso que se invagina do períneo para encontrar o canal vaginal longitudinal. Com essa junção, geralmente há canalização completa do canal vaginal, e essa membrana se retrai com apenas um pequeno remanescente de tecido circunferencial redundante ao redor do intróito vaginal. No entanto, durante este processo de canalização, a membrana pode variar em sua resolução, deixando uma obstrução completa, hímen imperfurado, ou qualquer número de remanescentes parciais, como o hímen microperfurado e septado.
Relato de caso: EBM, 22 anos, estudante de medicina, procura ambulatório devido a dificuldade na sexarca há 2 anos. Já havia feito diversas tentativas de penetração vaginal com o parceiro, sem sucesso. Refere ter tido relação com penetração anal, sem grandes dificuldades. Menarca aos 11 anos, ciclos regulares com fluxo nromal. Parceiro único. Faz uso de venlafaxina para transtorno de ansiedade. Traz hipótese diagnóstica de vaginismo, de acordo com leituras na internet. Já havia procurado outro médico para tratar vaginismo, que orientou fisioterapia pélvica. Ao exame: Mamas e abdome sem alterações. Pilificação vulvar normal. Toque vaginal: membrana himenal perfurada, pérvia para 1cm, com bordos rígidos e resistentes. Sem dor ou tensão muscular no momento do toque. Colo uterino indolor à mobilização, útero intrapélvico. Toque retal sem alterações. Foi, então, realizada cirurgia de himenectomia com o seguinte resultado anatomopatológico: fragmento membranáceo de tecido pardo acinzentado e cruento medindo 2,5 x 2,0 x 0,4 cm. Cortes histológicos da mucosa himenal mostram epitélio escamoso não queratinizado, maturação sequencial preservada, sem atipias celulares. O estroma subjacente aparece com discreto infiltrado inflamatório linfocitário. Após 45 dias pós operatório, a paciente relata relação vaginal com parceiro, sem dificuldades.
Discussão: O vaginismo é uma persistente contração involuntária da musculatura da vagina que interfere na penetração, impedindo a relação sexual e podendo comprometer as relações interpessoais e conjugais. A paciente estudada apresenta transtorno de ansiedade, o que contribuiu para a hipótese diagnóstica de vaginismo. Além disso, observa-se a influência da internet na saúde, que levou a paciente a se autodiagnosticar e a enviesar a opinião do primeiro médico. Entretanto, o exame ginecológico mostrou importante anatomia himenal átipica, que impossibilitava a penetração. O caso reforça a importância da anamnese e exame físico ginecológico bem realizados. O hímen pode apresentar-se de diferentes formas, tais como imperfurado, microperfurado, cribiforme e septado. A himenectomia é um procedimento cirúrgico que objetiva a remoção da membrana himenal que cobre parcial ou totalmente o introito vaginal. O caso foi identificado como hímen microperfurado e a cirurgia permitiu resolução completa da queixa da paciente.
1819
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
ANGIOMIOFIBROBLASTOMA DE VULVA: ESTUDO DE CASO Autores: Eduardo Vieira de Carvalho Júnior, Priscila de Almeida Torre, Brenda Emanuelle Miranda, Teresa Cristina Alves Palavras-chaves:
angiomiofibroblastoma
, tumor de vulva
, tumor mesenquimal
Resumo
ANGIOMIOFIBROBLASTOMA DE VULVA: ESTUDO DE CASO
O angiomiofibroblastoma (AMFB) é tumor mesenquimal benigno raro, de tecidos moles, que se localiza com maior frequência em vulva e vagina, acometendo mulheres no menacme e nos primeiros anos da pós-menopausa. Macroscopicamente, a lesão é bem circunscrita, móvel, não encapsulada, com superfície homogênea, de coloração rosa acastanhada, rica em vasos sanguíneos. Casos raros, pouco descritos na literatura, podem cursar com padrão tumoral pediculado. Clinicamente, tende a crescimento lento, com pouca sintomatologia. Histologicamente, as células tumorais são ovais a fusiformes e dispostas em padrão fascicular, ondulado ou paliçada, com proliferacao estromal de pequenos vasos. Imuno- histoquimicamente, podem apresentar positividade para desmina, vimentina, receptores de estrogênio e CD34. O objetivo do presente estudo foi relatar o caso de uma paciente de 19 anos, portadora de Diabetes Mellitus tipo I, em tratamento irregular, apresentando lesão pedunculada em região vulvar com crescimento há um ano. Ao exame ginecológico, observada tumoração de aspecto fibroelástico, de aproximadamente 15 cm, pendular, em grande lábio direito, associada à placas grumosas, de aspecto fúngico, aderidas em toda extensão da região vulvovaginal. Como tratamento, foi realizada exérese simples com margem livre. O estudo histopatologico da peça demonstrou células fusiformes, sem atipias, em meio a estroma mixoide com numerosos vasos sanguíneos e sugestiva de angiomiofibroblastoma com erosões epidérmicas multifocais. A imuno- histoquímica ressaltou o diagnóstico. A descrição dos diferentes tipos e variáveis apresentações das neoplasias benignas vulvares se faz cada vez mais importante, visando o maior conhecimento dos diagnósticos diferenciais, melhorando aplicação do tratamento adequado a cada entidade.
1847
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESENÇA DE CANDIDA SPP E DE BACTÉRIAS AERÓBICAS EM MULHERES COM LESÃO INTRAEPITELIAL ESCAMOSA CERVICAL DE ALTO GRAU Autores: Patrícia Mendonça Ventura, Rafael Augusto Chaves Machado, Matheus Madureira Fernandes, Isabel Cristina Chulvis do Val Guimarães, Susana Cristina Aide Viviane Fialho, Douglas Guedes Ferreira Palavras-chaves:
Interação entre Hospedeiro e Microbiota
, Candidíase Vulvovaginal
, Infecção por HPV
, Neoplasias do Colo do Útero
Resumo
ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESENÇA DE CANDIDA SPP E DE BACTÉRIAS AERÓBICAS EM MULHERES COM LESÃO INTRAEPITELIAL ESCAMOSA CERVICAL DE ALTO GRAU
Introdução
O HPV é fundamental para ocorrência do câncer de colo uterino. Nesse sentido, a persistência do vírus no trato genital feminino aumenta o risco do desenvolvimento de lesões precursoras e do câncer. Dentre os cofatores que contribuem para a persistência do vírus, estão tabagismo, uso de contraceptivos hormonais orais (ACO) e multiparidade. Alterações na microbiota vaginal tem sido destacada como um deles, o que justifica a importância deste trabalho.
Objetivo
O presente estudo tem como objetivo avaliar a associação entre presença de Candida spp e de bactérias aeróbicas em mulheres com lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau (HSIL) e a persistência após tratamento.
Metodologia
Estudo analítico, observacional, prospectivo composto por 65 mulheres, sendo 35 casos e 30 controles. O grupo caso é composto por mulheres com diagnóstico citológico de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau, e o grupo controle por mulheres sem alteração citológica.
Citologia oncótica, pesquisa de Candida spp e de bactérias aeróbicas por meio de cultura de conteúdo vaginal foram realizadas, antes e seis meses após o tratamento.
Com relação aos cofatores ambientais, avaliamos: tabagismo, uso de contraceptivos hormonais orais (ACO) e multiparidade (3 ou mais gestações).
Resultados
No grupo caso, em 36 mulheres foi confirmado o diagnóstico histológico de lesão intraepitelial escamosa cervical de alto grau. Foram excluídas 3 mulheres, sendo 2 por câncer cervical e 1 por hiperplasia endometrial complexa. Bactérias aeróbicas foram identificadas em 6 casos e Candida spp em 4, havendo persistência de 1 caso em cada situação 6 meses após o tratamento. Em relação aos cofatores, 9 eram tabagistas, 7 estavam em uso de ACO, 8 multíparas e 7 imunossuprimidas. Estas últimas foram excluídas, pois a imunossupressão altera a microbiota vaginal, o que poderia gerar viés de resultado. Não foi identificada persistência de HSIL, apenas lesão intraepitelial escamosa de baixo grau em 3 mulheres na citologia após tratamento. No grupo controle, a cultura para Candida spp foi positiva em 4 mulheres e bactérias aeróbicas foram identificadas em 1 paciente neste grupo. Em relação aos cofatores, 2 mulheres eram tabagistas, 8 estavam em uso de ACO e 15 eram multíparas.
Conclusão
A Candida spp é capaz de desencadear um processo inflamatório importante na microbiota vaginal, o que poderia facilitar o processo de carcinogênese cervical. No entanto, o estudo não evidenciou diferença significativa entre os grupos controle (13,3%) e caso (14,8%) antes do tratamento que confirmasse essa associação. Já em relação às bactérias aeróbicas, elas foram mais observadas no grupo caso (22% x 3,3%), sugerindo uma possível associação com a ocorrência de lesões precursoras do câncer de colo. O tabagismo é um importante cofator para o surgimento dessas lesões, o que não foi observado em relação a multiparidade e uso de ACO.
1807
Obstetrícia
A SUBNOTIFICAÇÃO DE SÍFILIS CONGÊNITA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 Autores: Camila de Melo Cesarino Matias, Sandy de Oliveira Fievet, Larissa Veras Menezes, Louise Dias Lima, Ana Beatriz Rodrigues Barros da Silva, Aline Rezende de Souza Mendes Palavras-chaves:
Sífilis congênita
, COVID-19
, Gestação
Resumo
A SUBNOTIFICAÇÃO DE SÍFILIS CONGÊNITA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Introdução: A sífilis é uma infecção de evolução crônica e sistêmica, sendo considerada um importante indicador de qualidade de atenção materno infantil. Quando não tratada de forma adequada, a doença pode evoluir, comprometendo órgãos internos como o coração, fígado e sistema nervoso central. A transmissão da sífilis se dá nos estágios primário e secundário da doença, e diminui ao longo das formas latente e terciária. Na gestação a sífilis não tratada pode levar a desfechos adversos, tais como: abortamento, natimortalidade, óbito neonatal, prematuridade ou manifestações clínicas e precoces da doença. A notificação dos casos de sífilis congênita é obrigatória conforme portaria do Ministério da Saúde, pois é por meio desta que são obtidos dados epidemiológicos para embasar as decisões a serem tomadas para o manejo dos casos subsequentes. Ainda que existam tratamentos disponíveis desde 1930, esta doença continua sendo uma complicação de saúde pública, especialmente em países em desenvolvimento como no Brasil. De 2010 a 2018 foi registrado um aumento crescente nas taxas de detecção de sífilis gestacional e nas taxas de infecção por sífilis congênita. Porém, durante a pandemia de COVID-19, observou-se uma redução no número de casos notificados de sífilis congênita, especialmente em regiões mais afastadas, cujo isolamento social prejudicou a procura por serviços de saúde. Objetivo: O presente trabalho visa analisar a incidência de sífilis congênita nas 5 regiões brasileiras durante o período da pandemia, e com isto fornecer dados para que a longo prazo os danos causados pelo surto de SARS COV-2 possam ser minimizados. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo transversal, sobre a incidência de sífilis congênita nos períodos de ápice da pandemia de COVID-19. Foram usados como descritores a plataforma SCIELO, PUBMED, e utilizado como base de dados o repositório DATASUS. Resultados: Observa-se que nos períodos de pico da pandemia, de março a novembro de 2020, houve uma redução na notificação de sífilis congênita na Região Norte, indo de 510 para 433 casos; na Região Nordeste, houve um leve aumento para 1037 casos; nas Regiões Sul, a redução foi de 2349 para 2347; na Região Sudeste, foi de 652 para 651; e na Região Centro-Oeste, a variação foi de 456 para 405 novos casos. Conclusão: A partir da análise dos dados obtidos, observa-se uma redução na notificação de casos de sífilis congênita, principalmente, nas Regiões Norte e Centro-Oeste. Esta análise permite refletir a possibilidade de ter ocorrido uma menor detecção desses casos durante a pandemia de COVID-19, pautados em diversos motivos, como a menor busca pelo serviço de saúde, e que acarretará consequências para a saúde da população materno infantil. Infere-se, portanto, que a subnotificação dos casos de sífilis congênita pode implicar na necessidade de uma estratégia de aperfeiçoamento das ações públicas, para o controle e promoção de saúde, visando a qualidade de vida das futuras gerações.
1790
Ginecologia
AUMENTO NA TAXA DE PROCEDIMENTOS DE CRIOPRESERVAÇÃO DE OÓCITOS EM CLÍNICA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Autores: Clara Haim, Luiz Augusto Giordano, Isaac Moise Yadid, Thelma Santos Criscuolo Palavras-chaves:
Infertilidade
, Oócitos
, Criopreservação
, Maternidade
Resumo
AUMENTO NA TAXA DE PROCEDIMENTOS DE CRIOPRESERVAÇÃO DE OÓCITOS EM CLÍNICA DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
Por muito tempo a mulher foi limitada às tarefas domésticas e à maternidade. Porém, com
a maior atuação do movimento feminista nas décadas de 30-60, a mulher passou a buscar
cada vez mais a independência financeira, o sucesso acadêmico e profissional,
contribuindo para o adiamento da maternidade, aliado ao advento da pílula
anticoncepcional. Assim, o assunto maternidade é abordado em torno dos 30-35 anos,
idade em que a fertilidade já pode estar prejudicada. O fator idade possui grande
contribuição para a infertilidade feminina. Fisiologicamente, as mulheres possuem um
número finito de oócitos e, ao longo dos anos, ocorre a diminuição da reserva ovariana,
influenciando no sucesso da gravidez. Com isso, as técnicas de reprodução assistida estão
crescendo cada vez mais, com o objetivo de preservar a fertilidade e tornar uma gravidez
possível. A criopreservação de oócitos interrompe o desenvolvimento das células por
tempo indeterminado e, posteriormente, essas amostras podem ser utilizadas para
viabilizar uma gravidez através das técnicas de reprodução assistida. Hipotetizamos que
a pandemia do SARS-CoV-2, a nova resolução nº 2.294/21 do CFM aliado à
popularização da reprodução humana assistida nas mídias sociais estejam promovendo
uma maior procura e realização dos procedimentos de criopreservação oocitária. O
objetivo do trabalho é avaliar quantitativamente os casos de criopreservação de oócitos
em um centro de Reprodução Assistida do Rio de Janeiro entre os anos 2016 e 2021. O
estudo foi realizado utilizando o banco de dados e revisão de prontuários. Os números de
casos com e sem o procedimento de criopreservação de oócitos entre os anos 2016 a 2021
foram incluídos na análise. Foram gerados gráficos comparando o tempo com o número
de observações para testar se houve ou não um aumento nos anos de análise. Em 2016,
ocorreram 500 ciclos de punção ovariana, sendo 60 de criopreservação de oócitos. Em
2017, realizou-se 645 procedimentos, sendo 105 deles de criopreservação de oócitos. Em
2018, ocorreram 109 casos de criopreservação de oócitos em um total de 664 casos. Em
2019, totalizaram 944 casos, sendo 169 deles de criopreservação de oócitos. Já em 2020,
realizou-se 239 procedimentos de congelamento de oócitos em um total de 1007
procedimentos. Por fim, em 2021 foram concluídos 1230 casos, sendo 355 deles de
criopreservação de oócitos. A porcentagem de casos de criopreservação de oócitos em
cada ano permaneceu praticamente constante durante 2016 (12,0%), 2017 (16,2%), 2018
(16,4%) e 2019 (17,9%), porém, observou-se um aumento em 2020 (23,7%) e 2021
(29,1%). A partir da análise de dados, observamos que houve um aumento progressivo
dos casos totais e de criopreservação de oócitos nos cinco anos analisados. Logo, foi
observado um aumento progressivo no número de ciclos totais, representando 20% ao
ano, e nos casos de criopreservação de oócitos, representando 40% ao ano, nos últimos
cinco anos.
1787
Ginecologia
AVALIAÇÃO DA SEXUALIDADE NO TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA NOS ADOLESCENTES Autores: Rebeca Fernandes de Azevedo Dantas, Mariana Eiras Cardoso Conforto, Maria Eduarda Barillari Cano, Patrícia de Oliveira Arruda, Thais Regina Santos, Maria Eduarda Baracuhy Cruz Chaves Palavras-chaves:
autismo
, sexualidade
, adolescente
Resumo
AVALIAÇÃO DA SEXUALIDADE NO TRANSTORNO DE ESPECTRO AUTISTA NOS ADOLESCENTES
Introdução: O Transtorno de Espectro Autismo (TEA) compromete três áreas de desenvolvimento, resultando em dificuldade de comunicação, socialização, padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Estima-se que a prevalência do TEA na população geral pode ser superior a 1%, acometendo mais sexo masculino, do que feminino. Nesse contexto, mudanças recentes na cultura sexual e atitudes em relação à sexualidade quando comparado ao sexo biológico de indivíduos com autismo, começaram a desafiar equívocos originais da sexualidade e desencadear novas pesquisas de interesse no comportamento sexual deste grupo. Objetivo: Avaliar as diferenças entre os sexos biológicos, no comportamento sexual autista na adolescência. Material e Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura utilizando artigos publicados originalmente em inglês, português e espanhol do período de 2015 a 2022, usando as bases de dados: PubMed, MedLine, Scielo e LILACS. Resultados e Conclusão: De início, foram encontrados 235 estudos, mas com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, apenas sete artigos fizeram parte do escopo e análise final. Quanto ao interesse sexual por sexo biologicamente atribuído entre os indivíduos com autismo, constatou-se maior frequência interesse sexual entre homens autistas (85%) do que mulheres autistas (72%), visto que as mulheres conseguem camuflar mais seu desejo e comportamento diante das imposições sociais. No entanto, a existência de uma experiência sexual foi relatada mais por mulheres (40%) do que homens (22%), principalmente devido à diversidade da orientação sexual. Ainda, vale ressaltar que a porcentagem de meninas autistas foi maior do que em meninos autistas em relação ao namoro tanto passado quanto presente. No que tange às experiências sexuais negativas, observa-se que as proporções em meninas (entre 25 e 52%) é mais relevante do que em meninos (entre 7 e 15%), principalmente quando há uma diversidade na orientação sexual, somado a diversos fatores, tais como: insegurança, menor autoestima, subestimação das experiências sexuais pelos pais, além do próprio desconhecimento sobre tal. Uma das dimensões da experiência sexual negativa, o arrependimento depois de uma experiência sexual, é mais frequente em mulheres (52%-65%) do que em homens (32%-38%), sendo que 60% das mulheres autistas relataram consentimento a um evento sexual indesejado. Ademais, indivíduos autistas no geral mostraram grande preocupação a respeito da interpretação da sua vida sexual pela sociedade. Nesse contexto, é visto que a sexualidade nas mulheres autistas, em sua maioria, têm impactos negativos, quando comparados aos homens autistas. Além disso, é necessário envolver os pais e os profissionais da saúde e da educação a fim de reconhecer e empregar que a educação sexual é fundamental para conhecimento do próprio corpo, compreender limites, aumentar a segurança pessoal e nos relacionamentos futuros.
1766
Ginecologia
AVALIAÇÃO DA SÍFILIS ADQUIRIDA EM MULHERES POR FAIXA ETÁRIA NA REGIÃO SUL DO BRASIL ENTRE 2012 E 2022 Autores: ISADORA SANDI, GISELI COSTELLA, JÚLIA COSTA GUASSELLI, ANA CARLA PAGNO PAIM, PAULO ROBERTO CARDOSO CONSONI Palavras-chaves:
Doenças Sexualmente Transmissíveis
, Sífilis
, Mulheres
Resumo
AVALIAÇÃO DA SÍFILIS ADQUIRIDA EM MULHERES POR FAIXA ETÁRIA NA REGIÃO SUL DO BRASIL ENTRE 2012 E 2022
INTRODUÇÃO: A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), causada pela bactéria Treponema pallidum transmitida por via sexual, transfusão sanguínea e de forma vertical da mãe ao feto. A doença manifesta-se primariamente através de uma úlcera indolor, podendo evoluir para forma sistêmica anos após a infecção. Embora seja uma IST curável, muitas vezes, o diagnóstico é tardio, principalmente em mulheres infectadas com a sífilis primária, devido a lesão não ocasionar sintomas. Dessa forma, a sífilis torna-se um problema de saúde pública, uma vez que continua sendo disseminada por toda a população; contudo, além de fatores fisiológicos, as barreiras culturais favorecem a vulnerabilidade da mulher juntamente com a não popularização da camisinha feminina, fazendo com que elas se encontrem em situação constrangedora de negociar com o parceiro o uso do preservativo. OBJETIVO: Avaliar a prevalência de sífilis entre a população feminina por faixa etária na região Sul do Brasil nos últimos 10 anos. MATERIAL E MÉTODOS: Estudo epidemiológico descritivo baseado em dados extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) sobre sífilis na população feminina da região Sul do Brasil entre janeiro de 2012 e janeiro de 2022. RESULTADOS: No período analisado, foram registrados 533 casos de sífilis entre a população feminina na Região Sul do Brasil. Sendo 9 em meninas na faixa etária de 10 a 14 anos, 51 de 15 a 19 anos, 127 na faixa entre 20 a 29 anos, 99 em mulheres de 30 a 39 anos, 76 registros de 40 a 49 anos, 81 casos entre 50 a 59 anos, 66 notificações de 60 a 69 anos, 34 de 70 a 79 anos e 10 entre as mulheres de 80 anos ou mais. Embora haja registros de casos de sífilis em mulheres de todas as faixas etárias, percebe-se sua maior incidência entre 20 a 29 anos e, 50 a 59 anos, correspondendo a 23,8% e 15,19% do número total de casos, respectivamente. CONCLUSÃO: O número de casos elevados nesses dois grupos etários se deve ao comportamento sexual de risco. Entre a população mais jovem, isso ocorre devido às múltiplas parcerias sexuais e a não adesão ao preservativo. Além disso, a elevada incidência de casos nas mulheres de 50 a 59 anos, deve-se principalmente ao número de divórcios nessa faixa etária, ao uso de medicamentos para impotência sexual, os quais aumentam libido e, consequentemente, levam a maior busca por parceiros sexuais e, muitas vezes, sem uso de camisinha. Apesar das medidas de prevenção e das opções de tratamento serem acessíveis e eficazes, nota-se um aumento considerável da doença em todas as faixas etárias, principalmente nas mulheres em período de mudanças hormonais. Muitos desses índices elevados neste período da vida devem-se a questões sociais e culturais. Dessa forma, a fim de diminuir os casos de sífilis, ainda é preciso promover o acesso à informação sobre relação sexual segura com o uso de preservativos.
1728
Obstetrícia
Avaliação de complicações da aspiração intrauterina a vácuo sob técnica modificada de baixo custo em pacientes pós abortamento Autores: Hohanna Sabadin, Igor Chiminacio, Carolina Obrzut Palavras-chaves:
Abortamento
, Aspiração intrauterina
, Curetagem a vácuo
Resumo
Avaliação de complicações da aspiração intrauterina a vácuo sob técnica modificada de baixo custo em pacientes pós abortamento
Introdução O abortamento é a mais comum intercorrência obstétrica. Até 20% das gestações evoluem para aborto antes de 20 semanas. O esvaziamento uterino está indicado no abortamento incompleto, inevitável, retido ou infectado, gestação anembrionada, mola hidatiforme e interrupção legal da gestação. Para esvaziamento uterino, existem as técnicas convencionais de curetagem uterina e aspiração manual intra-uterina (AMIU). Utilizamos técnica modificada de esvaziamento uterino por aspiração de baixo custo, realizada por sonda nasogástrica.
Objetivo Analisar a ocorrência de complicações de pacientes submetidas a aspiração uterina pós abortamento através de técnica inovadora e de baixo custo em hospital do interior do Paraná.
Materiais e métodos Trinta pacientes foram submetidas a aspiração uterina pós abortamento de até 14 semanas através de tubo de PVC nº 20 (sonda nasogástrica curta) associada a vácuo clínico. As pacientes são submetidas ao procedimento após dilatação do colo do útero com velas de Hegar ou misoprostol. Sob sedação, com uso de sonda nasogástrica nº 20 com orifício ampliado na lateral da sonda e conectada a vácuo clinico para aspiração de restos ovulares via colo uterino. As variáveis analisadas foram: ocorrência de complicações. As pacientes foram avaliadas clinicamente no pós operatório imediato, em 14 e 28 dias após o procedimento.
Resultados e Conclusão Todas as pacientes tiveram êxito no esvaziamento uterino completo, nenhuma complicação do método aplicado foi observada no grupo estudado. Não houve registro de complicações transoperatórias (laceração cervical, perfuração uterina e hemorragia) ou pós-operatórias (ao final do 28º dia pós-operatório, nenhum episódio de febre, dor abdominal ou hemorragia foi verificado). A aspiração intrauterina com sonda nasogástrica pelo método de baixo custo é eficaz e segura, apresentando custo reduzido comparativamente ao método estabelecido (AMIU por seringa de vácuo), podendo melhorar a disponibilidade deste método em todos os serviços de saúde no Brasil.
1851
Ginecologia
BIOÉTICA E SAÚDE DA MULHER: UM LEVANTAMENTO SOBRE OS TEMAS MAIS PUBLICADOS NO BRASIL Autores: Rocio Fernandez Santos Viniegra, Hellen Caroline da Silva Moura, Pamella Dalabeneta Fernandes Santos, Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento Palavras-chaves:
Saúde da Mulher
, Bioética
, Problemas Éticos
, Conflitos Éticos
Resumo
BIOÉTICA E SAÚDE DA MULHER: UM LEVANTAMENTO SOBRE OS TEMAS MAIS PUBLICADOS NO BRASIL
Introdução: A saúde da mulher abrange áreas que envolvem conflitos éticos importantes para a saúde pública, por impactar a saúde biológica, social e psicológica, porém, muitos desses problemas sofrem pela invisibilidade, falta de capacitação profissional e insensibilidade social. Desta forma, é importante o fomento à identificação e reflexões sobre os conflitos éticos relacionados à saúde da mulher tanto na área assistencial quanto no ensino, no intuito de criar bases para as tomadas de decisões pautadas em consensos prudentes entre os sujeitos envolvidos.
Objetivo: Analisar as publicações brasileiras que abordam conflitos/ problemas éticos na saúde da mulher, no intuito de identificar os temas mais trabalhados, os tipos de estudos desenvolvidos e a área profissional que teve interesse em publicar.
Materiais e métodos: Foi realizada uma revisão integrativa de trabalhos brasileiros publicados nas bases de dados Lilacs, SciELO, PubMed/Medline, nos últimos 10 anos (2012 até 2022), em Português, Inglês e Espanhol, com os descritores: "Saúde da Mulher", "Bioética", "Problemas Éticos" e "Conflitos Éticos".
Resultados e Conclusão: Identificou-se um total de 196 artigos, dos quais foram selecionados 24 para serem analisados, após leitura de título e resumo. As abordagens metodológicas encontradas foram o estudos qualitativos (n=11; 45,8%), reflexões (n=4; 16,6%), quantitativos (n=2; 8,3%), qualiquantitativos (n=2; 8,3%), revisões integrativas (n=2; 8,3%), revisões bibliográficas (n=2; 8,3%) e revisão narrativa (n=1; 4,1%). Os profissionais que mais publicaram foram os médicos (n=9; 37,5%) e os enfermeiros (n=8; 33,3%), com a presença também de bioeticistas, psicólogos e equipe multidisciplinar. Os temas mais encontrados nos trabalhos foram: violência sexual e de gênero (n=8; 33,3%), aborto (n=4; 16,6%), gravidez na adolescência (n=2; 8,3%), temas relacionados à amamentação (n=2; 8,3%), população LGBTQIA+ (n=2; 8,3%), reprodução assistida, planejamento familiar, parto (episiotomia, religião, HIV) e aspectos culturais (genitoplastia). A saúde da mulher apresenta diversos conflitos em sua prática assistencial que precisam de atenção, destacando temas como violência, aborto, adolescência, população LGBTQIA+, amamentação, entre outros. Percebe-se esforços crescentes nas pesquisas voltadas para a bioética, inclusive por profissionais das áreas humanas, que extrapolam a visão biomédica e confrontam iniquidades históricas. Destaca-se a necessidade de ampliar o estudo e o ensino sobre temas conflituosos, estimular o conhecimento de leis e normas relacionadas a tais questões, criar projetos de extensão universitária envolvendo academia e sociedade civil, além de cobrar a execução de políticas públicas direcionadas à promoção e proteção da saúde da comunidade e de cada indivíduo, que no caso das mulheres diariamente sofrem com sexismos, abusos e descasos.
1771
Ginecologia
Câncer de mama sincrônico com câncer ovário, abordagem diagnóstica e terapêutica: um relato de caso Autores: Yasminn Brasil Skaf, Karina Garske da Silveira, Lucília Silva de Oliveira Carvalho, Eduardo Uzelac Kano, Aguinaldo Ferreira Leite Filho Palavras-chaves:
neoplasia de mama
, neoplasia de ovário
, terapia neoajduvante
Resumo
Câncer de mama sincrônico com câncer ovário, abordagem diagnóstica e terapêutica: um relato de caso
Introdução: O câncer (CA) de ovário é a sétima neoplasia mais comum em mulheres e a décima causa de óbito por câncer, e sua principal característica é o diagnostico em casos avançados. Em relação ao câncer de mama no Brasil, estimam-se 66.280 novos casos para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais prevalente em todas as regiões brasileiras.
Descrição do caso: MFSB, 59 anos, feminina, hipertensa crônica, diabética, ex-tabagista, foi atendida em março de 2020, devido ao diagnóstico de carcinoma invasivo de mama do tipo não especial, grau histológico 1, luminal A em core biópsia de mama esquerda (ME). Apresentava mamografia de 23/05/2019: ME com nódulo espiculado de 11-20mm. Ao exame apresentava em ME, nódulo em quadrante inferior lateral (QIL) de 2cm, com retração de pele e linfonodo axilar ipsilateral de 2 cm, endurecido, estadiamento T4BN1. Foram realizadas tomografias de tórax, abdome e pelve sem sinais de implantes secundários, porém com formação cística septada e vegetação em anexo direito medindo 7,8x5,1cm e no exame físico apresentava tumoração pélvica de 14 cm, pouco móvel, dolorosa à mobilização e nodulação móvel de cerca de 2cm em terço médio da parede vaginal lateral direita. Optou-se por iniciar Anastrozol. Realizou-se ultrassonografia transvaginal que evidenciou cisto multiloculado sólido de ovário direito, International Ovarian Tumor Analysis: 23,8%. Tratamento seguiu com histerectomia total abdominal com anexectomia bilateral em 20/08/2020, cujo laudo histopatológico (LHP) foi carcinoma seroso de baixo grau de ovário direito, estadiamento T2aNx. Evoluiu com resposta clínica completa a terapia neoadjuvante no que tange a neoplasia de mama. Apresentou ressonância magnética de abdome e pelve com nódulo em segmento cardiofrenico direito. Realizou–se em 01/04/2021 omentectomia, lavado peritoneal, biópsia peritoneais, segmentectomia de ME e biópsia de linfonodo sentinela. Na congelação foram obtidos 4 linfonodos livres de neoplasia, com LHP final: omento e 1 linfonodo axilar comprometidos por neoplasia. Foi submetida a quimioterapia com Carbotaxol por 6 ciclos e Anastrozol adjuvante. No momento paciente aguardando radioterapia de mama e axila, segue sem sinais de progressão da doença.
Discussão: Diagnosticar e tratar tumores sincrônicos, exige cuidado multidisciplinar, conhecimento técnico e concordância entre as equipes de ginecologia, mastologia e oncologia. Pretendendo aumentar a taxa de sucesso e otimizar o tratamento, torna-se necessário a discussão do manejo desses casos tendo em vista o comportamento específico de cada neoplasia. Portanto, neoplasias sincrônicas de mama e de ovário são patologias de difícil estimativa e necessitam ser melhor investigadas para estabelecermos a melhor conduta terapêutica visando a melhor assistência dessas pacientes.
1861
Obstetrícia
Cardiomiopatia periparto em paciente jovem sem comorbidades associadas - Relato de caso Autores: Bruna Brandão de Oliveira, Lara de Siqueira Rodrigues, Ilana Rangel Messias, Thais Oliveira Cobucci, Leandro Teixeira Abreu Palavras-chaves:
Cardiomiopatia
, Insuficiência cardíaca
, Gestação
Resumo
Cardiomiopatia periparto em paciente jovem sem comorbidades associadas - Relato de caso
Introdução: A cardiomiopatia periparto é uma forma de insuficiência cardíaca sistólica não-isquêmica, que pode afetar mulheres jovens do final da gestação aos primeiros meses pós- parto. Os sinais e sintomas podem ser confundidos com os do final de gestação, o que pode retardar o diagnóstico, levando a um pior prognóstico. Essa condição afeta mais as mulheres afro-americanas. Os fatores de risco incluem: gestação múltipla, idade materna acima de 30 anos e doença hipertensiva materna. Sua etiologia não é bem esclarecida, porém sugere-se que seja multifatorial. Relato do caso: S.V.B.S., 18 anos, hígida, puérpera de parto vaginal há 1 mês, com relato de edema de membros inferiores que evoluiu com dispneia e pico febril, com início 1 semana após o parto. Ao exame físico paciente afebril, murmúrio vesicular diminuído em bases, hepatomegalia com borda a cerca de 6 centímetros abaixo do arco costal e edema indolor 3+/4+ até os joelhos. Internada em unidade de tratamento intensivo (UTI), onde realizou tomografia computadorizada de tórax (TC), abdome, pelve, radiografia (RX) de tórax e hemocultura. A TC evidenciou aumento da área cardíaca, infiltrado intersticial predominantemente em pulmão direito, derrame pleural de pequena monta em base direita e intercisural à esquerda, hepatomegalia e ascite. RX de tórax com padrão congestivo. Pela história de sintoma respiratório foi iniciado Oseltamivir, Ceftriaxone, solicitado swab nasofaríngeo para SARS-CoV-2 e colocada em leito de isolamento respiratório. O ecocardiograma evidenciou aumento das cavidades esquerdas, função sistólica do ventrículo esquerdo importantemente diminuída e disfunção diastólica tipo III. Veia cava inferior distendida, com pouca variação durante a inspiração, sugestivo de cardiomiopatia periparto. Foi iniciado Carvedilol, Enalapril e Furosemida. Exames laboratoriais com elevação transaminases e marcadores inflamatórios. Swab para SARS-CoV-2 e painel viral negativos. Recebeu alta da UTI, retornando após 2 dias devido à instabilidade hemodinâmica associada a eletrocardiograma com onda T invertida difusa, infra em v4 e v5. Após otimização de diureticoterapia, apresentou melhora clínica recebendo alta para enfermaria, onde completou 10 dias de antibioticoterapia, evoluindo com melhora clínica e laboratorial, recebendo alta hospitalar para acompanhamento ambulatorial. Discussão: A cardiomiopatia periparto é um diagnóstico de exclusão, o que retarda o início do tratamento, aumentando a morbidade. A pré-eclâmpsia grave pode levar à insuficiência cardíaca com disfunção diastólica, porém na cardiomiopatia periparto, há disfunção sistólica. Esta condição está relacionada a altas taxas de recuperação, que costuma ocorrer em até 6 meses. O tratamento se baseia no uso de medicações para insuficiência cardíaca, com objetivo de reestabelecer a função sistólica e anticoagulantes para evitar eventos tromboembólicos, e muitas vezes devem ser mantidos por tempo indeterminado.
1731
Obstetrícia
CASAMENTO PRECOCE E RECORRÊNCIA DE GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL ENTRE 2012 E 2019 Autores: DENISE LEITE MAIA MONTEIRO, MATEUS BENAC CAVALCANTE, FÁTIMA REGINA DIAS DE MIRANDA, ISABEL MARIA SANTOS LACERDA, DANIELA FORTUNATO AUAR, IZADORA GONÇALVES RODRIGUES Palavras-chaves:
Reincidência
, Gravidez na Adolescência
, Idade Materna.
Resumo
CASAMENTO PRECOCE E RECORRÊNCIA DE GESTAÇÃO NA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL ENTRE 2012 E 2019
Introdução: A gravidez na adolescência é um fator preocupante pelo impacto biopsicossocial na vida das jovens, podendo causar sobrecarga emocional, psicológica e financeira. Nos últimos anos sua frequência vem diminuindo no Brasil. O principal desafio atual é a alta reincidência da gravidez na adolescência, que se caracteriza como uma nova gestação nesta mesma faixa etária, podendo potencializar os efeitos negativos deste período tão sensível na vida das mulheres. O casamento precoce com a formação de estrutura familiar é importante fator de risco associado à reincidência de gestação. Objetivo: Descrever a taxa de reincidência da gravidez na adolescência no Brasil, de 2012 a 2019, em relação à idade materna de 10-14 e 15-19 anos e ao estado civil. Método: Estudo epidemiológico, descritivo, com desenho transversal, realizado por busca no banco de dados no Sistema Único de Saúde (DATASUS), utilizando informações do Sistema de informação sobre nascidos vivos (SINASC). O estudo incluiu todas as gestantes entre 10 e 19 anos que tiveram nascidos vivos (NV) nos anos de 2012 a 2019 (n= 3.695.838). As gestantes que reengravidaram foram separadas em: grupo 1: de 10 a 14 anos (n=10.501) e grupo 2: de 15 a 19 anos (n=982.527). Análise pelo programa Epi-Info 3.5.4. Resultados: A reincidência global manteve-se estável ao longo dos anos, entre 29,3 e 32%. No grupo 1 (10-14 anos) era de 7,4% em 2012, apresentou queda de 33,8% entre 2012 e 2014 (quando passou para 4,9%) e a partir de então, a taxa se manteve entre 4,3-4,9% nos anos seguintes. No grupo 2 (15-19 anos) era de 24,6% em 2012, alcançou 25% em 2015, 25,9% em 2017 e apresenta a mesma taxa em 2019. Ser casada aumenta em 96% a chance de reincidir a gravidez no grupo 1 (p< 0,001; OR=1,96 IC95% 1,85-2,09) e em 40% no grupo 2 (p< 0,001; OR=1,40 IC95% 1,39-1,41). Conclusão: A recorrência da gravidez na adolescência no Brasil se mantém muito elevada ao longo dos anos e não demonstra queda expressiva no período de oito anos de estudo. O casamento precoce mostrou associação com a reincidência de gestação na adolescência, o que pode dever-se ao relaxamento da contracepção pela mãe adolescente em função da existência de uma estrutura familiar.
1788
Ginecologia
Cisto ovariano torcido. Rara causa de abdome agudo em menina pré púbere. Autores: Filomena Aste Silveira, João Alfredo Seixas, Gabriel Ribeiro Messias Paraíso, Júlia Garcia do Espírito Santo, Érica de Almeida Barboza Palavras-chaves:
Cistos Ovarianos
, Torção Ovariana
, Criança
Resumo
Cisto ovariano torcido. Rara causa de abdome agudo em menina pré púbere.
INTRODUÇÃO: Raríssimas vezes tem sido descrito cisto de ovário em pacientes pré púberes. A sua presença é incomum e ocorre decorrente a cistos foliculares pré puberais causados por pulsos hormonais intermitentes de gonadotrofinas. Nessa fase pré puberal, geralmente são menores que 1 cm de diâmetro e regridem espontaneamente. Porém as vezes podem ter diâmetro maior que 2 cm. O tamanho do cisto e os sinais clínicos são levados em consideração. Cistos menores de 5 cm de diâmetro, assintomáticos, justificam conduta conservadora. No entanto, quando presente irritação abdominal devemos investigar, inicialmente com solicitação exame de imagem. RELATO DE CASO: paciente com 9 anos, trazida pela mãe, adentrou pronto socorro infantil com dor abdominal irradiando para anexo direito. Concomitante, vômitos e recusa alimentar por 3 dias. Encontrava-se em posição antálgica com dor a palpação superficial e profunda. Tomografia e USG apresentando apêndice normal, ovário direito aumentado, sugerindo cisto ovariano com 4 cm no maior diâmetro, sugestivo de torção. O hemograma apresnta leucocitose importante. Na cirurgia observou-se torção ovariana com sinais de necrose, sangue livre na cavidade. Realizou-se ooforectomia direita. Histopatológico revelou necrose isquêmica. Evolução satisfatória. DISCUSSÃO: Tratamentos conservadores de cistos ovarianos merecem seguimento ecográfico e dosagem de marcadores tumorais para excluir malignidade. Ao se optar pelo procedimento cirúrgico, deve-se tentar sempre, a cirurgia conservadora. A aspiração do cisto apresenta alta incidência de recorrência. A procura por atendimento médico ocorre na maioria das vezes pela dor abdominal difusa e sinais de irritação peritoneal. O tratamento cirúrgico é indicado nas urgências ginecológicas e em caso de malignidade. A principal causa de abdome agudo nesta idade, não é ginecológica. As hipóteses diagnósticas mais comuns são: apendicite e obstrução por áscaris. Neste caso observou-se cisto ovariano torcido e necrosado, sem possibilidade de ooforoplastia. Concluímos que, apesar de não ser comum, quando presente abdome agudo em uma menina, a hipótese de cisto ovariano deverá ser considerada.
1768
Ginecologia
CITOLOGIA DE MAMAS E ÓBITOS POR NEOPLASIAS DE MAMAS NO BRASIL: ANÁLISE DE 2016 A 2020 Autores: GISELI COSTELLA, ISADORA SANDI, ANA CARLA PAGNO PAIM, PAULO ROBERTO CARDOSO CONSONI Palavras-chaves:
Neoplasia da Mama
, Citologia
, Registros de Óbito
Resumo
CITOLOGIA DE MAMAS E ÓBITOS POR NEOPLASIAS DE MAMAS NO BRASIL: ANÁLISE DE 2016 A 2020
INTRODUÇÃO: A detecção precoce do Câncer de Mama é imprescindível para seu controle devido às altas taxas de morbimortalidade e diagnóstico tardio no Brasil. O diagnóstico precoce e rastreamento são realizados por mamografia, exame clínico e o autoexame das mamas. No entanto, mesmo com ações de rastreamento nas Unidades Básicas de Saúde, ainda observam-se altos índices de mortalidade pela doença. OBJETIVO: Avaliar o número de citologia de mamas realizadas no Brasil e óbitos por neoplasias de mamas de 2016 a 2020 no Brasil. METODOLOGIA: Estudo epidemiológico descritivo sobre dados de Citologia de Mamas e Neoplasias de Mama no Brasil entre janeiro de 2016 a dezembro de 2020 extraído do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). RESULTADOS: De 2016 a 2020 foram realizadas 62 225 citologias de mamas, no Brasil. Sendo 11.878 em 2016, 12.992 em 2017, 12.350 em 2018, 15.064 em 2019 e 9.941 em 2020. Ademais, no período analisado, houveram 28.309 óbitos em decorrência de neoplasia maligna da mama e neoplasia benigna da mama. Sendo 5.331 em 2016, 5.485 em 2017, 5.733 em 2018, 6.035 em 2019 e 5.725 em 2020. CONCLUSÃO: Embora tenham se observado pequenos aumentos no número de Citologias de mamas realizadas de 2016 a 2019, com 19% do total de procedimentos em 2016, e aumentos respectivos de 1%, 1,8%, 1,8% nos demais anos, houve queda de 3% em 2020. Isso denota que apesar dos avanços anuais de monitoramento das ações relacionadas à detecção precoce, à confirmação diagnóstica e ao início do tratamento de neoplasias no Brasil no início da pandemia em 2020 pode ter sido um empecilho para que a tendência de aumento se mantivesse e consequentemente responsável indireto por 20% dos óbitos por neoplasias de mama.
1804
Obstetrícia
COLESTASE INTRA-HEPÁTICA DA GRAVIDEZ: RELATO DE CASO Autores: Gustavo Siqueira de Castro, Isadora Meirelles Borges, Leticia Pinheiro de Medeiros, Tatiana Maia Pognataro Palavras-chaves:
Colestase intrahepatica gravidica
, Prurido
, Acido biliar
Resumo
COLESTASE INTRA-HEPÁTICA DA GRAVIDEZ: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: A colestase intra-hepática da gravidez (CIHG) é reversível e seu principal sintoma é o prurido leve ou intenso, acompanhado pelo aumento da concentração de ácidos biliares séricos e/ou enzimas hepáticas. Para o diagnóstico é necessário excluir outras doenças hepatobiliares ou sistêmicas que cursam com as mesmas alterações, no entanto alguns autores consideram a elevação dos níveis dos ácidos biliares o padrão-ouro para o diagnóstico. Está associada à vários desfechos adversos gestacionais, que são diretamente proporcionais a elevação dos ácidos biliares, podendo levar à morte súbita fetal mesmo após monitoramento fetal normal.
RELATO DO CASO: Paciente sexo feminino, 24 anos, 130kg, parda, do lar, obesidade grau III, hipertensão crônica sem tratamento prévio, internada com 26 semanas e 5 dias de idade gestacional (IG), assintomática, em uso de metildopa 1,5g/dia e ácido acetilsalicílico 100mg/dia há 19 semanas, para investigação do aumento de enzimas hepáticas (TGO 85U/L e TGP 114U/L), evidenciado com IG de 24 semanas e 6 dias. De início foi realizada ultrassonografia de abdome superior e exames laboratoriais com função hepática e sorologias para hepatites, sem alterações. Foi feita a troca da metildopa para nifedipino 60mg/dia devido a possibilidade de hepatite medicamentosa, porém as transaminases continuaram em ascensão. Com IG de 28 semanas e 1 dia, TGO de 683U/L e TGP de 1130U/L, aventou-se hipótese diagnóstica de CIHG, mesmo paciente assintomática. Caso discutido com equipe de hepatologia e iniciado o tratamento com Ácido Ursodeoxicólico 900mg/dia com IG de 28 semanas e 1 dia. Diagnóstico realizado com dosagem de ácidos biliares de 16mmol/L com IG de 29 semanas. Paciente submetida a parto cesáreo com 32 semanas devido confirmação diagnóstica de CIHG e manutenção dos níveis de transaminases 10 vezes o valor de referência mesmo com tratamento. Após o parto, realizada a troca da dosagem do Ácido Ursodeoxicólico para 450mg/dia, e observou-se queda mantida dos níveis de transaminases. Por fim, retorno aos valores de referência 16 dias pós-parto, e assim finalizado o uso da medicação.
DISCUSSÃO: Segundo a literatura atual, a CIHG inicia o quadro com prurido, principalmente noturno que acomete palma das mãos e planta dos pés, piora progressivamente, evoluindo com icterícia e normalmente ocorre no terceiro trimestre; Poucos casos são relatados na literatura em que há alteração laboratorial clássica, com ausência de sintomas; He et al, cita um aumento consideravelmente maior de desfecho adverso em casos de elevação de ácidos biliares em pacientes assintomáticas, cerca de 28%, em relação a pacientes hígidas, mas quando sintomática, a CIHG atingiu aproximadamente 52% de chance de desfecho adverso fetal. O grande desafio está no diagnóstico, manejo e definição do momento ideal para interrupção, pois assim como a dosagem de ácidos biliares, a sintomatologia é um importante fator prognóstico e definidor de conduta (Wood, 2018).
1739
Obstetrícia
COMPARAÇÃO DA INCIDÊNCIA DA ASPIRAÇÃO MANUAL INTRA-UTERINA E DA CURETAGEM NAS REGIÕES BRASILEIRAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS 2012 E 2020 Autores: Malú Oliveira de Araujo Medeiros, Bruna Reis Araujo Rocha Palavras-chaves:
Curetagem
, Estudos de incidência
, Curetagem a vácuo
Resumo
COMPARAÇÃO DA INCIDÊNCIA DA ASPIRAÇÃO MANUAL INTRA-UTERINA E DA CURETAGEM NAS REGIÕES BRASILEIRAS: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS 2012 E 2020
INTRODUÇÃO
O abortamento é a interrupção da gravidez até a vigésima semana gestacional, desde que o feto tenha até 500mg. As complicações do abortamento são um grave problema de saúde pública, configurando a quarta maior causa de mortalidade materna no Brasil. Logo, é extremamente necessário realizar o tratamento adequado, por meio da Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) ou da curetagem uterina. Tendo em vista que , dentre esses procedimentos, a AMIU tem maior eficácia, menor taxa de internações e complicações se comparado com a curetagem, estudos transversais são importantíssimos para compreender a prevalência desses procedimentos no Brasil, a fim de garantir uma melhor qualidade no manejo do abortamento.
OBJETIVO
Comparar a incidência dos procedimentos aspiração manual intra-uterina e curetagem nas regiões do Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um Estudo transversal de séries temporais que utilizou dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS acessados através do portal de informações do Departamento de Informática do SUS . O desfecho principal do estudo foi a comparação da AMIU versus curetagem no Brasil. Dados de todas as regiões brasileiras - do período entre janeiro de 2012 e janeiro de 2022 - foram comparados segundo as variáveis ‘ano de atendimento’ e ‘região’ e foram tabulados e organizados em tabelas e gráficos utilizando o Microsoft Excel®.
RESULTADOS
Foi registrado um total de 117619 procedimentos do tipo AMIU, no Brasil, sendo destas 35916 (30,53%) na região Sudeste; 29377 (24,97%) na região Nordeste; 20059 (17,05%) na região Centro-oeste; 18570 (15,78%) na região Norte e 13697 (11,64%) na região Sul. A análise, da região Sudeste, que foi a que mais apresentou esse procedimento, segundo a faixa temporal analisada, revelou maior concentração nos anos 2021 (5002; 13,92%) e 2019 (4652;12,95%), seguindo a tendência brasileira. Já, a curetagem pós-abortamento, foi registrado um total de 1763721, destes, 631470 (35,80%) na região Sudeste; 601348 (34,09%) na região Nordeste; 217045 (12,30%) na região Sul; 204549 (11,59%) na região Norte e 109309 (6,19%) na região Centro - Oeste. A análise, da região Sudeste, que foi a que mais apresentou esse procedimento, segundo a faixa temporal analisada, revelou maior concentração nos anos 2012 (70642; 11,18%) e 2013 (69567; 11,01%), seguindo a tendência brasileira.
CONCLUSÃO
A partir da análise desse estudo, a curetagem é o principal método de escolha para o esvaziamento intrauterino, no Brasil, com maior concentração na região Sudeste; contrariando as evidências científicas que demonstram a superioridade da AMIU, em diversos aspectos . Apesar disso, essa região também concentra o maior número de procedimentos do tipo AMIU e vem apresentando uma redução em números absolutos de curetagens uterinas, ao longo dos últimos 10 anos. Sugere-se, portanto, novas pesquisas nessa temática, a fim de analisar as prováveis causas de um índice tão elevado de um procedimento em detrimento do outro.
1740
Ginecologia
COMPARAÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS TRANSTORNOS MENSTRUAIS NA ADOLESCÊNCIA DA REGIÃO SUDESTE VERSUS BRASIL: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS DE 2011 E 2022 Autores: Malú Oliveira de Araujo Medeiros, Juliana Fernandes Dutra, Samara Maria Silva Santos, Giuliana Potthoff Passos, Tanise Oliveira Matos dos Santos Palavras-chaves:
Transtornos da menstruação
, Juventude
, Estudos de Incidência
Resumo
COMPARAÇÃO DA INCIDÊNCIA DOS TRANSTORNOS MENSTRUAIS NA ADOLESCÊNCIA DA REGIÃO SUDESTE VERSUS BRASIL: UM ESTUDO TRANSVERSAL ENTRE OS ANOS DE 2011 E 2022
INTRODUÇÃO
Transtornos menstruais são distúrbios relacionados à menarquia, entre eles, estão a Síndrome pré-menstrual, transtorno disfórico pré-menstrual, dismenorréia, amenorréia e sangramento excessivo. No prisma da população adolescente (até os 19 anos, segundo o Ministério da Saúde), em que a puberdade é uma realidade iminente, os transtornos menstruais são uma das principais queixas apresentadas pelas pacientes dessas faixas etárias na consulta ginecológica e causa de grande preocupação para as pacientes e sua família. Tendo em vista a grande prevalência desse agravo, estudos transversais são importantíssimos para entender como se comporta a incidência desses transtornos na população juvenil brasileira e na região sudeste, especificamente, onde mais se concentra essa faixa etária. A partir disso, será possível aprimorar o cuidado prestado bem como formular as intervenções e orientações adequadas.
OBJETIVO
Avaliar a incidência dos transtornos menstruais na população adolescente da região Sudeste em comparação com o Brasil.
MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um Estudo transversal de séries temporais que utilizou dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) acessados através do portal de informações do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, Tabnet). O desfecho principal do estudo foi a análise da incidência de transtornos menstruais no sexo feminino e na faixa etária de 8-19 anos no Brasil em comparação com a região Sudeste. Dados de todas as regiões do Brasil - do período entre janeiro de 2011 e janeiro de 2022 - foram comparados segundo as variáveis ‘CID-10’ e ‘faixa etária’ e foram tabulados e organizados em tabelas e gráficos utilizando o Microsoft Excel® (v. 16.52).
RESULTADOS
Foi registrado um total de 2162 internações por Transtornos da Menstruação, no Brasil, destas, 950 (43,94%) ocorridas na região Sudeste, em comparação a 498 (23,03%) na região Norte, 305 (14,10%) na região Nordeste, 212 (9,80%) na região Sul e 197 (9,11%) na região Centro-Oeste, sendo a região Sudeste a com o maior número de internações entre as diversas regiões brasileiras. A análise dos dados da região Sudeste, segundo a variável “faixa etária”, mostrou maior prevalência da morbidade na faixa entre 15 e 19 anos (692; 72,84%), seguindo a tendência brasileira (1612; 74,56%). Por fim, a análise, da região Sudeste, segundo a faixa temporal analisada, revelou maior concentração nos anos 2013 (135; 14,21%) e 2012 (129; 13,57%), diferindo do período de maior concentração encontrado no Brasil que ficou nos anos de 2014 (275; 12,71%) e 2013 (268; 12,39%),.
CONCLUSÃO
A partir dos resultados foi observado que a maior incidência de transtornos menstruais no Brasil, é na região Sudeste. Sugere-se novas pesquisas nesta temática que possam analisar as prováveis causas de um índice elevado dessas patologias menstruais. E desta maneira desenvolver políticas públicas que possam atuar de maneira eficiente, buscando meios de minimizar o cenário apresentado.
1869
Ginecologia
COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE NA SAÚDE FEMININA Autores: Brendha Ferrari Bremenkamp, Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado Palavras-chaves:
Obesidade
, Saúde da mulher
, Anovulação
Resumo
COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE NA SAÚDE FEMININA
Introdução: A obesidade é tida como uma epidemia mundial. Do ponto de vista da saúde da mulher, vale ressaltar as doenças e condições associadas com o sobrepeso, como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP). Objetivos: Relatar as complicações da obesidade na saúde ginecológica, levando-se em conta as doenças associadas e a individualidade de conduta para cada paciente. Materiais e Métodos: A obesidade e o sobrepeso são caracterizados por um acúmulo excessivo de gordura corporal em um indivíduo, segundo sua altura. Na idade adulta, podemos considerar obesa aquela pessoa que possui índice de massa corpórea maior ou igual a 30 kg/m2. As causas da obesidade são multifatoriais e incluem fatores genéticos, comportamentais, hormonais, ambientais, sociais e culturais. A SOP é uma disfunção reprodutiva e metabólica que apresenta forte correlação com a obesidade, possuindo, assim, um papel importante no desencadeamento da síndrome. Nessas pacientes, as taxas de obesidade podem atingir cerca de 60%, sendo maior do aquelas encontradas na população em geral. Além disso, a obesidade está relacionada à quadros de anovulação crônica, perda gestacional precoce, infertilidade feminina, risco cardiovascular, diabetes mellitus tipo 2, alguns tipos de câncer, aumento do colesterol e até questões relacionadas à saúde mental, como a ansiedade e depressão. Do ponto de vista obstétrico, o excesso de peso também pode causar complicações na gravidez, como aborto ou parto prematuro, excesso de peso no recém-nascido, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, complicações operatórias – quando cirurgia ou cesariana for necessária, sangramentos, infecções de feridas e endometrite. O feto em uma mulher obesa também apresenta risco aumentado de defeitos congênitos, macrossomia, crescimento fetal e óbito ao nascer. Resultados e Conclusão: A obesidade é um problema de saúde pública de âmbito mundial e afeta a mulher nas mais diferentes fases de sua vida. Enquanto a dieta saudável e atividades físicas auxiliam no controle da obesidade, o conhecimento de sua fisiopatologia permite identificar opções de tratamento, de modo que se torna essencial conhecer os fatores de risco, além de atuar, efetivamente, no cuidado com a mulher, o que se torna um grande desafio.
1811
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
CORRELAÇÃO DA CITOLOGIA PRÉVIA COM O RESULTADO HISTOLÓGICO EM MULHERES SUBMETIDAS À CIRURGIA DE ALTA FREQUÊNCIA Autores: Sayonara Nogueira de Souza, Renata Clementino Gontijo Palavras-chaves:
Colo do Útero
, Cirurgia Ambulatorial
, Lesões Pré-Cancerosas
, Colpocitologia
Resumo
CORRELAÇÃO DA CITOLOGIA PRÉVIA COM O RESULTADO HISTOLÓGICO EM MULHERES SUBMETIDAS À CIRURGIA DE ALTA FREQUÊNCIA
𝗜𝗻𝘁𝗿𝗼𝗱𝘂𝗰̧𝗮̃𝗼: O câncer do colo do útero é um dos principais problemas de saúde pública no Brasil. A infecção persistente por subtipos oncogênicos do vírus HPV (Papilomavírus Humano), especialmente o HPV-16 e o HPV-18, são responsáveis por cerca de 70% dos cânceres cervicais. A realização periódica do exame citopatológico é estratégia mais adotada para o rastreamento do câncer do colo do útero. Diante de resultado sugestivo de lesão intraepitelial de alto grau, existe a necessidade de investigação e tratamento para impedir sua progressão para o câncer. A investigação é realizada a partir de dois passos: colposcopia com biópsia, para posterior exérese da lesão, ou a técnica do “ver e tratar” na qual a exérese já é realizada na primeira consulta, garantindo menos perdas no seguimento. O tratamento por cirurgia de alta frequência consiste em um procedimento ambulatorial, realizado sob visão colposcópica e com anestesia local. 𝗢𝗯𝗷𝗲𝘁𝗶𝘃𝗼: avaliar a concordância dos resultados citológicos prévios das pacientes submetidas à CAF. 𝗠𝗮𝘁𝗲𝗿𝗶𝗮𝗶𝘀 𝗲 𝗠𝗲́𝘁𝗼𝗱𝗼𝘀: Foram avaliadas 112 pacientes submetidas à CAF, no ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior do Centro de Saúde Raul Travassos, em Itaperuna – RJ, atendidas entre julho de 2020 a julho de 2021, retrospectivamente, por revisão de prontuário. 𝗥𝗲𝘀𝘂𝗹𝘁𝗮𝗱𝗼𝘀 𝗲 𝗖𝗼𝗻𝗰𝗹𝘂𝘀𝗮̃𝗼: Das 103 pacientes com resultado anatomopatológico de NIC II/II (neoplasia intraepitelial cervical grau II/II) no CAF, as citologias de encaminhamento foram 18 (17,4%) NIC I; 9 (8,7%) ASC-US, 54 (52,4%) NIC II/III;20 (19,2%) ASC-H , 02 (1,9%) AGUS e 01 (0,9%) Adenocarcinoma. Houve boa concordância (71,6%) entre os resultados citológicos e histológicos. Cerca de 26,1% das pacientes com NIC II/III após o CAF tinham citologia de encaminhamento indicando lesão menor.
1755
Obstetrícia
Descolamento prematuro de placenta - Relato de caso Autores: Maria Regina Marques Magalhães, Lorena Moreira Couto Palavras-chaves:
descolamento prematuro de placenta
, sangramento vaginal escurecido
, dor abdominal súbita
Resumo
Descolamento prematuro de placenta - Relato de caso
INTRODUÇÃO
O descolamento prematuro de placenta (DPP) é a separação da placenta normoinserida, antes do nascimento do feto. Os principais achados clínicos são sangramento vaginal e dor abdominal, comumente seguidos de contrações uterinas hipertônicas. A grande maioria dos casos acontece antes de 37 semanas, sendo importante causa de prematuridade e morbi-mortalidade materna e perinatal. A fisiopatologia do DPP pode ser explicada pela ruptura dos vasos maternos na decídua basal. O sangue acumulado atinge a zona de clivagem decíduo-placentária e inicia a separação. Os principais fatores de risco (FR) do DPP incluem DPP em gestações anteriores, síndromes hipertensivas, idade materna avançada e uso de cocaína.
RELATO DE CASO
Paciente, M.S., sexo feminino, 41 anos, gestante com IG de 34 semanas, G4 P2 A1 (2 partos cesáreos), negra, doméstica, droga adicta (faz uso de cocaína), natural e moradora de São Gonçalo. Deu entrada na emergência com queixa de dor abdominal intensa, súbita e sangramento vaginal escurecido. Nega comorbidades. Ao exame físico, apresentava estado geral regular, anictérica, acianótica, afebril, eupneica, hidratada, corada e frequência cardíaca de 90 bpm. Ausculta cardiopulmonar
normal, extremidades bem perfundidas e edema bilateral de membros inferiores (MMII) (1+/4+). Ao exame físico obstétrico, batimentos cardíacos fetais (BCF) de 130 bpm, altura de fundo de útero de 34 cm e dinâmica uterina ausente. Colo firme, fechado, posterior. Estática fetal: atitude de flexão generalizada, situação longitudinal e apresentação cefálica. A conduta inicial foi de internação hospitalar, estabilização hemodinâmica e coleta de exames laboratoriais. Posteriormente, optou-se por interrupção da gestação por hipótese diagnóstica de descolamento prematuro de placenta (DPP).
DISCUSSÃO
O DPP trata-se de uma hemorragia que ocorre na segunda metade de gestação. Este representa mais de 30% de todas as hemorragias do 3º trimestre. Pode ser definido como a separação completa ou parcial da placenta normoinserida. Cerca de 80% dos casos ocorrem antes do início de trabalho de parto. Sua etiologia é multifatorial, sendo os principais FR a hipertensão, idade materna avançada e DPP em gestações prévias. O diagnóstico é clínico, com presença de sangramento vaginal escurecido
associado à dor abdominal súbita e de forte intensidade. A ultrassonografia obstétrica é importante para diagnóstico de óbito fetal e para excluir diagnóstico de placenta prévia (PP), que é o principal diagnóstico diferencial do DPP. Quando normal, não afasta DPP, já que possui uma sensibilidade muito baixa. O tratamento consiste na estabilização hemodinâmica materna, reposição volêmica, se necessário, e interrupção da gestação. Em caso de feto viável, avaliado pelo BCF, deve-se prosseguir pela via mais rápida, na maioria das vezes a via de escolha é o parto cesáreo. As complicações mais comuns no DPP são a coagulação intravascular disseminada e útero de Couvelaire.
1789
Obstetrícia
DESORDENS HIPERTENSIVAS EM GESTAÇÕES DE FETOS COM ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL Autores: Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Aline Silva Izzo, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho, Maria Eduarda Terra, Eduardo Teixeira Palavras-chaves:
anomalias congênitas
, malformação fetal
, pré-eclâmpsia
, síndromes hipertensivas
Resumo
DESORDENS HIPERTENSIVAS EM GESTAÇÕES DE FETOS COM ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL
INTRODUÇÃO: As síndromes hipertensivas são importantes causas de morbimortalidade materna e fetal, acometendo cerca de 8% das gestações no mundo, com alta incidência principalmente em países em desenvolvimento. Apesar da compreensão do impacto das síndromes hipertensivas nos desfechos maternos e fetais e do conhecimento de diversos fatores de risco para o desenvolvimento dessas síndromes, existe pouca informação sobre a possibilidade de associação com a presença de anomalias congênitas fetais, que ocorrem em cerca de 7,9 milhões de gestações com nascidos vivos a cada ano.
OBJETIVO: O estudo pretende avaliar a prevalência de síndromes hipertensivas e suas complicações durante a gestação de fetos malformados, comparando com a prevalência em gestações de fetos sem anomalias congênitas em um centro de referência em alto risco fetal no Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectiva observacional de mulheres cujo parto ocorreu no período de julho de 2015 a abril de 2016 em um hospital referência de alto risco fetal no Rio de Janeiro. Foram selecionadas as pacientes com gestação de feto único malformado para o grupo dos casos. Para o grupo controle, foram incluídas as duas pacientes que tiveram o parto de recém-nascidos sem malformações imediatamente subsequentes às do grupo anterior.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: O estudo demonstrou homogeneidade entre os grupos na análise de escolaridade, etnia, nível socioeconômico, estado civil e presença de obesidade. Foi encontrado, no grupo de fetos malformados, maior prevalência de hipertensão arterial crônica (5,88% vs 2,15%). Houve, no grupo, maior risco de uso de sulfato de magnésio para pré-eclâmpsia e eclâmpsia (ocorreu exclusivamente nas gestantes com fetos malformados). Nas pacientes que desenvolveram pré-eclâmpsia, houve maior risco de gravidade, com necessidade de uso de sulfato de magnésio, desenvolvimento de crescimento intrauterino restrito (CIUR), descolamento prematuro de placenta (DPP) e eclâmpsia. No grupo de fetos malformados, foi encontrada maior prevalência de complicações por síndrome hipertensiva. No entanto, trata-se de uma amostra limitada, sendo necessários estudos com amostras populacionais maiores para melhor avaliação dos desfechos fetais e maternos.
1725
Ginecologia
DISGERMINOMA: UM RELATO DE CASO Autores: Gabriel Vasconcellos Guimarães, Luiza Araujo Barros, Fernanda Bergamo Iorio Rodrigues, Eduardo Uzelac Kano, Daniel de Carvalho Zuza, Aguinaldo Ferreira Leite Filho Palavras-chaves:
disgerminoma
, oncologia
, ovário
Resumo
DISGERMINOMA: UM RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO Disgerminoma é o tipo de tumor de células germinativas (TCG) do ovário mais comum (47%), contudo os TCG representam cerca de 3-5% dos tumores de ovário. A maioria dos casos ocorre em pacientes com menos de 40 anos, sendo 10-15% dos casos tumores grandes e bilaterais. Não são facilmente diagnosticados. Dentre os sintomas destacam-se dor e massa abdominal de crescimento rápido. Sua disseminação é predominantemente linfática. RELATO DE CASO B.S.S., 19 anos, branca, G1P0A1, casada, evangélica, sem comorbidades. Buscou atendimento no Hospital Federal de Ipanema em 27/11/2020 com queixa principal de dor e sensação de peso em baixo ventre. Ao exame apresentava tumoração endurecida ocupando fossa ilíaca e flanco esquerdos de aproximadamente 17cm, móvel. Realizada ultrassonografia transvaginal - ovário esquerdo aumentado (181 x 89,5 x 115mm) com presença de tumoração irregular, heterogênea e mista, sem vascularização podendo corresponder a cisto dermoide, sem demais alterações. Foram solicitados exames complementares: beta HGC: 7,64; CA-125: 42,6; CA19.9: 117,39; CEA: 3,95; AFB > 1000. Optado pela realização anexectomia esquerda, para manutenção da fertilidade, e enviado material para anatomia patológica com laudo de disgerminoma. Após a cirurgia foi iniciada quimioterapia com Cisplatina + Etoposidium (7 ciclos). Em acompanhamento oncoginecológico apresentou tomografia computadorizada (TC) em abril de 2021 com lesão hipodensa subcapsular hepática hipocaptante, medindo 2x2cm no segmento II; lesão cística lobulada e septada medindo 6,7x4,3cm indissociável do segmento V, múltiplas formações semelhantes na pelve. Optou-se então pela realização de laparotomia exploradora second look. No inventário de cavidade foram visualizadas lesões em segmentos V e VI hepático de aproximadamente 2-3cm, além de lesão pericecal de 1,5cm. Realizada colecistectomia, biópsia de peritônio e ressecção de lesões - laudo histopatológico de esteatonecrose. Após a segunda abordagem apresentou aumento progressivo de AFP 80,6 para 3586. TC de abdome e pelve descrevem imagem cística na pelve direita de 4,8 cm indissociável do útero. Submetida a nova laparotomia com evidência de tumoração aderida a parede anterior do útero de aspecto degenerativo. Realizada histerectomia total abdominal com anexectomia direita e ressecção do peritônio retal, com consentimento da paciente devido a recidiva - congelação com laudo de disgerminoma. Paciente segue em acompanhamento ambulatorial. DISCUSSÃO O disgerminoma ovariano é uma patologia maligna com prognóstico reservado. Contudo esses tumores apresentam grau de atipia variável e apenas um terço deles apresenta-se de forma agressiva, como no caso relatado. A cirurgia é o método de escolha para estadiamento, diagnóstico e tratamento. A maioria cursa com aumento de LDH e hCG, enquanto a AFP tende a permanecer nos níveis normais. Neste caso observamos importante aumento nos valores de AFP, enquanto hCG e LDH ficaram pouco aumentados.
1791
Obstetrícia
DISTRIBUIÇÃO DAS MALFORMAÇÕES FETAIS EM GESTAÇÕES EM CENTRO DE REFERÊNCIA EM ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO Autores: Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Aline Silva Izzo, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho Palavras-chaves:
malformação fetal
, anomalia congênita
, síndrome genética
Resumo
DISTRIBUIÇÃO DAS MALFORMAÇÕES FETAIS EM GESTAÇÕES EM CENTRO DE REFERÊNCIA EM ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO
INTRODUÇÃO: As gestações de feto com anomalias e malformações congênitas têm incidência de 7,9 milhões de casos com nascidos vivos a cada ano, representando importante parcela das gestações. Estão descritas, atualmente, diversas malformações e anomalias fetais, com prevalências distintas entre os nascidos vivos.
OBJETIVO: O estudo pretende avaliar a distribuição dos principais grupos de malformações fetais em um centro de referência em Medicina Fetal no Rio de Janeiro, além dos resultados de cariótipo fetal nessas gestações.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectiva observacional de mulheres cujo parto ocorreu no período de julho de 2015 a abril de 2016 em um centro de referência em Medicina Fetal no Rio de Janeiro. Foram selecionadas as pacientes com gestação de feto único malformado, cujo parto tenha ocorrido com mais de 20 semanas.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: A população foi distribuída em 8 grupos de malformações: sistema nervoso central, renais e vias urinárias, cardíacas, torácicas, parede abdominal, musculoesquelética, múltiplas e outras. A distribuição encontrada na amostra foi: 22,35% malformações de sistema nervosos central, 8,82% malformações renais e de vias urinárias, 9,41% de malformações cardíacas, 2,94% torácicas, 14,71% de parede abdominal, 2,94% de musculoesquelética, 29,41% múltiplas e9,41% outras. Apenas 21,18% (36) das pacientes realizou teste invasivo para determinação de cariótipo fetal. Dentre elas, quinze fetos apresentaram cariótipo normal, um apresentou cariótipo pendente (resultado não encontrado no prontuário), três apresentaram trissomia do 21, oito tiveram resultado de trissomia do 18, enquanto cinco tiveram de trissomia do 13 e um teve amostra insatisfatória. Os outros tiveram resultados como translocação, encurtamento do braço de cromossomo e mosaicismo. Observou-se, na população estudada, maior prevalência de malformações múltiplas, seguidas por sistema nervoso central, parede abdominal e cardíaca. Outros estudos nacionais evidenciam maior prevalência de malformações de parede abdominal, seguida por malformações de membros e sistema nervoso central. No entanto, trata-se de uma amostra limitada, sendo necessários estudos com amostras populacionais maiores para melhor avaliação dessa distribuição.
1757
Ginecologia
DOENÇA DE BEHÇET COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM ÚLCERAS GENITAIS: RELATO DE CASO Autores: CRISTIANO SALLES RODRIGUES, POLYANA DE PAULA MENDES MACHADO, THYALLA DA SILVA RODRIGUES ESCOCARD, KAROLINNE RANGEL RISCADO ARRUDA, ANA CAROLINA RIBEIRO VITER, IANNE MONTES DUARTE Palavras-chaves:
Síndrome de Behçet
, Doenças da Vulva
, Doenças Sexualmente Transmissíveis
Resumo
DOENÇA DE BEHÇET COMO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EM ÚLCERAS GENITAIS: RELATO DE CASO
Introdução: A Doença de Behçet é uma afecção inflamatória multissistêmica, de acometimento vascular e de causa ainda desconhecida, basicamente caracterizada por úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. O diagnóstico é essencialmente clínico, não havendo características genéticas, histológicas, laboratoriais ou exames de imagens específicos. No entanto, o tratamento compreende diversas estratégias ainda indicadas de forma empírica, de acordo com as manifestações clinicas e sintomas. Relato de caso: E.D.S.B , 28 anos, parda, nuligesta, casada, nega uso de método anticonceptivo, encaminhada ao ambulatório de patologia do trato genital inferior do Hospital Escola Álvaro Alvim em 28/05/2021 por apresentar lesão vulvar dolorosa há 2 meses. Refere ter feito uso de Aciclovir, Benzetacil e outros antibióticos sem melhora do quadro. Relatava história de aftas orais recorrentes e pele muito grossa. Negava Alterações oculares ou articulares. Ao exame da vulva apresentava lesão ulcerada em grande lábio direito, com bordas lisas, fundo sujo, endurecida, com dor a palpação. Foi realizada biopsia e solicitado sorologias. Histopatológico apresentando lesão inflamatória com repercussões vasculares, podendo tratar-se de vasculite de pequenos vasos com padrão leucocitoelastico e necrose fibrinoide sendo compatível com de Doença de Behçet. Sorologias negativas, iniciado Prednisona 40 mg ao dia e lidocaína gel para uso local e alívio da dor. Encaminhada ao Oftalmologista e Reumatologista para tratamento em conjunto. Após 5 meses, retornou para acompanhamento ginecológico relatando secreção vaginal abundande, sem odor e prurido vulvar. Em uso de Azatioprina, relatou diminuição na dose do corticóide. Ao exame vulvar, regressão da úlcera genital. Ao exame especular: secreção algo acastanhada e sem odor, apresentando ulceração as 12 e 3 horas no colo uterino. Encaminhada ao Reumatologista para ajuste na dose do imunossupressor. Em 18/03/22 a paciente estava assintomática, relatando que aumentou a dose do corticóide. Ao exame especular: colo uterino sem alterações. Orientado seguimento com Reumatologia. Discussão: A Doença de Behçet, por ser multissistêmica necessita de uma equipe multidisciplinar, para um melhor diagnóstico e tratamento em conjunto. A paciente não apresentava os critérios diagnósticos completos descritos pelo Grupo Internacional para Estudo da Doença de Behçet, mas sim a forma incompleta da doença. O diagnóstico histopatológico da ulcera vaginal confirmou os dados clínicos. Mesmo na forma incompleta da doença, o tratamento e o acompanhamento regular e prolongado das pacientes são essenciais para minimizar os efeitos de surtos mais graves e sequelas importantes. As úlceras genitais devem ser pensadas além das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), principalmente quando não respondem aos tratamentos convencionais.
1724
Ginecologia
Doença de Paget Extramamária : Um Relato de Caso Autores: Ivy Alves Santos, Anna Carolina Guedes de Queiroz Pereira, Gabriel Vasconcellos Guimarães, Aguinaldo Ferreira Leite Filho, Eduardo Uzelac Kano, Daniel de Carvalho Zuza Palavras-chaves:
Doença de Paget Extramamária
, Tratamento cirúrgico
, Prurido vulvar
Resumo
Doença de Paget Extramamária : Um Relato de Caso
INTRODUÇÃO: A Doença de Paget Extramamária (DPE) trata-se de rara neoplasia intraepitelial maligna cutânea e superficial, originária de glândulas apócrinas. É mais comum entre mulheres brancas na pós menopausa, manifestando-se clinicamente por lesões eritematosas, eczematosas e pruriginosas. O diagnóstico decorre de avaliação anatomopatológica. Na maioria dos casos, a invasão tecidual se limita à epiderme, acometendo, ocasionalmente, a derme subjacente. Por sua natureza multicêntrica há forte tendência à cronicidade e recorrência (16 a 50% dos casos). O tratamento de escolha é a ressecção cirúrgica, associada à linfadenectomia inguinal, após a qual frequentemente há comprometimento das margens, incentivando-se, desse modo, congelação durante o ato cirúrgico. As técnicas cirúrgicas incluem excisão local, vulvectomia simples e radical. Frente à agressividade cirúrgica do tratamento, frequente descoberta de margens comprometidas (acima de 50% dos casos) e curso recidivante, novas terapias vêm sendo debatidas. Dentre elas: terapias tópicas (Imiquimod), quimioterapia tópica (interferon alfa 2b), radioterapia, terapia fotodinâmica e o laser de CO2. Independente da opção terapêutica, o seguimento da paciente é fundamental com o objetivo de detecção precoce de recidivas. RELATO DE CASO: Paciente de 52 anos, branca, G2P2, sem comorbidades. Buscou atendimento em 2021, por queixa de lesão vulvar hipocrômica e pruriginosa presente desde 2017. Ao exame físico foi identificada área eritematosa, descamativa e com bordas irregulares em lábio externo direito, de aproximadamente 3 cm. Foi realizada biópsia da lesão com posterior estudo anatomopatológico e imunohistoquímico, compatíveis com DPE em 16/07/21. Realizadas tomografias de abdome e pelve visando estadiamento, sem evidências de metástases. Mamografia de 13/07/21: categoria 2 bilateralmente. A paciente foi submetida a exérese da lesão em 21/10/21. Na avaliação histopatológica foi confirmada DPE e presença de margem lateral focalmente comprometida. Devido à ausência de margem macroscópica comprometida, optou-se por seguimento semestral em ambulatório especializado. DISCUSSÃO: DPE é uma doença incomum. O atraso no diagnóstico tem média de 1,8 anos, enquanto o da paciente foi de 4 anos, refletindo desconhecimento da doença no meio médico ou até mesmo a indiferença ou demora da faixa etária mais afetada na procura por atendimento frente aos sintomas característicos. Por ser doença rara, há pouco conhecimento sobre o tratamento mais efetivo e a conduta padrão é a exérese cirúrgica com avaliação da congelação, com altas taxas de comprometimento, como o ocorrido no caso relatado. É fundamental que haja conscientização a respeito da patologia para que seja feito diagnóstico precoce e definida a melhor terapia, visto a agressividade do tratamento cirúrgico atual.
1769
Ginecologia
EFEITOS DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL COMBINADA, SOB A ÓTICA DAS USUÁRIAS, NO ORGANISMO FEMININO Autores: Mario Vicente Giordano, Emily Quintino Soares, Yasmin Pedrosa Mechoullam, Giovanna Ribeiro Gerstner, Isabella Furtado Melo Maul de Carvalho, Luana Sampaio Marroni Palavras-chaves:
Contracepção hormonal
, efeitos adversos de longa duração
, Inquéritos e questionários.
Resumo
EFEITOS DA PÍLULA ANTICONCEPCIONAL COMBINADA, SOB A ÓTICA DAS USUÁRIAS, NO ORGANISMO FEMININO
Introdução: As pílulas anticoncepcionais orais combinadas (ACO) estão disponíveis há mais de 50 anos no mercado, e o impacto desta invenção revolucionou o planejamento familiar e a escolha da mulher em quando ter filhos. As ACO são um excelente método contraceptivo, mas o uso incorreto ou a má adesão, por diversos fatores, reduzem a eficácia na "vida real". Respeitando as contraindicações, na maioria das mulheres, os benefícios superam, em muito, os riscos do método ou os efeitos indesejados que poderão ocorrer. Objetivo: Identificar os efeitos adversos e benéficos reportados pelas usuárias dos ACO, e se estes efeitos adversos levaram a suspensão do método. Pacientes e Métodos: Estudo transversal, quantitativo, através da aplicação de questionário estruturado pelos autores na plataforma Google Forms®, disponibilizado nas redes sociais (Facebook®, Instagram®, Whatsapp®) entre os dias 01 e 30 de outubro de 2019. O questionário foi estruturado em três blocos. No primeiro bloco havia o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE); o segundo bloco abordou sobre a anamnese e dados da história pessoal; o terceiro bloco inquiria sobre os ACO e seus efeitos no organismo. Resultados: Participaram 3875 mulheres e as características clínicas e sociais estão expostas na Tabela 1. As figuras 1 e 2 retratam as principais alterações favoráveis e desfavoráveis, respectivamente, das ACO segundo as usuárias. O principal efeito adverso foi a diminuição da libido (1.809 mulheres - 46,6%), seguido do ganho de peso (1.770 mulheres - 45,6%). A regularização do ciclo menstrual e a melhora da acne foram os principais efeitos favoráveis relatados em 2.667 (68,8%) e 1.907 (49,2%) mulheres, respectivamente. Observamos que os efeitos indesejáveis foram responsáveis pela interrupção do uso do método contraceptivo em 34,8% (1.349) das mulheres (Figura 3), e após a interrupção, os condoms masculino e feminino foram os métodos escolhidos. Conclusão: Um número considerável de usuárias de ACO interrompeu seu uso pelos efeitos adversos apresentados, sendo a redução da libido e o ganho de peso os principais. Torna-se imperioso, durante o aconselhamento contraceptivo, esclarecer às mulheres os possíveis efeitos adversos associados ao uso dos ACO e caso sejam limitantes, orientar retorno para escolha de novo método ou nova combinação hormonal, mantendo o uso e evitando-se gravidezes indesejadas. A camisinhas masculinas e femininas, sabidamente menos eficazes, foram os métodos escolhidos por quem interrompeu a contracepção hormonal.
1814
Ginecologia
ENDOMETRIOMA PELVICO VOLUMOSO EM PACIENTE PÓS MENOPAUSA NA VIGENCIA DE REPOSIÇÃO ESTROGÊNICA/PROGESTAGÊNICA Autores: FRANCISCO LUIZ DA SILVA THOMÉ, TEREZA MARIA PEREIRA FONTES, FERNANDO MOREIRA DORNELLAS RODRIGUES, ROBERTO LUIZ CARVALHOSA DOS SANTOS, BRENDA RIOS RIBEIRO, FERNANDA ALMENARA SILVA DOS SANTOS GODIM Palavras-chaves:
Endometriose
, Menopausa
, Terapia de Reposição de Estrogênios
Resumo
ENDOMETRIOMA PELVICO VOLUMOSO EM PACIENTE PÓS MENOPAUSA NA VIGENCIA DE REPOSIÇÃO ESTROGÊNICA/PROGESTAGÊNICA
INTRODUÇÃO: A endometriose é uma doença inflamatória benigna, estrogênio dependente, que afeta mulheres durante várias etapas da sua evolução biológica desde a pré-menarca, passando pelo menecma e até mesmo no período pós-menopausa. Acredita-se que a terapia de reposição hormonal pode aumentar a recorrência da doença, devido ao seu efeito sobre os focos restantes de endometriose na pelve. RELATO DE CASO. Paciente de 38 anos, diagnosticada com endometriose em 2017 quando foi realizada cirurgia conservadora com exérese de focos endometrióticos, lise de aderências e retirada de endometrioma ovariano esquerdo medindo 5 cm, retorna em 2019 com recidiva das lesões e dor pélvica, sendo indicada e realizada uma cirurgia ampliada: histerectomia total abdominal com salpingooforectomia bilateral e em seguida iniciada terapia de reposição estrogênica associada a progesterona por fogachos intensos . Em 2020, três anos após segundo procedimento cirúrgico, a paciente retorna ao ambulatório com queixa de dor abdominal intensa associada a retenção urinária. Ao exame, apresentava massa abdominal ocupando toda a pelve e se estendendo até 3 centímetros acima da cicatriz umbilical. A ressonância magnética evidenciou uma volumosa formação expansiva de aspecto cístico com debris localizada na porção central/hipogástrio medindo 20.9x10,3x13,2 cm com volume 1477,6 cm² e hidronefrose bilateral associada. Foi indicada uma laparotomia exploradora na qual foi realizada exérese do cisto. O resultado do histopatológico confirmou o diagnóstico de cisto endometriótico sem malignidade. DISCUSSÃO. Achamos importante relatar o caso raro de recidiva de endometriose pélvica na forma de endometrioma volumoso no período pós menopausa, na vigência de reposição hormonal, mesmo após remoção de útero e anexos. O caso em questão poderia ter como diagnóstico diferencial a Síndrome do Ovário Remanescente, que ocorre por falha na esqueletização do ligamento infundíbulo pélvico deixando um fragmento de ovário na pelve, ou pela presença de tecido ovariano ectópico retroperitoneal. Entretanto, no geral quando isso acontece, a paciente não desenvolve sintomas climatéricos.
1809
Ginecologia
ENDOSSALPINGIOSE DIFUSA: RELATO DE CASO Autores: Felipe Costa Angelo, Fernanda Almenara Silva Dos Santos Gondim, Thainá Maciel Fraga Montoiro, Tereza Maria Pereira Fontes, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos, MANOEL MARQUES TORRES Palavras-chaves:
Epitélio
, Hiperplasia
, Tubas Uterinas
Resumo
ENDOSSALPINGIOSE DIFUSA: RELATO DE CASO
Introdução: A endossalpingiose é uma condição benigna que se caracteriza pelo crescimento ectópico do epitélio da trompa de Falópio. A apresentação clínica é inespecífica e o diagnóstico se deve a achados incidentais em mulheres submetidas a cirurgia por dor pélvica crônica, infertilidade, sintomas urinários ou massa pélvica. Os sintomas mais comuns são dor pélvica, dismenorreia, sangramento uterino anormal e infertilidade. Relato de Caso: Paciente 44 anos, feminina, natural do Rio de Janeiro, GIIPII(2 Partos Vaginais)A0, tabagista, com antecedente ginecológico de nodulectomia em mama Direita em 2002 por doença benigna, procurou ambulatório do serviço de ginecologia em junho de 2018 com relato de aumento do fluxo menstrual em número de dias e quantidade, associado à dismenorreia, há 1 ano da consulta. Ao exame físico da primeira consulta observou-se: colo indolor à mobilização, útero móvel e 3 cm acima de sínfise púbica, anexos impalpáveis. A paciente retornou apenas em junho de 2021 com os exames de imagens solicitados. RNM (16/04/2021): útero com volume aproximado de 2025 cm³, lobulado, contendo imagens císticas e imagens sólidas sugestivas de leiomiomas. Ao exame físico: útero móvel, palpável em cicatriz umbilical, colo pouco doloroso à mobilização. Foi realizado histerectomia total abdominal com salpingectomia bilateral e ooforectomia à esquerda. Durante a cirurgia encontrou-se útero lobulado, múltiplas aderências em trompas e ovários, aumento do volume de trompas bilateral. O exame anatopatológico mostrou endossalpingiose difusa, além de leiomiomas, no útero. Discussão: A etiopatogenia da endossalpingiose ainda não é clara, porém, acredita-se que está associado a mudança metaplásica do epitélio celômico em epitélio tubário. A endossalpingiose é classificada como uma lesão secundária do sistema mulleriano e por vezes encontra-se associada `a endometriose e endocervicose. É uma condição rara encontrada geralmente em mulheres em idade reprodutiva. Na literatura, a endossalpingiose foi descrita em útero, peritônio, tecidos subperitoneais, omento, retroperitonea, intestino, apêndice e, raramente, na bexiga. A endossalpingiose aparece, macroscopicamente, como uma massa polipóide ou como múltiplos cistos de tamanhos diferentes. O diagnóstico de endossalpingiose é feito histologicamente pela presença de epitélio tubular contendo três tipos de células: células colunares ciliadas, células mucosas secretoras colunares não ciliadas e as chamadas células intercalares em localização ectópica.
1734
Obstetrícia
ESTADO VACINAL DAS GESTANTES E PUÉRPERAS NO ESTADO DO AMAZONAS: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO Autores: Zuriel Rodrigues Seixas Nunes, Lucas de Cristo Rojas Cabral, Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso, Ranna Simões e Souza, Bruna Guimarães Dutra, Samuel Elias Basualto Dias Palavras-chaves:
Gestantes
, COVID-19
, Cobertura Vacinal
Resumo
ESTADO VACINAL DAS GESTANTES E PUÉRPERAS NO ESTADO DO AMAZONAS: UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO
INTRODUÇÃO: A pandemia causada pela síndrome do desconforto respiratório agudo grave coronavírus 2 (Sars-CoV-2, sigla em inglês,) causou diversos impactos e mudanças em diversos segmentos a nível mundial. Manifestando-se, principalmente, como uma doença pulmonar, o Sars-CoV-2 apresenta-se com sintomas gripais típicos e estima-se que 74.3 milhões de pessoas já foram infectadas, com um total de 1.6 milhão de mortes segundo a universidade de Johns Hopkins. Uma preocupação crescente em relação ao impacto da infecção em gestantes tornou-se significativa diante da possibilidade de consequências para as mães e os fetos. Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças cerca de 49 mil casos de gestantes infectadas com Sars-CoV-2 foram registrados nos EUA. Inicialmente, havia pouco conhecimento acerca das complicações na gestação, entretanto, observou-se um aumento nas taxas de admissão em UTI, necessidade de oxigênio suplementar, ventilação e mortalidade. A persistência de um estado pró-inflamatório não fisiológico associou-se com eventos adversos relatados em diversos estudos como: nascimento prematuro, mal perfusão vascular fetal, ruptura prematura de membranas e eventos tromboembólicos. Diante desse cenário, a criação das vacinas emergiu como uma solução definitiva para os desfechos negativos. Em nossa análise, reunimos dados acerca das taxas de vacinação no estado do Amazonas e relacionamos esses resultados com possíveis fatores associados. OBJETIVOS: Analisar as taxas de vacinação contra o Sars-CoV-2 no estado do Amazonas e identificar fatores que justifiquem uma alta ou baixa adesão à vacinação. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico acerca dos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, através do DataSUS, da Fundação de Vigilância Sanitária do Estado do Amazonas (FVS-AM). RESULTADOS E CONCLUSÃO: O Amazonas possui uma população de 3.802.434 habitantes, desse total cerca de 46.000 mulheres são gestantes e puérperas. Desse grupo prioritário, 23.300 receberam a 1ª dose e 14.408 receberam a 2ª dose. Logo, 31,4% apresentam o esquema primário completo. Ao analisar a 1ª dose de reforço, o número é de 2.795 mulheres vacinadas, representando cobertura de 19.4%. Esses dados são alarmantes, pois já dispomos de evidências científicas robustas, que sinalizam sobre o risco de maiores complicações da doença durante a gestação e puerpério imediato, quando se comparam com as mulheres da mesma faixa etária que não se encontram nesse período. A baixa cobertura vacinal contra a Covid-19 é uma problemática multifatorial, a disseminação de fake news e dificuldade de comunicação científica efetiva para a população em geral são alguns dos fatores que explicam essa realidade. Em adição, a falta de efetividade do próprio sistema de saúde para romper burocracias que dificultam o acesso, como solicitações de prescrição médica para a vacinação, além da omissão e até indicação contrária às vacinas pelos próprios profissionais de saúde.
1763
Ginecologia
ESTUDO COMPARATIVO DA LETALIDADE POR SARS-CoV-2 EM GESTANTES E PUÉRPERAS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE COMORBIDADES E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR NAS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL Autores: Letícia Bairral Saavedra, Álvaro Salgado, Amanda Ribeiro da Costa Oliveira, Lívia Menezes Salla, Luiza Santos Pinheiro, Sofia Barbosa da Costa Pimentel Palavras-chaves:
Gestantes e puérperas
, Comorbidades
, COVID-19
, Tempo de internação
, Letalidade
Resumo
ESTUDO COMPARATIVO DA LETALIDADE POR SARS-CoV-2 EM GESTANTES E PUÉRPERAS EM FUNÇÃO DA PRESENÇA DE COMORBIDADES E TEMPO DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR NAS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
Introdução: O novo contexto epidemiológico em que o mundo se insere desde o fim de 2019 propiciou uma série de investigações acerca do novo coronavírus. Muitos dos trabalhos realizados a partir de então buscam identificar grupos de risco e a forma como a Síndrome Respiratória Aguda gerada pelo novo agente viral afeta o prognóstico de tais grupos. Dentre os grupos mais vulneráveis a piores quadros clínicos encontram-se as grávidas e puérperas (Wang; Bolin et al., 2020), devido a uma série de alterações fisiológicas que ocorrem em seu organismo, assim como pessoas com comorbidades (Phoswa; Khaliq, 2020). Em razão da sobreposição amostral entre esses dois grupos, somado ao cenário mundial em que o Brasil é um dos líderes no número de mortes e casos por COVID-19, há a necessidade de uma análise da letalidade no grupo de grávidas e puérperas e de que forma a presença de comorbidades e tempo de hospitalização influenciam nesse desfecho. Objetivo: O presente estudo objetiva identificar possíveis relações entre a presença e o tipo de comorbidades em gestantes ou puérperas e o tempo de internação hospitalar dessas pacientes. Se propõe, ainda, a identificar como as variáveis supracitadas têm impacto sobre a letalidade da amostra acometida por COVID-19. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo comparativo com coleta de informações a partir da base de dados do DataSUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Foram extraídos dados relativos a mulheres hospitalizadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave no Sudeste do Brasil durante o período de 01 de janeiro de 2020 até 26 de junho de 2021. Os dados foram organizados, analisados e distribuídos em gráficos através dos programas R (versão 4.1.0) e Python (versão 3.8.5). Resultados e Conclusão: A partir das análises realizadas, foi observado que presença de cardiopatia, obesidade e pneumopatia crônica foram os fatores de maior significância estatística para um prognóstico mais grave e maior letalidade. Identificou-se, ainda, que pacientes que evoluíram para óbito passaram uma média maior de tempo internadas quando comparadas às que evoluíram para cura. Portanto, percebe-se a colaboração das análises realizadas na compreensão de fatores que podem influenciar o desfecho clínico de gestantes e puérperas com COVID-19. Por meio de estudos como esse, torna-se possível abrir discussões com o intuito de desenvolver estratégias para evitar o desfecho negativo do quadro dessas pacientes.
1829
Obstetrícia
EVOLUÇÃO DE GRÁVIDAS COM COVID-19 NOS ESTADOS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE MARÇO/2020 À MARÇO/2022. Autores: Beatriz Regina Bento da Silva Araújo, Livia Coutinho Migliorin, Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso Palavras-chaves:
Grávidas
, Covid-19
, Norte
Resumo
EVOLUÇÃO DE GRÁVIDAS COM COVID-19 NOS ESTADOS DA REGIÃO NORTE DO BRASIL, NO PERÍODO DE MARÇO/2020 À MARÇO/2022.
Resumo
O novo coronavírus, SARS-COV-2, agente etiológico da Covid-19, se propaga mundialmente de maneira rápida, vulnerabilizando, dentre outros grupos, as gestantes. Devido ao risco elevado de morbimortalidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou as gestantes como grupo de risco para Covid-19. Objetivos: Caracterizar a evolução das grávidas com covid-19 de 2020 a março/22 nos Estados da região Norte do Brasil. Metodologia: Pesquisa de análise documental, caráter descritivo com abordagem quantitativa. Resultados: Os resultados apontam que foram 2505 casos de gestantes acometidas por Covid-19. Dentre esses casos, os que evoluíram para a cura, durante os três anos do estudo foram 1890 casos sendo 775 casos em 2020, 952 em 2021 e 163 em 2022; proporcionalmente, os Estados com melhores índices anuais respectivamente foram: Amapá (89,4%), Amazonas (84%) e o Pará (81%), conforme Observatório Obstétrico Brasileiro COVID-19 (OOBr COVID19). Em contrapartida, as gestantes acometidas pelo Covid-19, as que evoluíram para óbitos na mesma região totalizam 285 casos, sendo 73 casos no ano de 2020, 204 em 2021 e 8 casos em 2022. Analisando os 3 anos de pesquisa, em relação aos maiores índices de óbitos anuais destacam-se respectivamente: Roraima (43,2%), Acre (24,2%) e Rondônia (12,9%). Conclusões: Diante disso, observou-se que baseado nos dados expostos pelo OOBr COVID-19 no período de março/2020 a março/2022, o Estado de Roraima sobressaiu-se em evoluções para óbito, enquanto o Estado do Amapá e Amazonas obtiveram melhores evoluções para cura. Portanto, pode-se caracterizar que o Covid-19 atinge populações dos estados da região Norte em graus diferentes conforme suas individualidades.
1795
Obstetrícia
FATORES ASSOCIADOS E PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES DURANTE A GRAVIDEZ Autores: Maria Eduarda Barillari Cano, Raphaela Naara Sizinia da Silva Monteiro, Rachel Rocha Pinheiro Machado (Orientador) Palavras-chaves:
Enteropatias Parasitárias
, Fatores de Risco
, Gravidez
, Parasitos
, Prevalência
Resumo
FATORES ASSOCIADOS E PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITOSES DURANTE A GRAVIDEZ
Introdução. A infecção parasitária intestinal (IPI) é um problema de saúde pública tanto em países em desenvolvimento quanto subdesenvolvidos. As mulheres grávidas são uma população de risco para as IPIs pelas alterações fisiólogas sofridas, como queda da imunidade, sendo uma das principais causas de mortalidade materna em tais países. Objetivo. Estimar a prevalência das IPIs mais frequentes em gestantes, assim como os principais fatores associados. Material e Métodos. Foram analisados ensaios clínicos controlados e randomizados, estudos observacionais e estudos transversais publicados originalmente em inglês, nos últimos cinco anos, em humanos, tendo como referência a base indexadora National Library of Medicine (MedLine. Foram excluídas as publicações disponíveis apenas em resumo, bem como aquelas com desfechos/pacientes impróprios. A escala PRISMA foi utilizada no intuito de melhorar o relato desta revisão. Resultados e Conclusão. De início, foram encontrados 367 estudos, mas com a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, apenas 14 artigos fizeram parte do escopo e análise final. A população amostral foi composta por 5078 gestantes que residiam em países em desenvolvimento ou subdesenvolvido. A prevalência geral de IPIs em gestantes foi de 38%, sendo que as mais prevalentes foram giardíase (19,48%), ancilostomose (19,15%), tricuríase (18,8%), teníase (18,6%), himenolepíase (16,3%), ascaridíase (12%), sendo que 2,8% das mulheres apresentaram dupla infecção ao longo da gravidez. Alguns estudos relataram a presença de amebíase, esquistossomose e infecções por Escherichia coli, além de um relato de caso demonstrar estrongiloidíase em uma gestante colombiana de 23 anos. Os estudos analisados demonstram predomínio de IPIs em gestantes entre 25-29 anos (37%), sendo que grávidas com idade superior a 30 anos apresentavam 68% menos chance de ter IPI. Dentre as gestantes analisadas, 46,85% apresentavam ensino fundamental completo e 19% não apresentavam educação formal. A prevalência das IPIs foi maior no segundo trimestre de gestação (66,5%) e em primeira gravidez (43%). Por volta de 55,8% das gestantes infectadas eram desempregadas, ao passo que 44,2% tinham labor, sendo 71,5% artesãs. A existência de banheiro privado, lavagem das mãos antes das refeições e consumo de água tratada foram considerados fatores protetores, sendo que o uso de latrina de fossa como fator de risco. Outro estudo verificou que mulheres que não usavam mosquiteiros impregnados eram 7,5 vezes mais suscetíveis à infecção, já que os insetos podem contaminar alimentos e realizar o transporte dos ovos, espalhando-os e aumentando o risco de contaminação. Portanto, os principais parasitas encontrados em gestantes foram a Giardia intestinales, Trichuris truchiuria e o Ancylostoma duodenales. Fatores como idade, escolaridade, período gestacional, quantidade de gravidez e ocupação podem ser fundamentais para a elaboração de estratégias de combate às IPIs durante a gestação.
1754
Obstetrícia
Gestação gemelar molar com recém-nascido vivo: relato de caso clínico Autores: Taiane Andrade, Cecília Canedo, Antonio Braga Palavras-chaves:
Doença trofoblástica gestacional
, Gestação gemelar
, Mola hidatiforme
, Neoplasia Trofoblástica gestacional
Resumo
Gestação gemelar molar com recém-nascido vivo: relato de caso clínico
Introdução A gravidez gemelar molar, na qual coexistem feto normal e mola hidatiforme (MH) completa, é um evento raro, variando de 1:22.000 a 1:100.000 gestações. O quadro clínico é semelhante ao da doença trofoblástica gestacional (DTG), porém, os níveis do hormônio gonadotrofina coriônica (hCG) são mais elevados e há maior propensão para ocorrência de pré-eclâmpsia (PE) e neoplasia trofoblástica gestacional (NTG). É importante realizar diagnóstico diferencial de MH parcial, em que o feto apresenta triploidia e não é compatível com a vida, mas prognóstico materno é bom. Ao passo que na gestação gemelar molar há chance de sobrevivência fetal, entretanto, o prognóstico materno é reservado, com incidência de NTG atingindo 55%. Relato de Caso Paciente de 36 anos, secundigesta, obesa, notou atraso menstrual e realizou ultrassonografia (USG) em 12/08/2020, que evidenciou gestação de 6 semanas (s) e 6 dias (d). Nesse período, apresentou sangramento transvaginal intermitente e náuseas. Às 12s de gestação, apresentava feto vivo e imagem sugestiva de MH contígua ao saco gestacional. Foi encaminhada ao Centro de Referência em DTG, na Maternidade Escola UFRJ, onde foi sugerida gestação gemelar molar em USG, com 13 s e 3 d, e foi solicitado ßhCG quantitativo e rotina de PE, de resultado normal. Retornou com elevação pressórica, após 3 dias, e ßhCG 361372 e foi iniciado AAS e Metildopa. Após 1 semana, ßhCG 410348, e ainda com descontrole pressórico, queixou-se de sangramento de moderada quantidade. Manteve elevação do ßhCG (570498) e rotina de PE normal, com persistência do sangramento, porém, em menor quantidade. Realizada amniocentese, resultando cariótipo inconclusivo. No mês seguinte, e ßhCG 613452, fechou diagnóstico de PE. Com 22s e 6 d, e ßhCG em declínio (522928), relatou episódio de escotomas cintilantes, aumento do sangramento e metrossístoles irregulares. Internada na Perinatal Laranjeiras, em 26/12, devido a trabalho de parto prematuro, progrediu com nascimento de recém-nascida via vaginal, pesando 900g, que permaneceu na UTI Neonatal. Realizou-se aspiração manual intra-uterina guiada por USG, seguida de hemorragia por atonia, introdução de balão de Bakri intra-útero e hemotransfusão. Fez tomografia (TC) de tórax que evidenciou múltiplos nódulos pulmonares, e TC de abdome e pelve, sem alterações. Na semana seguinte, uma segunda aspiração uterina foi necessária. Recebeu alta médica dia 06/01/2021, com ßhCG 415 e manteve acompanhamento ambulatorial, observando-se declínio dos valores do ßhCG. Discussão A conduta pré-natal nos casos de MH completa em gestação gemelar deve ser individualizada, não sendo estabelecida na literatura. A interrupção da gravidez é determinada por complicações clínicas decorrentes da agressividade do crescimento do trofoblasto. A evolução clínica, laboratorial pelo ßhCG, a análise citogenética do feto e a decisão da paciente são relevantes ao se considerar a interrupção ou não da gestação.
GESTAÇÃO MOLAR EM PRIMIGESTA EVOLUINDO COM MOLA INVASORA
Introdução: A doença trofoblástica gestacional (DTG) se caracteriza pela proliferação do epitélio trofoblástico placentário. A manifestação benigna da DTG pode ser representada pela mola hidatiforme parcial (MHP), um tumor com parte de tecido fetal, podendo, em 20% dos casos, evoluir para uma neoplasia trofoblástica gestacional (NTG)¹. Dentre as neoplasias, destaca-se a mola invasora, uma evolução da MHP, a qual acomete apenas 1% dos casos², indicada pela persistência do hormônio gonadotrofina coriônica humana (hCG) após esvaziamento uterino, demonstrando a possibilidade de uma invasão da parede uterina³. Dessa forma, considerando a necessidade em identificar manifestações da DTG, o presente estudo aborda um caso incomum de evolução da
MHP para mola invasora.
Relato do caso: Mulher, 21 anos, hígida, com exame de β-HCG qualitativo positivo. Primigesta. Queixa-se de sangramento vaginal vermelho escuro em pequena quantidade há 2 dias. Negava dor. Através do exame especular observou presença de sangramento ativo em pequena quantidade pelo orifício externo do colo uterino. Solicitou-se ultrassonografia transvaginal (USG TV) a qual evidenciou um material heterogêneo de aspecto multicístico na região do fundo do corpo uterino. Exame de βHCG igual a 20.443 mUI/ml. Indicado esvaziamento uterino por aspiração manual intrauterina (AMIU) e encaminhamento à patologia. Após 48 horas, o exame do β-HCG quantitativo resultou em 2.562 mUI/ml. O anatomopatológico concluiu mola hidatiforme
parcial (MHP). Após acompanhamento semanal do β-HCG, verificou-se uma ascensão dos valores. Foi iniciado investigação e estadiamento com exames de imagem, laboratoriais. A RNM de pelve evidenciou espaçamento da cavidade endometrial no fundo uterino, formação nodular estendendo-se até superfície serosa do útero e cistos tecaluteínicos nos ovários. Diagnosticada Mola Invasora com estadiamento de NTG confinada ao útero, estágio I.
Tratamento clínico iniciou com 4 ciclos de metotrexato (MTX) 1mg/kg IM, intercalados com ácido folínico (AF) 15mg. Seguimento com dosagem de β-HCG quantitativo, do qual o nível de 676,5 mUI/ml após última aplicação de MTX decaiu para 132 mUI/ml em 7 dias. Seguindo semanalmente até negativar, além de obter a regressão da lesão.
Discussão: Entende-se que a evolução da MHP para mola invasora é atípica. O seguimento até a negativação do β-HCG é indispensável para confirmar a cura. Logo, um aumento do hCG, mesmo após AMIU, caracteriza uma evolução para NTG. Neste caso a mola invasora foi confinada ao útero, sendo possível descartar cariocarcinoma. O tratamento constituído de MTX alternando com AF, foi imprescindível para manter a fertilidade da paciente, já que o MTX inibe o metabolismo do folato. O acompanhamento regular de hCG asseguraram o sucesso no tratamento
1837
Obstetrícia
GESTANTE COM COMPLEXO DE LIMB BODY WALL - RELATO DE CASO Autores: MARIANA FORTES BALZANA, GIULIA BASTOS BUSCEMA, CAROLINA HORSTMANN DE CARVALHO, BEATRIZ RAMIRO GARCIA CARNEIRO, CAROLINA CARVALHO MOCARZEL Palavras-chaves:
MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS
, GESTANTE
, LIMB BODY WALL COMPLEX
Resumo
GESTANTE COM COMPLEXO DE LIMB BODY WALL - RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: O complexo de Limb Body Wall (LBWC) é uma malformação rara, de etiologia desconhecida, com fenótipos variáveis e critério diagnóstico com duas das três manifestações anômalas entre as seguintes: (1) exencefalia/encefalocele com fendas faciais, (2) toraco e/ou abdominosquise e (3) defeitos nos membros.
RELATO DE CASO: VESAV, 19 anos, negra, solteira, estudante, natural do Rio de Janeiro, com múltiplas malformações congênitas caracterizando LBWC, incluindo mielocistocele, onfalocele rota, anomalia anorretal com fístula reto-vestibular, rim único à direita com ectasia de pelve renal e agenesia de membro inferior esquerdo. Paciente primigesta, com idade gestacional de 27 semanas e 1 dia. No período neonatal, foi realizada correção cirúrgica da mielocistocele e onfalocele, além de diagnóstico de bexiga neurogênica com necessidade de cateterismo intermitente. Em uso de anlodipino devido a hipertensão arterial crônica, oxibutinina e nitrofurantoína após infecções de trato urinário (ITU) de repetição . A paciente foi admitida em 23/02/21 com relato de disúria, lombalgia e febre há 2 dias. Ao exame, pressão arterial de 160x100 mmHg, sem outras alterações de sinais vitais, útero desviado para a direita com fundo uterino de 24 cm, tônus uterino normal, sem metrossístoles e batimento cardíaco fetal presente. Após internação, houve otimização da medicação anti-hipertensiva, realização de hidratação e analgesia venosas, avaliação fetal sem alterações e início de antibioticoterapia venosa. Relatou dor abdominal difusa desde o início do 2˚ trimestre, com piora progressiva, conforme crescimento uterino, necessitando analgesia venosa. O ultrassom de vias urinárias evidenciou aumento importante de rim direito (27x14 cm), com aumento da ecogenicidade cortical e prejuízo da diferenciação, além de ureterohidronefrose acentuada, com calibre de 4 cm e bexiga com parede espessada. Foi feito o diagnóstico de pré-eclâmpsia sobreposta após descontrole pressórico progressivo e alteração da proteinúria de 24 horas. Após dificuldade no manejo da dor abdominal e lombar e a piora da função renal, foi prescrito corticoterapia para maturação pulmonar fetal e feito planejamento de parto com equipe multidisciplinar. A cesariana foi realizada em 01/04/21, sob raquianestesia, com 32 semanas e 4 dias, sem intercorrências e RN nasceu sem malformações.
DISCUSSÃO: A incidência de LBWC é de 0,32 em 100.000 nascimentos, já que a maioria dos fetos afetados sofre morte intrauterina. A paciente em questão possuía, ao nascimento, defeito da parede abdominal e em membro inferior, sendo 2 dos 3 critérios diagnósticos para LBWC. Apesar da gravidade, poucos estudos avaliaram a sobrevida de pacientes com LBWC após o nascimento, sendo difícil a comparação de casos. Não foram encontrados estudos ou relatos de gestantes que nasceram com essa síndrome, podendo esse ser o primeiro caso descrito na literatura, sendo necessários mais estudos sobre esse complexo de malformações congênitas.
1738
Obstetrícia
Gestante com sequela de intubação pós covid-19: relato de caso Autores: Rachel Horowicz Machlach, Carolina Carvalho Mocarzel, Bianca de Avila Lima Palavras-chaves:
Covid-19
, Estenose subglótica
, Intubação prolongada
, Gestante
Resumo
Gestante com sequela de intubação pós covid-19: relato de caso
Introdução:
As gestantes pertencem ao grupo de risco para evolução grave pelo Covid-19 em função das modificações fisiológicas que ocorrem nesse período. Nessas pacientes, a doença pode progredir rapidamente para pneumonia viral e síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com necessidade de intubação orotraqueal (IOT) e ventilação mecânica. A IOT, principalmente quando prolongada, pode cursar com dano nas cordas vocais, granuloma e estenose laringotraqueal, sendo a glote o local mais acometido, seguido pela região subglótica.
Relato de caso:
S. S. F., G5P4(C2N2)A0, 30 anos, internada com 25 semanas de idade gestacional em unidade fechada por SRAG por Covid-19, com necessidade de IOT por 12 dias. Após melhora clínica, recebeu alta médica com retorno ao pré-natal para seguimento da gestação. Com 32 semanas, reinternou com quadro de dispneia progressiva, estridores em repouso, rouquidão e dessaturação, sendo necessário suporte de oxigênio por cateter nasal, corticoterapia venosa e nebulização para estabilização clínica. Foi aventada ainda possibilidade de traqueostomia em caso de refratariedade ao tratamento clínico. Evidenciadas estenose subglótica de 70%, redução significativa na abertura das cordas vocais e granuloma subglótico em videolaringoscopia como sequela da IOT. Após avaliação pela otorrinolaringologia e fonoaudiologia, foi indicado tratamento conservador com Prednisona 20mg/dia. A paciente evoluiu com diabetes mellitus gestacional iatrogênico de difícil controle e o feto diagnosticado com macrossomia à USG. O tratamento clínico foi suficiente para controle dos sintomas e a paciente recebeu alta com programação de parto cesariano eletivo com 37 semanas, que ocorreu sem intercorrências.
Discussão:
A estenose traqueal acomete cerca de 10 a 22% dos pacientes submetidos à IOT, principalmente quando prolongada. Desses, apenas 1 a 2% são graves, com dispneia refratária ao tratamento com corticoide. Na gestação, essa complicação ganha ainda mais importância pois seu diagnóstico precoce permite um melhor planejamento da via de parto, uma vez que há descrições de modificação na Escala de Mallampati ao longo do trabalho de parto, com evolução para via aérea mais difícil. No caso relatado, o feto evoluiu com macrossomia por hiperglicemia materna secundária à corticoterapia associado à dispneia progressiva e piora dos parâmetros ventilatórios maternos. A iteratividade e o quadro clínico da paciente conduziram para a indicação de cesariana com 37 semanas com feto a termo, redução dos riscos da IOT de emergência e melhora da função respiratória materna.
1745
Obstetrícia
Gravidez na adolescência: frequência de nascidos vivos de mães adolescentes, brancas e pretas, no município do Rio de Janeiro, 2010 a 2020 Autores: Maria Isabel do Nascimento, LETICIA HOEPERS BAASCH, FELIPE CARVALHAL PITTAN, PEDRO HENRIQUE BRANDAO DA SILVA Palavras-chaves:
Gravidez na Adolescência
, Prevalência
, Nascido Vivo.
Resumo
Gravidez na adolescência: frequência de nascidos vivos de mães adolescentes, brancas e pretas, no município do Rio de Janeiro, 2010 a 2020
Introdução: A gravidez na adolescência é um fenômeno mundial presente na vida de famílias que vivem principalmente em condições socioeconômicas desfavoráveis, conduzindo jovens adolescentes que vivem em situação de vulnerabilidade a um aprofundamento das desigualdades individuais e sociais. Objetivo: verificar a proporção de nascimentos de mães adolescentes brancas e pretas, de 10 a 19 anos, no município do Rio de Janeiro, 2010 a 2020. Material e Métodos: Gravidez de mulheres de até 19 anos foi considerada precoce. A pesquisa foi realizada por consulta ao Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos disponibilizado via plataforma TABNET do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), selecionando o município do Rio de Janeiro, período de 2010 a 2020, considerando a cor da pele branca e preta e duas faixas etárias: 10 a 19 anos (adolescência) e 10 a 49 anos (idade reprodutiva). Proporções de nascimentos por cor da pele foram estimadas e comparadas usando o teste qui-quadrado, com nível de significância de 5%. Resultados: No período analisado ocorreram 449.617 nascimentos de bebês na população de mulheres brancas e pretas de 10 a 49 anos, no município do Rio de Janeiro. Do total de nascimentos, 358.211 foram registrados em mulheres brancas, sendo que 33.886 foram considerados em idade precoce (10-19 anos), correspondendo a uma prevalência de 9,5%. Na população de mulheres pretas de 10 a 49 anos, houve 91.406 nascimentos, dos quais 16.333 foram considerados em idade precoce (10-19 anos), indicando uma prevalência de 17,9%. A comparação das proporções foi estatisticamente significante (p<0,01). Conclusão: A prevalência de nascimentos nas adolescentes brancas e pretas como um todo foi superior a 11% no município do Rio de Janeiro. A ocorrência desse fenômeno foi quase duas vezes mais prevalente em meninas pretas comparado com as brancas. Os achados sugerem que a gestação na adolescência está afetando desproporcionalmente as meninas pretas e acentuando as desigualdades em minorias delimitadas pela cor da pele preta no Rio de Janeiro.
1784
Obstetrícia
HEMORRAGIA PÓS-PARTO EM GESTAÇÕES DE FETOS COM MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO Autores: Aline Silva Izzo, Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho, Maria Eduarda Terra, Eduardo Teixeira Palavras-chaves:
hemorragia pós-parto
, malformação fetal
, near miss materno
, mortalidade materna
Resumo
HEMORRAGIA PÓS-PARTO EM GESTAÇÕES DE FETOS COM MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO
INTRODUÇÃO: A mortalidade materna é um importante indicador de assistência em saúde e indicador social de um país. A principal causa de morbimortalidade materna no mundo ainda é a hemorragia pós-parto. Gestações de fetos com malformações podem se apresentar como fator de risco para hemorragia e, portanto, se associaram a maior morbidade materna.
OBJETIVO: Avaliar o risco hemorragia pós-parto em gestações de fetos com anomalias congênitas em comparação com gestações de fetos sem malformações em um centro de referência de alto risco fetal no Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo do coorte retrospectivo, em que foram selecionadas 173 gestantes com suspeita ou confirmação de malformação fetal e 346 gestantes sem malformações fetais que tiveram parto vaginal ou cesariana no período de julho de 2015 a abril de 2016 em um hospital centro de referência em alto risco fetal no Rio de Janeiro.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: No período entre julho de 2015 a abril de 2016, foram analisadas 396 pacientes, sendo 170 do grupo de casos e 326 do grupo controle. A hemorragia pós-parto foi mais prevalente no grupo de casos 8,23% contra 6,75% no grupo controle, com maior necessidade de hemotransfusão no primeiro grupo (21% vs. 9%). O estudo demonstrou que gestações com malformação fetal estão associadas a maior prevalência de hemorragia pós-parto, necessidade de hemotransfusão e histerectomia puerperal. No entanto, a força dessas associações foi comprometida pela amostra limitada, sendo necessários estudos com populações maiores que avaliem gestações de fetos com malformações fetais com desfechos maternos adversos.
1846
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
HIDRADENOMA PAPILÍFERO VULVAR EM PACIENTE COM CÂNCER METASTÁTICO À ESCLARECER Autores: Caroline Alves de Oliveira Martins, Samia Insaurriaga Jundi, Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento, Raiany de Andrade Cavati Golçalves, Rafael Augusto Chaves Machado, Karine Mello Duvivier Palavras-chaves:
hidradenoma papilífero
, tumoração vulvar
, neoplasia benigna
Resumo
HIDRADENOMA PAPILÍFERO VULVAR EM PACIENTE COM CÂNCER METASTÁTICO À ESCLARECER
Introdução
Tumoração na região vulvar é uma queixa frequente apresentada por pacientes aos seus ginecologistas. Essas lesões têm diferentes apresentações e podem ser um desafio diagnóstico para médicos não especialistas. Dentre os diagnósticos diferenciais possíveis, é necessário lembrar de tumores de origem benigna como, por exemplo, cistos de inclusão epidérmica, hidradenoma papilífero, lipoma, entre outros. Além disso, é importante descartar causas malignas, como o carcinoma de células escamosas, o adenocarcinoma e o melanoma.
Relato de Caso
Paciente feminina, 40 anos, hipertensa, apresentando há cerca de 1 ano quadro de dores ósseas que a fez procurar serviços de emergência diversas vezes, onde foi prescrito sintomáticos com melhora parcial dos sintomas. Após 7 meses, paciente apresentou quadro de cefaleia intensa, associada a escotomas e diplopia. Procurou novamente serviço de emergência, onde foi realizada tomografia computadorizada de crânio que evidenciou lesão expansiva na região paraselar. Foi encaminhada para hospital terciário para melhor investigação diagnóstica, onde foram realizados novos exames de imagem que evidenciaram lesões ósseas líticas em ísquio, coluna lombar e crânio, sugestivas de metástases. Na tentativa de determinar um sítio primário de neoplasia, a equipe de clínica médica solicitou avaliação da equipe de ginecologia devido à tumoração de cerca de 4 cm, bem delimitada, de consistência fibroelástica, indolor, localizada em terço inferior de grande lábio direito. Após avaliação, a paciente foi submetida à excisão da lesão no centro cirúrgico com resultado histopatológico de hidradenoma papilífero, descartando a possibilidade do sítio primário da doença maligna da paciente ser proveniente da lesão apresentada.
Discussão
O hidradenoma papilífero é uma neoplasia benigna rara de anexos cutâneos com diferenciação apócrina (glândulas sudoríparas anogenitais especializadas) e crescimento lento, mais predominante em mulheres caucasianas jovens. O diagnóstico é feito através de avaliação histopatológica. A lesão na vulva costuma ocorrer nos sulcos interlabiais, períneo, face medial dos grandes lábios e, mais raramente, perianal. Geralmente se apresenta como lesão nodular, pedunculada ou vegetante. Quando vem associada a ulcerações deve-se considerar a possibilidade de malignidade, especialmente em idosas. A conduta terapêutica consiste na abordagem conservadora, através da exérese completa da lesão, com margens livres. As pacientes devem ser informadas sobre a possibilidade de recorrência.
1778
Obstetrícia
Hipertensão Intracraniana Idiopática na gestação: um relato de caso Autores: Bianca de Avila Lima, Rachel Horowicz Machlach, Maria Victória do Regô Barros Valle, Carolina Carvalho Mocarzel Palavras-chaves:
Hipertensão intracraniana idiopática
, Gestação e hipertensão intracraniana
, Hipertensão intracraniana benigna
Resumo
Hipertensão Intracraniana Idiopática na gestação: um relato de caso
Introdução: Hipertensão intracraniana idiopática (HII) é um distúrbio de aumento da pressão intracraniana (PIC), definida como pressão de abertura maior que 25mm de água, com neuroimagem e líquido cefalorraquiano (LCR) normais. Os mecanismos fisiopatológicos da PIC elevada em HII permanecem obscuros, com hipóteses que envolvem a produção excessiva ou absorção reduzida do LCR e aumento da pressão do seio venoso cerebral. A incidência estimada é de 1 a 2: 100.000 adultos, afetando normalmente mulheres obesas em idade fértil, sendo a prevalência entre mulheres grávidas entre 2 a 12%. A gestação não configura fator de risco para HII e sua associação é casual.
Relato de caso: A.C.M.B, 27 anos, primigesta. Portadora de hipertensão arterial crônica com pré-eclampsia sobreposta, diabetes mellitus tipo 2 e obesidade grau III, diagnosticada com HII após realização de fundoscopia no pré natal, durante a segunda metade da gestação, evidenciando edema papilar e hemorragia peripapilar bilaterais sugestivos de retinopatia hipertensiva grau IV e hipertensão intracraniana. Paciente referia cefaléia unilateral, pulsátil, leve, de longa data com resolução após uso de analgésicos orais, sem alterações visuais associadas. Tomografia computadorizada de crânio, realizada no mesmo período, descartou a presença de lesões expansivas, trombose de seio cavernoso, hidrocefalia obstrutiva e outras lesões. Punção lombar evidenciou PIC elevada, com LCR sem alterações. No seguimento ambulatorial com neurologia foi iniciado acetazolamida na dose de 250 mg diário, o máximo tolerado pela paciente e realizadas punções lombares de alívio, aproximadamente, a cada 15 dias, progredindo com melhora clínica.
Discussão: A HII é uma doença neurológica rara. A coexistência de HII e gravidez não aumenta o risco de progressão da doença e não piora o prognóstico materno-fetal. Não é contra-indicação para futuras gestações. Há risco de evolução para perda visual permanente ou algum grau de comprometimento visual. Em futuras gestações é recomendado evitar ganho ponderal significativo, por este ser um preditor de deterioração da visão e piora da HII. Mulheres que desenvolvem HII durante a gravidez são diagnosticadas e tratadas de forma semelhante a mulheres não grávidas, sendo a base terapêutica medicamentosa um inibidor da anidrase carbônica, a acetazolamida, seu uso na gestação é controverso e classificado como classe C pela Food and Drug Administration. A busca ativa da sintomatologia no pré-natal é mandatória, principalmente na população de alto risco para desenvolvimento da doença, como as obesas. O conhecimento dessa patologia por parte dos obstetras permite ao paciente diagnóstico e tratamento precoces, levando a uma abordagem mais resolutiva, menos intervencionista, focando na melhora da qualidade de vida e redução da morbidade.
1805
Obstetrícia
HISTERECTOMIA SUBTOTAL PÓS PARTO EM PACIENTE COM ACRETISMO PLACENTÁRIO: RELATO DE CASO Autores: Marrathma Sepulveda Ribeiro, Alessandra Vicentini Mauri Taliuli, Judith Amaral Américo, Letícia Campos de Abreu e Silva, Maíra Sepulveda Ribeiro Rodrigues Palavras-chaves:
Histerectomia
, Acretismo
, Cesárea
Resumo
HISTERECTOMIA SUBTOTAL PÓS PARTO EM PACIENTE COM ACRETISMO PLACENTÁRIO: RELATO DE CASO
Introdução: O acretismo placentário consiste na aderência anormal da placenta na parede do útero. Quando se insere diretamente ao miométrio, chama-se placenta acreta, ao atingir a camada miometrial mais profundamente, denomina-se placenta increta, e quando atinge a serosa uterina ou órgãos adjacentes, é denominada placenta percreta. O fator de risco mais relevante consiste na presença de cesarianas anteriores. Relato do caso: Paciente de 20 anos, Gesta: 2; Para: 2; Aborto: 0 (G2/P2/A0), idade gestacional (IG): 39 semanas e 2 dias. Pré-natal irregular, sem alterações da vitalidade fetal, com dilatação do colo uterino de 3-4 cm, foi internada para cesárea. Durante a cirurgia, após o nascimento e dequitação placentária, verificou-se presença de hemorragia vultosa, sem resposta às manobras uterinas e intervenção medicamentosa. Na ausência de resultados, a equipe decidiu submeter a paciente a histerectomia subtotal de emergência, por se tratar de uma placenta increta. Após a cirurgia a paciente foi estabilizada e posteriormente retornou à enfermaria, onde recebeu os cuidados necessários. Discussão: Sabe-se que as mulheres submetidas a cesáreas anteriores possuem maior chance de evoluir com acretismo placentário devido a formação de cicatrizes uterinas prévias. Dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do acretismo placentário estão: multiparidade, idade avançada, miomectomia prévia, aderências endometriais, leiomiomas submucosos, tabagismo, hipertensão na gravidez, úteros com malformações, embolização das artérias uterinas, dentre outros. A placenta increta consiste na penetração do tecido corial no miométrio. Devido a essa implantação e formação de neovasos, a paciente apresenta risco elevado de hemorragia pós parto, sendo o diagnóstico precoce essencial para melhor prognóstico da paciente. O diagnóstico, ainda hoje, representa um desafio para a medicina, pois cerca de metade das pacientes descobrem a doença intraparto. Os sinais ultrassonográficos de placenta acreta são sutis e de difícil visualização, especialmente em inserções posteriores ou centrais, porém, a ultrassom com doppler é considerado um bom método diagnóstico por possibilitar melhor visualização de anormalidades. Desse modo, o planejamento do parto, em diagnósticos precoces, possibilita a tentativa de uma abordagem mais conservadora, minimizando prejuízos à paciente, preservando a integridade materna.
1774
Ginecologia
HOMENS TRANS E RASTREAMENTO DE CÂNCER CERVICAL - QUAIS AS DIFICULDADES? Autores: ELOISA SOTILLI SCARIOTI, RITA MAIRA ZANINE, DULCIMARY DIAS BITTENCOURT Palavras-chaves:
Cervical cancer
, HPV
, Pap test
, Transmasculine
, Health behavior
Resumo
HOMENS TRANS E RASTREAMENTO DE CÂNCER CERVICAL - QUAIS AS DIFICULDADES?
Introdução: o termo trans se refere às pessoas cuja identidade de gênero não corresponde às normas sociais associadas ao seu sexo biológico. Diversos fatores contribuem para a dificuldade de acesso ao Sistema Único de Saúde por parte das pessoas trans. Entre eles encontram-se o desrespeito ao nome social e a discriminação. De acordo com a estimativa de 2020 do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), o número de casos novos de câncer de colo uterino esperados para o ano de 2021 é de 16.590. O papilomavírus humano (HPV) está entre as principais causas de infecções sexualmente transmissíveis atualmente. Sua apresentação clínica pode variar de pequenas lesões inócuas até a malignização. O rastreamento frequente, em conjunto com seguimento e tratamento adequados, reduziu significativamente a incidência de câncer cervical.
Objetivo: avaliar as barreiras associadas à coleta da citologia oncótica cervical (CO) na população de homens trans e descrever o perfil demográfico desta população.
Métodos: questionário online de 19 itens baseado na estrutura conceitual do Health Belief Model, avaliando as percepções de suscetibilidade, gravidade, benefícios, barreiras e motivação geral com a saúde. Além disso, foram avaliados a familiaridade com câncer cervical, HPV (Papilomavírus Humano) e com a CO, a regularidade na coleta e o desejo de autocoleta.
Resultados: a média de idade dos participantes foi de 30 anos. A maioria possui emprego com carteira assinada, renda de até 1 salário-mínimo, e plano de saúde. São majoritariamente solteiros, heterossexuais, trans, e completaram o ensino médio. Possuem boa familiaridade com HPV e câncer de colo uterino e estão cientes da importância da coleta da citologia oncótica cervical. Menos de 20% dos participantes estão atualizados na coleta, o que pode ser justificado pela discriminação e medo de procedimentos invasivos, e também pelos déficits na assistência à saúde associados à Covid-19. Apenas 25,9% expressaram desejo de autocoleta.
Conclusão: a maioria dos participantes estão desatualizados na coleta da CO, e referem más experiências no passado, discriminação, e medo de procedimentos invasivos. É papel fundamental dos profissionais de saúde se atentar para as necessidades desta população marginalizada, e são necessárias políticas públicas de incentivo à coleta da citologia oncótica cervical nos homens trans.
1741
Obstetrícia
IMPACTO DA DEPRESSÃO EM PUÉRPERAS NO PERÍODO DA PANDEMIA DA COVID-19 Autores: Mariana de Moraes Forain Coutinho de Souza, Letícia Rodrigues Figueiredo Silva, Thalia Leal Dibo, Antônia Quarti de Andrade, Giovanna Apocalypse Souza, Juliana Afonsso Mathiles Palavras-chaves:
Puerpério
, Depressão
, COVID-19
Resumo
IMPACTO DA DEPRESSÃO EM PUÉRPERAS NO PERÍODO DA PANDEMIA DA COVID-19
Introdução: A pandemia do novo coronavírus (SARS-COV 2), impactou todo o mundo em morbidade e mortalidade. Alguns indivíduos foram enquadrados como grupos de risco para o desenvolvimento de formas mais graves da doença, as gestantes foram classificadas como um desses grupos de acordo com a OMS. As consequências da pandemia como o isolamento social, o medo de adquirir a doença e suas complicações, contribuíram para o aumento da ansiedade e depressão em muitos indivíduos, sendo observado um quadro mais preocupante quando se trata de gestantes. A gestação é um processo de mudanças no organismo materno, hormonais e psicossociais. Nesse sentido, é possível que o desenvolvimento de depressão pós-parto tenha sido mais frequente diante desse cenário de incertezas e preocupações, causados pela pandemia da COVID-19.
Objetivo: Apresentar indicadores sobre a depressão pós-parto em puérperas em meio a pandemia do COVID-19, relacionando a possíveis fatores de risco.
Material e Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática de literatura nas bases de dados BVS e PudMed sobre o tema “depressão em puérperas no período da pandemia da COVID-19”. A análise de dados ocorreu a partir da categorização dos estudos com os descritores “puerpério”, “depressão”, “COVID-19”. A amostra final contou com 15 artigos.
Resultados e Conclusão: Os resultados encontrados apontam que a prevalência combinada de sintomas depressivos pós-parto foi de 34%, entre as mulheres que vivenciaram o parto durante a pandemia de Covid-19, muito maior do que a relatada em estudos pré-pandêmicos (CHEN et al.,2022). Dentre os fatores associados a esse aumento podem-se destacar a necessidade de isolamento social, a interrupção rotineira do trabalho, a ansiedade decorrente da falta de leitos, as preocupações com a exposição a COVID-19, a suspensão das visitas domiciliares pós-parto e a ausência de companheiro. A forma mais grave de depressão, com ideação suicida, foi associada à aquisição de informações sobre a pandemia por meio de amigos. Em contrapartida, uma boa acessibilidade aos serviços de saúde durante a gestação e um bom acompanhamento em serviços de qualidade, foram reconhecidos como fatores de proteção contra o desenvolvimento de depressão pós-parto. Dessa forma, entende-se ser necessária a realização de novas pesquisas com metodologias capazes de trazer evidências científicas a respeito da alta prevalência de sintomas depressivos e pós-traumáticos em gestante e em puérperas durante a pandemia de Covid-19. Destaca-se ainda ser substancial a detecção precoce desse sofrimento e a avaliação dos seus efeitos mentais, permitindo assim o fornecimento de suporte psicológico adequado tanto por profissionais de saúde como por familiares dessas mulheres.
1858
Ginecologia
Impacto da educação sexual em um grupo de alunos do ensino fundamental de uma escola pública de Teresina Autores: Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Nicácia Carvalho Dantas da Fonsêca, Juliana Guimarães de Macau Furtado, Giovanna Barros Castelo Branco, Ana Vitória de Jesus Félix Palavras-chaves:
Saúde Reprodutiva
, Educação Sexual
, Contracepção
Resumo
Impacto da educação sexual em um grupo de alunos do ensino fundamental de uma escola pública de Teresina
Introdução: A adolescência é um período de transição para a maturidade, correspondente dos 10 aos 19 anos. As transformações dessa fase muitas vezes podem se tornar um problema devido à falta de informação, de comunicação entre os familiares, tabus ou mesmo pelo fato de ter medo de assumi-la, manifestando-se através de práticas sexuais desprotegidas. Em experiência de trabalho com adolescentes, constatou-se a importância e o valor atribuídos à escola por parte dos adolescentes, da família e da comunidade, em contrapartida, há uma lacuna de informações pela falta da educação sexual. Além de ser uma das primeiras instituições a manter contato, com local eminentemente coletivo que proporciona ao adolescente a experimentação da formação da sua identidade para além da família, ainda é na escola que o jovem entra em contato com outros valores e significados e, ao confrontar ao herdado, elabora sua própria conduta, ou seja, caberia à escola oferecer aos jovens uma realidade diferente da família. Portanto, torna-se um local propício e adequado para o desenvolvi; mento de ações educativas, atuando nas diferentes áreas dos saberes humanos. Objetivos: demonstrar a importância da realização e difusão de conhecimento, principalmente em um público mais suscetível a desinformação e avaliar o impacto e absorção adequada do conhecimento nessa faixa etária.
Materiais e métodos: inicialmente realizou-se uma capacitação para adequada realização da ação educativa. Foram realizadas 4 aulas com estudantes do Ensino Fundamental II de uma escola pública de Teresina-PI. Durante as aulas foram abordados os temas: mudanças corporais, infecções sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos e afeto e sexualidade. Em tais encontros perguntas contendo dúvidas comuns da faixa etária eram expostas e questionado e instigando a participação através de votação para definir se mito ou verdade, para as explicações priorizou-se material audiovisual, a fim de que se tornasse o mais interessante possível ao publico alvo, como por exemplo vídeos de series e filmes, além de músicas e slide chamativo.
Resultados e Conclusão: observou-se durante as ações a efetiva participação dos alunos pela plataforma VEVOX onde ocorria a votação de mito ou verdade, mantendo a atenção dos adolescentes, além de instigar a curiosidade. Além disso foi possível mensurar o percentual de acerto e identificar pontos de maior deficiência no conhecimento dos temas. Dessa forma, foi possível estabelecer vínculo com os estudantes, identificar a falha da educação sexual de adolescentes e transmitir de forma adequada o conhecimento.
1855
Ginecologia
Impacto da Jornada LGBTQIA+: Assistência em Saúde a Mulheres que fazem Sexo com Mulheres na formação de estudantes da área da saúde Autores: Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Ana Vitória de Jesus Félix, Bruna Benigna Sales Armstrong, Juliana Guimarães de Macau Furtado, Laura Beatriz Soares Mineiro Palavras-chaves:
Mulher que faz sexo com Mulher (MSM)
, Lésbicas
, Bissexuais
, Inclusão
, Saúde da Mulher
Resumo
Impacto da Jornada LGBTQIA+: Assistência em Saúde a Mulheres que fazem Sexo com Mulheres na formação de estudantes da área da saúde
INTRODUÇÃO: A necessidade de discussão de pautas sobre direitos sexuais e reprodutivos é urgente à sociedade atual, movimentos sociais buscam mais inclusão de grupos marginalizados, por isso, é preciso que, ao disseminar conhecimentos sobre saúde da mulher. No Brasil, há dados de que 3 a 5% das mulheres experienciaram relação sexual com outras mulheres ao longo da vida. Nesse cenário, observa-se um número expressivo, que precisa ter suas necessidades atendidas. No entanto, pesquisas apontam os serviços de saúde como um dos principais contextos para ocorrência de discriminação para população LGBT. Nesse sentido, organizou-se a Jornada LGBTQIA+: Assistência em Saúde à MSM (Mulher que faz Sexo com Mulher). OBJETIVO: Demonstrar a importância da realização de cursos que discutam sobre o atendimento e as vivências em saúde da população LGBTQIA+, especialmente de mulheres lésbicas e bissexuais, para a formação de profissionais da saúde.MÉTODOS: A organização de integrantes do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), reuniu-se online durante maio e junho para definição logística e de métodos avaliativos. Em virtude da pandemia da COVID-19, optou-se pela transmissão de 4 aulas no canal do YouTube, ao final das quais foi disponibilizado um formulário de feedback e presença. Foram abordados: Invisibilidade das MSM no sistema de saúde, maternidade em casal de mulheres e desafios impostos, práticas sexuais e cuidados em saúde das MSMs e houve também uma mesa redonda de mulheres lésbicas e bissexuais sobre os entraves para a assistência em saúde. O público incluiu acadêmicos da área da saúde e membros da comunidade com interesse pelos temas desenvolvidos. RESULTADOS: A Jornada contou com 79 inscritos (36,7% destes estiveram presentes em todas as palestras), estudantes e profissionais de áreas diversas, mas, principalmente da área da saúde, atingindo o objetivo de reduzir a deficiência dos debates sobre esse assunto durante a graduação e promover visibilidade à MSM. CONCLUSÃO: Nesse sentido, foi evidente a quantidade de dúvidas que conseguiram ser sanadas no decorrer da ação. Muitos ainda não sabem como proceder diante de minorias sexuais, mostrando que são necessárias pesquisas adicionais sobre necessidades de saúde e proteção contra ISTs para MSM, uma melhor formação e aproximação para gestores e profissionais da saúde. Ademais, a discussão sobre maternidade em casais de mulheres evidenciou a necessidade de um olhar humanizador nos serviços de saúde e como o profissional pode ser um agente transformador dessa vivência. Houve uma importante interação e troca de experiências entre inscritos, palestrantes e mulheres que fazem sexo com mulheres. Dessa forma, contribuiu para minimizar a invisibilização dessa parcela da população, demonstrando colaboração com a criação de profissionais de saúde mais humanos e éticos.
1818
Ginecologia
Impacto da noctúria na qualidade de vida geral e específica de mulheres atendidas em dois ambulatórios de uroginecologia do sistema único de saúde: um estudo transversal Autores: Ingrid Antunes da Silva, Carlos Augusto Faria, Iris Cardoso de Pádua Terra, Raquel Luiz Queres, Guilherme da Silva Bueno, Alice Ferreira de Almeida Palavras-chaves:
noctúria
, qualidade de vida
, saúde da mulher
Resumo
Impacto da noctúria na qualidade de vida geral e específica de mulheres atendidas em dois ambulatórios de uroginecologia do sistema único de saúde: um estudo transversal
Introdução: A noctúria é definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS) e pela Associação Uroginecológica Internacional (IUGA) como um ou mais episódios de despertar noturno para urinar, sucedidos por um período de sono. Ela possui impacto sobre a qualidade de vida (QV) em algumas populações, principalmente devido aos efeitos deletérios sobre o sono. Alguns estudos vêm mostrando que a maioria dos participantes que apresentam uma micção noturna não referem comprometimento da QV. Objetivo: Avaliar o impacto da noctúria sobre a QV geral e específica de pacientes atendidas em dois ambulatórios de Uroginecologia do Sistema Único de Saúde. Materiais e métodos: Trata-se de estudo transversal, com amostra de conveniência, tendo como população mulheres com queixas de sintomas do trato urinário baixo. Os critérios de inclusão foram sexo feminino e capacidade cognitiva preservada. Os critérios de exclusão foram idade inferior a 18 anos, gestantes e histórico de radioterapia pélvica, cirurgia para câncer pélvico ou doença neurológica. Foi registrado o número de micções noturnas das participantes em ficha de anamnese e aplicados o questionário International Consultation on Incontinence Questionnaire Overactive Bladder Module (ICIQ-OAB), que avalia o impacto de sintomas urinários sobre a QV, e o questionário World Health Organization Quality-Of-Life em sua versão abreviada (WHOQOL-bref), que avalia a QV em geral. Calcularam-se os escores de cada um dos domínios do WHOQOL-bref (ambiente, psicológico, físico e social), além da pontuação geral, e foi considerada pior qualidade de vida a pontuação inferior ao percentil 25. Os escores da pergunta 4b do ICIQ-OAB, assim como a escala visual analógica (EVA), foram utilizados para avaliar o impacto específico da noctúria sobre a QV. Foram avaliados dois cenários: o primeiro, considerando como noctúria um ou mais episódios de micção por noite e o segundo, considerando noctúria dois ou mais episódios por noite. Os testes do Chi-quadrado e exato de Fisher foram utilizados para avaliar a associação de noctúria com pior qualidade de vida geral e específica nos dois cenários já descritos. A significância estatística foi definida por p > 0.05. Resultados e conclusão: Foram incluídas 59 pacientes na análise. Dessas, 77,59% relataram um episódio de noctúria ou mais. Não foi observada associação entre noctúria e piores escores de nenhum dos domínios do WHOQOL-bref. Por outro lado, houve associação estatisticamente significante entre noctúria e piores escores da pergunta 4b e na EVA em ambos os cenários estudados. Portanto, na população estudada, a noctúria não traz impacto negativo na QV em geral, mas seu impacto específico é relevante. É possível que tenham contribuído para tal resultado o fato de se tratar de uma população frequentadora de serviços especializados, com múltiplas comorbidades, que levam a comprometimento da QV geral independentemente da presença de noctúria.
1722
Ginecologia
Impacto da pandemia de covid-19 sobre o programa de treinamento em Ginecologia Autores: Alfredo de Almeida Cunha, Valéria Fonseca Bruno, Josiane Oliveira Gomes Palavras-chaves:
Educação em Saúde
, Cirurgia
, Residência Médica
, Covid-19
Resumo
Impacto da pandemia de covid-19 sobre o programa de treinamento em Ginecologia
INTRODUÇÃO. A pandemia de covid-19 causou suspensão das cirurgias ginecológicas eletivas pela necessidade de utilização dos leitos para os portadores de covid-19.
OBJETIVO. Traçar o perfil do Serviço de Ginecologia de hospital terciário antes da pandemia de covid-19.
MATERIAIS E MÉTODOS. População. Portadoras de patologia ginecológica cirúrgica atendidas no período de março a maio de 2019. Desenho: estudo descritivo das cirurgias realizadas em período anterior à pandemia de covid-19, comparando o movimento cirúrgico com o ano de 2020, durante a pandemia de covid-19. Os dados do prontuário foram digitados em base de dados construída com o programa Epi Info versão 7, que foi utilizado para a análise estatística. Esta constou da frequência das características sociais, clínicas e das cirurgias realizadas.
RESULTADOS. Foram internadas 41 pacientes com idade variando de 23 a 79 anos, a maioria como profissionais do lar (20/41), com peso entre 53 e 110 kg, altura entre 1,45 m e 1,70 m, IMC entre 20,7 e 43,7 com prevalência de 28% de sobrepeso, a maioria de cor branca (20/41) e com união civil estável em 32/41. Entre as queixas predominaram o sangramento uterino anormal (16/41) e prolapso genital (6/41). Eram portadoras de HAS (19/41), diabetes mellitus (8/41), doenças da tireóide (5/41). As cirurgias realizadas foram histeroscopia cirúrgica (14/41), laparoscopia (2/41), laparotomia (13/41) e cirurgia vaginal (12/41). No mesmo período de 2020 (pandemia) foram realizadas 14 cirurgias, com redução de 65%.
DISCUSSÃO. O movimento cirúrgico era adequado para treinamento dos Residentes do segundo e terceiro ano do Programa de Residência Médica em Ginecologia e Obstetrícia. O treinamento em cirurgia ginecológica depende, como qualquer outra especialidade cirúrgica, do movimento do Serviço e do tipo de cirurgia realizada. Este é o momento do treinamento que, se não atendido deixa lacuna irreparável na formação do especilalista. Com a pandemia, a partir de janeiro de 2020, as cirurgias ficaram restritas às urgências e casos de câncer, causando grande redução no número de cirurgias, prejudicando o treinamento dos Residentes.
CONCLUSÃO. Infelizmente, a pandemia impactou fortemente o programa de treinamento cirúrgico em Ginecologia.
1850
Ginecologia
Impactos do treinamento sobre indicação e inserção de sistemas intrauterinos de levonorgestrel na formação do médico residente em ginecologia Autores: Lia Cruz Vaz da Costa Damásio, Alice Mayra Carvalho e Silva, Eloina Hadigyna Leite Sousa Campelo, Ana Vitória de Jesus Félix, Bruna Benigna Sales Armstrong, Priscila de Sousa Barros Lima Palavras-chaves:
Residência médica
, Capacitação acadêmica
, Dispositivo intrauterino
Resumo
Impactos do treinamento sobre indicação e inserção de sistemas intrauterinos de levonorgestrel na formação do médico residente em ginecologia
Introdução: Os Sistemas Intrauterinos (SIU) são umas das formas mais práticas e efetivas de contracepção, unindo a eficácia de longo prazo e índices de falha semelhantes aos da esterilização cirúrgica com o diferencial de ser reversível. Possuem dois possíveis mecanismos de ação: não hormonal e hormonal. Os SIUs hormonais funcionam pela liberação constante de levonorgestrel (SIU-LNG), um progestágeno potente de longa-ação que suprime o endométrio, reduzindo o volume e a duração da menstruação. Apesar de vir ganhando destaque no exterior pelo seu potencial terapêutico no controle do sangramento uterino anormal e pelos menores índices de gravidez indesejada, além dos diversos benefícios e indicações amplas abrangendo mulheres nulíparas, adolescentes ou lactantes; o uso do SIU-LNG no Brasil apresentou adesão mínima em relação aos demais métodos contraceptivos. Este fato deve-se ao desconhecimento de opções contraceptivas reversíveis, principalmente de longa duração (LARC), e à sua menor disponibilidade nos setores públicos e privados brasileiros. Diante deste cenário, os profissionais de saúde desempenham papel essencial na quebra de mitos sobre o SIU-LNG. Contudo, evidências indicam que o desconhecimento dos seus usos e benefícios, bem como a preocupação com expulsões, perfuração e atraso no retorno à fertilidade, impedem o aconselhamento adequado sobre o SIU-LNG pelos profissionais da saúde. Objetivo: Demonstrar a importância da realização de cursos práticos de capacitação quanto à indicação e à técnica de inserção do SIU-LNG e o impacto na formação de médicos residentes em ginecologia do estado do Piauí.
Material e Métodos: Realizou-se capacitação teórica com residentes, na qual se explicaram todas etapas de inserção do SIU-LNG, benefícios, malefícios e seu diferencial quando comparado com outros métodos contraceptivos. O treinamento prático deu-se com uso de modelos pélvicos, DIUS e todo material necessário para a aplicação, visando tornar a prática confortável e realista. A implantação do SIU-LNG ocorreu em pacientes previamente selecionadas, sob supervisão dos orientadores do curso. Posteriormente, foi aplicado um formulário estruturado para avaliar a satisfação dos residentes com o treinamento e sua relevância para a formação daqueles. Resultados e Conclusão: Observou-se, por meio de formulário de auto avaliação do médico residente, que a realização de um treinamento teórico-prático acerca da indicação e colocação de SIU-LNG é pertinente para a educação continuada de residentes em ginecologia, repercutindo positivamente em sua formação acadêmica. O curso permitiu ampliar os conhecimentos acerca dos métodos contraceptivos e da terapêutica para o sangramento uterino anormal, bem como a prática do exame físico ginecológico em manequins e o exercício da execução de procedimentos ambulatoriais, preenchendo uma lacuna na formação teórico-prática de médicos residentes em ginecologia do estado do Piauí.
1767
Ginecologia
IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM IDOSA: RELATO DE CASO Autores: ISADORA SANDI, GISELI COSTELLA, JÚLIA COSTA GUASSELLI, ANA CARLA PAGNO PAIM, PAULO ROBERTO CARDOSO CONSONI Palavras-chaves:
Incontinência Urinária
, Idoso
, Qualidade de Vida
Resumo
IMPACTOS PSICOSSOCIAIS DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM IDOSA: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: Incontinência urinária (IU) é qualquer perda involuntária de urina. Apresenta-se na população idosa com etiologia multifatorial, resultante de alterações do envelhecimento, lesões do sistema urinário e nervoso, comorbidades, uso de medicamentos, declínio cognitivo e funcional. A IU interfere negativamente na qualidade de vida, devido ao isolamento no convívio social e familiar, causando sentimentos de depressão/ansiedade e vergonha. O presente trabalho tem por objetivo relatar o caso de uma idosa com incontinência urinária e o impacto em sua qualidade de vida. RELATO DO CASO: Realizou-se quatro visitas domiciliares a T.R.S., 74 anos, viúva, auxiliar de enfermagem aposentada, residente em Canoas, vinculada à Unidade Básica de Saúde da região da sua residência. Teve 7 gestações e 1 aborto. Mora sozinha. Recebe ajuda do filho que mora próximo para organizar as medicações. Diagnosticada com IU, aguarda consulta com fisioterapeuta pélvico e caso não resolva, tem planos de realizar cirurgia. Faz uso de Cloridrato de Oxibutinina 5mg e de terapia hormonal tópica à base de Estradiol, que auxiliam nos sintomas urinários. Relata dificuldades em conter urina ao despertar, sentindo-se desconfortável com a situação e sem confiança para sair de casa. Queixa-se de dores no corpo, principalmente nas articulações, devido à osteoartrite crônica. Deambula com auxílio de bengala. Faz uso diário de anti-inflamatórios para a dor e Carbonato de cálcio + vitamina D e Alendronato de sódio para osteoporose e osteoartrite. Usa Amitriptilina para dormir e Fluoxetina para os sintomas de depressão/ansiedade que apresenta. Devido às dificuldades de locomoção as consultas médicas são realizadas no domicílio a cada dois meses. DISCUSSÃO: A IU é uma patologia prevalente na população geriátrica, trazendo impactos e prejuízos de vida como limitação nas atividades diárias e sociais, além de sintomas depressivos. Quanto ao tratamento instituído, observa-se que apesar de Oxibutinina ajudar no controle da bexiga hiperativa, a paciente não apresenta a classificação da IU; e devido a possíveis efeitos adversos (visão embaçada, perda do equilíbrio) torna-se temerário a possibilidade de queda; e por bloqueio à produção de acetilcolina, prejuízo cognitivo e depressão. Amitriptilina piora o estado cognitivo por efeito de sedação prolongado e risco de queda por hipotensão ortostática e arritmia cardíaca. Fluoxetina possui meia vida longa, podendo causar síndrome serotoninérgica. Hormônio via vaginal parece adequado em idosas e a fisioterapia pélvica é adequada após exame de urodinâmica e avaliação ginecológica. Apesar disso, ela permanece subdiagnosticada e com interações medicamentosas com alto risco. Dessa forma, é importante que os profissionais estejam aptos a diagnosticar e tratar ou encaminhar para que receba tratamento individualizado a fim de melhorar a qualidade de vida dela.
1747
Obstetrícia
INCIDÊNCIA DE COVID-19 EM GESTANTES E PUÉRPERAS NO ESTADO DO AMAZONAS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A MARÇO DE 2022. Autores: Rebecca Nobre Marques, Edna Victoria Bevilaqua Barros, Maria Victória Emanuelli Queiroz, Isabela do Nascimento Gomes, Giovanna Dib de Almeida, SIGRID MARIA LOUREIRO DE QUEIROZ CARDOSO Palavras-chaves:
Infecção por Coronavírus
, Gravidez
, Período Pós-Parto
Resumo
INCIDÊNCIA DE COVID-19 EM GESTANTES E PUÉRPERAS NO ESTADO DO AMAZONAS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A MARÇO DE 2022.
INTRODUÇÃO
Na gestação, a mulher passa por diversas mudanças para garantir o bem-estar do feto e da mesma, que se iniciam na primeira semana de gestação e duram até o retorno do organismo a condições pré-gravídicas. Na pandemia, as gestantes foram incluídas no grupo de risco da doença. O Coronavírus pode causar resultados adversos graves na gestação, como aborto espontâneo, parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino e morte materna. A literatura aponta que gestantes com infecção por Sars-Cov-2 e que evoluem para um quadro grave associado a uma comorbidade têm probabilidade aumentada de passar por um parto cesáreo de emergência ou prematuro, o que eleva o risco de morte da mãe e do bebê.
OBJETIVOS
Analisar dados fornecidos pela Fundação de vigilância em saúde do Amazonas (FVS AM) sobre casos de Covid-19 em gestantes e puérperas no período de março/2020 a março/2022.
MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo retrospectivo, descritivo com abordagem quantitativa, envolvendo análise de dados sobre casos de Covid-19 em gestantes e puérperas fornecidos pela FVS-AM, de março de 2020 a março de 2022. Os dados foram extraídos do site da FVS-AM. As variáveis analisadas foram os números de casos, mês de maior incidência e letalidade.
RESULTADOS
Em 2020, foram 1.450 gestantes infectadas, sendo julho o mês de maior incidência com 273 casos (18,8% do total). A letalidade foi de 0,9% ao ano. Nas puérperas, o número de casos equivaleu a 183, com apenas 6 óbitos (3,2%) dentre esses.
Já no ano de 2021, o número de casos em gestantes foi de 1.281, letalidade de 2,5% ao ano e o mês de janeiro foi o de maior incidência com 400 casos (31,2% do total). O número de puérperas infectadas foi 145, com 36 óbitos (24,8%).
Por fim, em 2022, os dados até março apontam uma incidência de 93 casos em gestantes, com apenas 1 óbito notificado (1%). Janeiro foi o mês de mais incidentes, com 73 casos (78,4% do total até então). As puérperas infectadas totalizam 34 e houve apenas 2 óbitos (5,8%) entre elas.
CONCLUSÃO
Em 2021, houve um aumento de casos e de letalidade dentro do cenário amazonense, quando comparado ao ano anterior. O colapso da rede de saúde estadual por falta de leitos e oxigênio no Amazonas durante a onda de 2021 pode explicar tamanha expansão das variáveis analisadas. Os casos regridem em 2022 até então, em gestantes e puérperas. Uma prova disso é que, apesar de 2021 e 2022 apresentarem o mesmo mês com a maior incidência (janeiro), há uma considerada diminuição entre o número de casos quando comparados. Vacinação e menor letalidade de uma nova variante podem ser relacionadas ao fato, bem como uma melhor preparação dentro do sistema de saúde frente a doença. Deve-se manter a atenção a essas mulheres, devido aos fatores de risco e consequências relacionadas a doença, para que diagnóstico e tratamento precoce possam ser inseridos de maneira a não comprometer o feto e a mãe, garantindo o direito da mulher de ter parto e puerpério saudáveis.
1786
Obstetrícia
ÍNDICE DE COVID-19 EM GESTANTES NA CIDADE DE MANAUS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A DEZEMBRO DE 2021: CORRELAÇÃO ENTRE INTERNAÇÃO, FAIXA ETÁRIA, COMORBIDADES E MORTALIDADE Autores: Diedra Naara Barros Silva, Fernanda Maria Bittencourt de Carvalho, Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso Palavras-chaves:
Covid-19
, gestantes
, comorbidades
Resumo
ÍNDICE DE COVID-19 EM GESTANTES NA CIDADE DE MANAUS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A DEZEMBRO DE 2021: CORRELAÇÃO ENTRE INTERNAÇÃO, FAIXA ETÁRIA, COMORBIDADES E MORTALIDADE
Introdução: No mês de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde – OMS declarou o estado de pandemia devido à nova doença denominada Covid-19, causada pelo SARS-CoV-2. Tal patologia possui espectro clínico que varia entre assintomáticos a quadros mais graves, gerando preocupações entre os grupos de risco, dentre eles as gestantes, que apresentaram maior chance de hospitalização, especialmente aquelas que possuem alguma comorbidade. Objetivo: O estudo tem como objetivo avaliar casos de Covid-19 em gestantes na cidade de Manaus no período de março de 2020 a dezembro de 2021 e suas correlações com internação, faixa etária, comorbidades e mortalidade materna. Materiais e Método: Trata-se de um estudo quantitativo descritivo em pacientes gestantes com Covid-19, correlacionando internação, faixa etária, comorbidades e mortalidade materna. Os dados foram obtidos através do Monitoramento da Covid-19 em Grávidas e Puérperas no Estado do Amazonas, encontrado no site da FVS-AM. Resultados e Conclusão: Foram notificados o total de 2.824 casos em gestantes durante o período de janeiro de 2020 a dezembro de 2021, sendo que destes, 703 precisaram de internação hospitalar. Entre esses, o maior número de casos foi na faixa etária de 20-29 anos, com 321. Das gestantes internadas, algumas apresentavam comorbidades, sendo as mais prevalentes a asma (5,8%), doença cardíaca crônica (4,4%), diabetes (4,9%), obesidade (2,7%), doença hematológica (1,1%), imunussupressão (0,8%), pneumopatia crônica (0,5%), doença renal crônica (0,5%) e doença neurológica crônica (0,5%). No total, 48 casos evoluíram para óbito materno, sendo a faixa etária mais prevalente a de 30-39 anos, com 27 óbitos. Com a obtenção das vacinas, o número de casos e a gravidade vêm diminuindo, entretanto deve-se manter os cuidados básicos como lavagem das mãos, uso de álcool em gel, máscaras em ambientes fechados e distanciamento social sempre que possível.
1785
Obstetrícia
ÍNDICE DE MORTALIDADE MATERNA POR COVID-19 NO ESTADO DO AMAZONAS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A MARÇO DE 2022: UMA COMPARAÇÃO DE DADOS COM O ESTADO VACINAL. Autores: Lucila Cristina Tomé Garcia, Samuel Elias Basualto Dias, Camylla Rita Lima do Nascimento, Bruna Guimarães Dutra, Ranna Simões e Souza, Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso Palavras-chaves:
COVID-19
, Gestação
, Vacinação
Resumo
ÍNDICE DE MORTALIDADE MATERNA POR COVID-19 NO ESTADO DO AMAZONAS NO PERÍODO DE MARÇO DE 2020 A MARÇO DE 2022: UMA COMPARAÇÃO DE DADOS COM O ESTADO VACINAL.
INTRODUÇÃO: A COVID-19, infecção causada pelo vírus SARS-CoV-2, se disseminou rapidamente ao redor do mundo, sendo declarada, em março de 2020, situação de pandemia pela World Health Organization. Também nesse mês foi identificado o primeiro caso no Amazonas e logo após determinou-se estado de calamidade pública (FVS-AM). O isolamento social e o uso de máscaras estão relacionados à redução do contágio, porém a flexibilização dessas medidas implica na ocorrência de novas ondas de disseminação (Wiersinga et al, 2020). A doença desencadeia quadros clínicos predominantemente respiratórios de gravidade variável, apresentando sintomas brandos, como tosse, ou afecções mais graves que podem levar à morte (Thompson et al, 2020). Preconiza-se a gestação como fator de risco para COVID-19, uma vez que as alterações fisiológicas no sistema imunológico e cardiorrespiratório durante a gravidez seriam capazes de tornar a gestante mais suscetível a desenvolver agravos durante a infecção (Dashraath et al, 2020). O surgimento das vacinas mostra-se eficaz em reduzir o número de óbitos (Patel et al, 2021).
OBJETIVO: Comparar a taxa de óbitos em gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 durante a disseminação do vírus entre março de 2020 e maio de 2021 antes do início da vacinação, e após o início, a partir de junho de 2021 até o mês de março de 2022.
MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo descritivo, observacional, transversal, através de dados obtidos no Portal de Transparência COVID-19 da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas. Foram coletados dados referentes a óbitos por COVID-19, por faixa etária, em gestantes entre março de 2020, início da pandemia, a 23 de março de 2022, data de última atualização dos dados. Estas informações foram divididas em dois períodos: antes e após início da vacinação contra COVID-19. Por serem dados disponibilizados em plataforma pública não foi necessária aprovação em Comitê de Ética em Pesquisa.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: Entre março de 2020 e maio de 2021, período anterior à vacinação contra COVID-19, foram identificados 2447 casos de infecção por SARS-CoV-2, com maior prevalência em gestantes de 20 a 29 anos (47,28%), e 44 óbitos (índice de letalidade: 1,80%), acometendo principalmente gestantes entre 30 e 39 anos (59,09%), sendo a maior taxa de letalidade por faixa etária (3,26%). Após início da vacinação, entre junho de 2021 e março de 2022, foram constatados 377 casos de COVID-19, dos quais houve 4 óbitos (índice de letalidade: 1,06%). A faixa etária com maior quantidade de casos e óbitos foi a de 20 a 29 anos (53,31% e 50%, respectivamente), enquanto a maior taxa de letalidade acometeu a faixa de 15 a 19 anos (1,89%). Pode-se observar que a quantidade de óbitos reduziu consideravelmente comparando os dois períodos (90,9%). O principal fator responsável pela redução de casos e óbitos é a vacinação desse grupo de risco. Assim, conclui-se que a vacinação é eficaz em reduzir a mortalidade por essa doença, devendo ser incentivada.
1831
Ginecologia
ÍNDICE DE MULHERES QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA CIDADE DE MANAUS EM JAN/2019 A DEZ/2021 Autores: Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso, Flaviane Leismann Boita, Luana Tereza Rodrigues Alves Alencar Palavras-chaves:
Violência Doméstica
, Pandemia
, Manaus
Resumo
ÍNDICE DE MULHERES QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NA CIDADE DE MANAUS EM JAN/2019 A DEZ/2021
Resumo
Para conter o aumento dos casos do novo coronavírus, o Sars-CoV-2, nomeado como Covid-19, o mecanismo adotado pela comunidade cientifica foi o isolamento social. Com isso, o cotidiano das famílias muda radicalmente e logo nos primeiros meses em todo os países observou-se um aumento dos casos de violência doméstica. Sob essa perspectiva, o cotidiano das famílias altera-se radicalmente e traz à tona uma problemática: o aumento dos casos de violência doméstica.
Objetivos: Retratar o índice de mulheres que sofreram violência doméstica na cidade de Manaus de jan/2019 a dez/2021.
Metodologia: Pesquisa de análise documental, caráter descritivo com abordagem quantitativa.
Resultados: Quanto a lesão corporal, com base na Secretaria do Estado de Segurança Pública de Manaus, o ano de 2020 apresentou o maior número de casos com 3023, seguido de 2019 com 2492 e 2021 com 1572, revelando um aumento em 23% em comparação ao ano de 2018 (anterior a pandemia). A respeito do estupro, o ano de 2019 apresentou o maior número de casos com um total de 855 casos, seguidos de 690 em 2020 e 590 em 2021. Entretanto, demonstra queda de 13% quando contraposto há quatro anos atrás, antes do isolamento social. Em contrapartida, o feminicídio apresentou destaque no ano de 2020, com 13 casos, decorrente de 12 casos em 2021 e 03 em 2019, anunciando aumento de 69% dos casos quando comparado ao ano de 2018.
Conclusões: Frente a esses resultados, observa-se que a violência doméstica, no âmbito da lesão corporal e feminicídio, apresentaram aumento quando comparadas ao ano antes da pandemia, 23% e 69%, respectivamente. Todavia, os índices de estupro revelaram queda de 13% quando contrastado a 2018. Com isso, a partir dos elevados índices de lesão corporal e feminicídio evidencia-se que o cotidiano das famílias mudou radicalmente frente ao isolamento social e escancara a violência doméstica. Sendo assim, urge a necessidade de que as políticas públicas preventivas e protetivas voltadas a esse público sejam colocadas em prática e se amplie a fiscalização por parte do Poder Público.
1780
Obstetrícia
ÍNDICES DE INTERNAÇÃO DE GESTANTES E PUÉRPERAS POR COVID-19 NO ESTADO DO AMAZONAS VERSUS STATUS VACINAL. Autores: Bruna Guimarães Dutra, Sigrid Maria Loureiro de Queiroz Cardoso, Ranna Simões e Souza, Camylla Rita Lima do Nascimento, Lucila Cristina Tomé Garcia Palavras-chaves:
COVID-19
, SARS-CoV-2
, Gravidez
, Internação
, Vacinação
Resumo
ÍNDICES DE INTERNAÇÃO DE GESTANTES E PUÉRPERAS POR COVID-19 NO ESTADO DO AMAZONAS VERSUS STATUS VACINAL.
INTRODUÇÃO: Em dezembro de 2019 foi identificado o agente responsável pela pandemia da COVID-19, declarada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020. Trata-se de uma doença multissistêmica, envolvendo citocinas pró-inflamatórias, sustentando o status de hiper inflamação. A gestação é considerada um fator de risco, devido às mudanças fisiológicas, impactando em alterações imunológicas, respiratórias, cardiovasculares e trombóticas. Estudos durante epidemias de MERS-CoV e SARS-CoV-1 evidenciaram potencial de gravidade em gestantes infectadas, e o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos relatou maior frequência de uso de terapia intensiva, ventilação invasiva e maior período de internação em pacientes gravídicas. Além disso, um estudo brasileiro descreveu taxa de letalidade de 12,7% em gestantes e puérperas, 3,4 vezes maior do que na população geral. A vacinação contra a COVID-19 transformou o cenário epidemiológico, sendo recomendada em qualquer período gestacional. Todavia, a disseminação de informações falsas e ausência de consenso entre órgãos de saúde corroboram para a não adesão de grávidas, sustentando altos índices de internação e óbitos. OBJETIVOS: Descrever as taxas de internação de gestantes e puérperas por SARS-CoV-2 e identificar a correlação com o status vacinal. MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo retrospectivo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde de março de 2020 a março de 2022, através do DataSUS e da Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS-AM) sobre gestantes e puérperas e COVID-19. RESULTADOS E CONCLUSÃO: No Amazonas, ocorreram 2.824 casos de COVID-19 entre gestantes e puérperas no período citado, com 985 casos evoluindo para internação, culminando em 92 óbitos, e taxa de letalidade de 1,7%, mais frequente entre 30 a 39 anos. Os principais sintomas nas hospitalizadas foram tosse, febre, dispneia, dor de garganta e saturação de O² < 95%. Verificaram-se mais hospitalizações nas que apresentam comorbidades como: asma, doença cardíaca crônica, diabetes e obesidade. A vacinação contra a COVID-19 em gestantes iniciou-se em 12/03/2021, população correspondente a cerca de 45.920 mulheres, dessas 23 mil receberam a primeira dose(31,4%) e 14.408(19,4%) a segunda, porcentagem baixa para o grupo. No primeiro ano de pandemia, ocorreram 786 internações e 79 óbitos nesta população, e no segundo ano, em contexto de imunização, a taxa de internação caiu parar 199 e 13 óbitos. Gestantes e puérperas, portanto, devem ser orientadas e avaliadas sobre o risco de contágio, não havendo contraindicação para a vacinação destas contra a COVID-19. A vacinação de gestantes e puérperas se torna importante não apenas para reduzir os riscos de contrair COVID-19, mas para diminuir as chances de um quadro grave da doença em caso de diagnóstico positivo, além de se observar, com a vacinação, uma queda nos casos de hospitalização e óbitos nessa população no Amazonas.
1744
Obstetrícia
Internação mensal por aborto em adolescentes de 10 a 14 anos, em 2019 e 2020, no Brasil. Autores: Maria Isabel do Nascimento, Victor Joshua de Aguiar Mello Nascimento, Thalys Gabriel Rabelo Silva, Luis Patricio Ortiz Flores Palavras-chaves:
COVID-19
, Aborto
, Adolescente
, Hospitalização
, Análise de Séries Temporais Interrompida
Resumo
Internação mensal por aborto em adolescentes de 10 a 14 anos, em 2019 e 2020, no Brasil.
A COVID-19 requereu a implementação de medidas efetivas para conter os efeitos diretos da pandemia. À medida em que a efetividade das iniciativas de controle torna-se evidente, o interesse tem se deslocado em busca também de melhor entendimento das consequências indiretas da pandemia em diferentes aspectos da vida das pessoas. Considerando que uma das medidas mais impactantes foi o fechamento das escolas, o estudo teve enfoque na gestação precoce, com desfecho de aborto, atendido em regime hospitalar, na população de meninas de 10 a 14 anos, estratificada por cor da pele. Objetivo: avaliar as tendências das taxas mensais de hospitalização por aborto em meninas de 10 a 14 anos, em 2019 e 2020, segundo cor da pele, no Brasil. Material e Métodos: trata-se de estudo quase-experimental de séries temporais interrompidas (ITS). O número mensal de hospitalizações por aborto foi obtido por consulta ao Sistema de Informações Hospitalares do Ministério da Saúde. A população de meninas de 10 a 14 anos foi calculada a partir de projeções publicadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. As taxas foram estimadas para o período “antes” (janeiro de 2019 a fevereiro de 2020) e para o período “após” (março a dezembro de 2020) o fechamento das escolas (intervenção) iniciado em março de 2020. Coeficientes e intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram estimados usando modelos de regressão linear segmentada. Resultados: De janeiro de 2019 a dezembro de 2020 houve 3328 hospitalizações por aborto em meninas de 10 a 14 anos no Brasil. As taxas mais altas foram observadas nas meninas negras com valores superiores a 2 internações mensais por 100 mil. As adolescentes negras experimentaram taxas tão altas quanto 3,29 e 3,22 por 100 mil em outubro e novembro de 2020. Pareando as internações mensais, as menores e as maiores diferenças entre meninas negras e meninas brancas foram encontradas em setembro de 2019 (2,14 vezes) e em outubro de 2020 (6,79 vezes). Nossos achados são indicativos de mudança para aumento de tendência das taxas após o fechamento das escolas, na população como um todo (coeficiente: 0,07; IC 95%: 0,02; 0,11) e na população negra (coeficiente: 0,07; IC 95%: 0,03; 0,11), determinando um aumento médio nas taxas de internação hospitalar mensais durante o período pós-intervenção em comparação com as estimativas pré-intervenção de linha de base. Esta ITS não detectou mudança de tendência estatisticamente significativa (coeficiente: 0,02; IC 95%: -0,01; 0,05) nas taxas de admissão por aborto, na população de meninas brancas. Conclusão: As hospitalizações por aborto em meninas de 10 a 14 anos aumentaram durante a pandemia de COVID-19, em 2020, no Brasil. Esse resultado foi pior em meninas negras do que em meninas brancas, sugerindo que as medidas envolvendo crianças e adolescentes para prevenir a disseminação do coronavírus podem ter provocado efeitos inesperados e afetado minorias de forma diferenciada no Brasil.
1833
Ginecologia
INVESTIGAÇÃO DO CUSTO DIRETO ASSOCIADO AO RASTREIO COMPULSÓRIO DO ZIKA VÍRUS IMPOSTO PELA ANVISA EM PACIENTES SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS DE REPRODUÇÃO HUMANA FORA DA EPIDEMIA Autores: ANA MARIA REIS NASCIMENTO, IVAN ANDRADE DE ARAÚJO PENNA, BRUNA OBEICA VASCONCELLOS Palavras-chaves:
vírus Zika
, rastreamento
, custo direto
Resumo
INVESTIGAÇÃO DO CUSTO DIRETO ASSOCIADO AO RASTREIO COMPULSÓRIO DO ZIKA VÍRUS IMPOSTO PELA ANVISA EM PACIENTES SUBMETIDOS A PROCEDIMENTOS DE REPRODUÇÃO HUMANA FORA DA EPIDEMIA
Introdução: Apesar de ser conhecido desde os anos 50, o Zika vírus não havia despertado interesse da comunidade internacional. Entre 2015 e 2016, o vírus se alastrou pelo Brasil com a suspeita de que o aumento de casos de distúrbios neurológicos neonatais poderiam ter vínculo com a infecção. Em 2016, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) emite a resolução nº 72 tornando compulsória a sorologia para o vírus Zika na triagem para procedimentos que envolvam manipulação de gametas e embriões. E apesar do término da epidemia e queda brusca da incidência do Zika, a decisão da triagem sorológica permanece até os dias de hoje. Objetivo: Calcular o custo médio dos exames de Zika realizados pelos pacientes em tratamento de reprodução humana, calcular a prevalência de resultados positivos e negativos da amostra e o número médio de exames sorológicos realizados pela triagem compulsória instituída pela ANVISA ao longo dos Tratamentos de Reprodução Assistida. Materiais e Métodos: Estudo observacional, descritivo, retrospectivo, de abordagem quantitativa, com análise de prontuários médicos eletrônicos de pacientes em acompanhamento de técnicas de reprodução assistida no período de junho de 2017 a dezembro de 2018, com avaliação microeconômica do valor dos procedimentos individuais através do custo-direto associado, em unidade monetária x quantificação de exames realizados e exames positivo e negativos, em unidades físicas. O cálculo do custo por exame foi realizado através do método bootstrap. Resultados: Foram analisados 120 prontuários que contemplam 209 pacientes com a realização de um total de 327 exames sorológicos IgM para o vírus Zika e 2 exames de PCR-Zika. Todos os pacientes eram assintomáticos, apenas 1 paciente apresentou resultado sorológico positivo e 1 paciente apresentou resultado sorológico indeterminado, desses 1 apresentou PCR positivo. Custo médio de exames de sorologia por mulher: R$ 1260,00 (IC 95% 410-5187), por homem: R$ 608,00 (IC 95% 0-2223), por casal: R$ 1667,60 (IC 95% 834-4169), por exame de PCR: R$ 1124,00 (IC 95% 1124-3372). Conclusões: O custo médio dos exames de triagem sorológica realizados por pacientes em uso de técnicas de reprodução assistida por mulher, por homem e por casal foram, respectivamente, R$ 1260,00, R$ 608,00 e R$ 1667,00. A prevalência de resultados sorológicos positivos na amostra foi de 0,3% e de resultados negativos de 99,6%. No presente estudo a prevalência de pacientes sintomáticos foi de 0% e um casal que irá realizar reprodução assistida realiza em média 3 exames.
1782
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Jato de plasma no tratamento de lesões vulvares por HPV Autores: Rodrigo Rossi Balbinotti, Leticia Maria de Lima Pessoa, Julyana Lunardi Mousquer, Renata Rauber Felkl, Debora Stefanello, Thabata Chiele Palavras-chaves:
papilomavírus
, jato de plasma
, condilomatose
, radiofrequência
Resumo
Jato de plasma no tratamento de lesões vulvares por HPV
Introdução: as neoplasias intraepiteliais de vulva caracterizam-se por displasia com atipia epitelial. Relacionam-se à infecção pelo papilomavírus humano (HPV) e a cofatores como o tabagismo e imunodeficiência. Classificam-se em NIV 1, 2 ou 3 conforme o grau de alterção histológica. As duas últimas são lesões pré-malígnas, enquanto para a NIV 1 faltam evidências de que seja precursora do câncer. O tratamento para NIV consiste na destruição local ou excisão, devendo ser individualizado conforme a localização e o tamanho da lesão. Este relato visa descrever o tratamento de uma NIV 1 com jato de plasma, uma modalidade nova de terapia baseada em energia. Relato de caso: uma mulher de 63 anos fazia acompanhamento por lesão vulvar cuja biópsia diagnosticou líquen plano. Recebeu prescrição de pomada de clobetasol por 1 mês, porém no retorno relatava prurido e queimação. À vulvoscopia com magnificação evidenciou-se área acetobranca no sulco interlabial esquerdo e na face externa do pequeno lábio direito. Biopsiadas, revelaram NIV 1. Retornou após 4 semanas referindo piora do prurido e surgimento de bolinhas na vulva, que correspondiam a lesões verrucosas no intróito vaginal e na região perianal. Nessa ocasião foi realizada a primeira aplicação de jato de plasma nas lesões vulvares. Depois de 4 semanas a paciente retornou, apresentando lesão com aspecto infiltrativo na face interna do pequeno lábio esquerdo, cuja biópsia evidenciou NIV 1. Foram realizadas mais duas aplicações de jato de plasma e em 60 dias reiniciado o clobetasol. A paciente retornou sem sintomas e remissão das lesões vulvares. Discussão: casos de NIV 1 podem representar alterações reativas benignas do epitélio ao HPV, não sendo observada progressão para NIV 3. O objetivo do tratamento das lesões condilomatosas é a redução da carga viral e, assim, da transmissibilidade. Todas as NIV 2 e 3 devem ser tratadas, visando reduzir a progressão para carcinoma. Excisão ampla pode ser necessária se não for possível excluir carcinoma invasivo, mas tratamentos ablativos podem ser considerados para a preservação estética e funcional. Tratamentos com laser podem ser dolorosos. Tratamento tópico com imiquimode apresenta boas taxas de regressão. Alternativas relacionadas às energias são promissoras. No caso relatado, a diminuição da imunidade local promovida pelo tratamento com corticoide parece ter favorecido o surgimento de lesões condilomatosas. Utilizou-se um subtipo de radiofrequência que é de fácil aplicação em regime ambulatorial, agindo através de ablação do epitélio pelo calor, além de outros possíveis benefícios como estimulação da cicatrização e renovação celular. Nosso relato evidencia um resultado satisfatório com poucas aplicações, sugerindo se tratar de uma alternativa eficaz no manejo dessas lesões que são, muitas vezes, refratárias e recidivantes. São necessários estudos observacionais e comparativos para comprovação da aplicabilidade do método nessa indicação.
1848
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
LESÃO VULVAR ERITEMATOSA COM ACOMETIMENTO FOLICULAR EM PACIENTE IMUNOCOMPROMETIDA: QUESTÕES DIAGNÓSTICAS Autores: Samia Insaurriaga Jundi, Matheus Madureira Fernandes, Matheus Hertel Souza Belo, Matheus Lemos Rodrigues de Souza, Karine Mello Duvivier, Isabel Cristina Chulvis do Val Palavras-chaves:
dermatoses vulvares
, psoríase vulvar
, infecções secundárias
Resumo
LESÃO VULVAR ERITEMATOSA COM ACOMETIMENTO FOLICULAR EM PACIENTE IMUNOCOMPROMETIDA: QUESTÕES DIAGNÓSTICAS
Introdução
Dermatoses vulvares crônicas são condições inflamatórias frequentes em queixas de dor vulvar, prurido e dispareunia. A psoríase é uma doença dermatológica crônica, que se apresenta como placas eritematosas com escamas prateadas que acomete até 5% da população feminina. A apresentação em região genital pode ocorrer isoladamente em 2-5% dessas pacientes e se apresentar clinicamente de maneira atípica, na forma de psoríase invertida. Contudo, nas pacientes com lesão ativa em vulva, até 65% apresentam sinais de psoríase em outra localização. Diagnósticos diferenciais relevantes incluem candidíase vulvovaginal, dermatite de contato e dermatite liquenoide.
Relato de caso
Paciente de 25 anos, sem histórico de atividade sexual, portadora de albinismo, de psoríase pustuliforme e de gastroenteropatia autoimune tratados com corticóide sistêmico em dose imunossupressora. Com histórico de múltiplos episódios de pneumonias e diversas internações hospitalares, soma-se investigação para imunodeficiência primária. No atendimento ginecológico, a queixa principal era de lesão avermelhada e pruriginosa em vulva, de evolução crônica, com períodos de exacerbação, associada a evidência de atividade de doença da psoríase em outras topografias do corpo. Durante exame ginecológico, observou-se vulva apresentando extensa placa eritematosa em toda sua extensão, associada a sateliose, sugestivo de foliculite fungica ou estafilocócica associada a doença crônica de base. Paciente referia piora do quadro associada ao uso de absorventes no período menstrual. Em face de imunocomprometimento e uso prolongado de corticosteroides, considerou-se terapia antifúngica e antibacteriana. Medidas voltadas para estabelecimento de barreira cutânea durante período menstrual também foram aplicadas, com prescrição de pomada com óxido de zinco e otimização da higiene íntima com sabonete bactericida.
Discussão
A psoríase vulvar é uma condição clínica que afeta a qualidade de vida das pacientes, sendo indispensável a realização do diagnóstico para tratamento adequado. No entanto, a apresentação atípica não é rara quando ocorre acometimento da vulva e por isso pode ser um desafio diagnóstico para profissionais não especialistas, especialmente quando não há atividade da doença em outros locais do corpo. A infecção secundária por Candida albicans e Staphylococcus aureus é comum e precisa sempre ser avaliada e tratada, mesmo que empiricamente quando métodos diagnósticos não estão disponíveis, já que esta condição tende a intensificar os sintomas da paciente e piorar sua qualidade de vida.
1842
Ginecologia
LÍQUEN ESCLEROSO INFANTIL: RELATO DE CASO Autores: TATIANA MAIA CARVALHO PIGNATARO, Raphael Datrino Horta, CLAUDIA JACYNTHO, Caroline Alves de Oliveira Martins, MARCELA LACERDA, ANA BRANDALISE Palavras-chaves:
LÍQUEN ESCLEROSO
, LÍQUEN
, INFANTIL
, LIQUEN PEDIATRICO
, LÍQUEN ESCLEROSO INFANTIL
Resumo
LÍQUEN ESCLEROSO INFANTIL: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO: O líquen escleroso (LE) é uma dermatose inflamatória crônica que tem preferência pela região genital, especialmente a feminina, podendo acometer todas as idades, embora tenha uma distribuição bimodal, com um pico pré-puberal e outro na pós menopausa. A verdadeira prevalência é desconhecida. Representa cerca de 18% das patologias vulvares em crianças, apenas precedido pela dermatite atópica e irritativa. Pode ser assintomática, porém frequentemente se apresenta com prurido, e algumas vezes com queimação, sangramento, disúria e dor. Em crianças, o envolvimento da região perianal pode levar a casos de constipação e dor ao evacuar. As lesões típicas são manchas marfim ou pápulas avermelhadas, em alguns casos com hiperceratose, que podem coalescer em placas, estas geralmente simétricas. Outras lesões podem incluir fissuras, petéquias, púrpuras, erosões, ulcerações, edema, hiperpigmentação. O diagnóstico geralmente é clínico. Está associada em alguns casos a doenças autoimunes. O presente relato consiste na descrição de um caso de líquen escleroso infantil.
RELATO DE CASO: Paciente do sexo feminino, 9 anos, branca, sem comorbidades e uso de medicamento regular. Iniciou queixa de prurido vulvar, que levou ao uso de Trok® (cetoconazol 20mg/g + dipropionato de betametasona 0.50mg/g) por anos, sem resolução do quadro. Foi realizada investigação para infecções sexualmente transmissíveis, fungos e doenças auto-imunes (FAN, TSH, T4 livre, anti-TPO, anti-tireoglobulina, anti-DNA, ultrassonografia com Doppler da tireóide) com todos os resultados negativos. Após suspeita do diagnóstico de líquen escleroso, foi utilizado Psorex® creme (propionato de clobetasol 0,5mg/g) com melhora da sintomatologia. Além disso, foram orientados cuidados de higiene com sabonete neutro, calcinha algodão e uso de Dersani® loção oleosa após o banho.
DISCUSSÃO: A fisiopatologia ainda não é bem esclarecida, existem teorias que envolvem alterações hormonais, por ser mais vista em extremos de idade, questionando se ocorre pelo hipoestrogenismo. O diagnóstico é eminentemente clínico, evitando-se biópsias como no caso acima. A chance do LE evoluir para carcinoma de células escamosas de vulva é cerca de 4% sendo encontrada normalmente após a menopausa. O LE não tem cura mas pode ser bem controlado clinicamente como observado no caso descrito. O tratamento consta em aliviar os sintomas e evitar a progressão da doença. Na fase de estabilização da doença, essas pacientes devem ser examinadas duas vezes por ano. O LE é uma doença de difícil diagnóstico, principalmente quando assintomática, mas que deve ser lembrada mesmo na infância.
1798
Ginecologia
MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA Autores: Cecília Daher Ribeiro Raimundo, Samara Carvalho Perfete, Raphaella dos Santos Maia Crud, Tereza Maria Pereira Fontes, Kátia Alvim Mendonça, Roberto Luiz Carvalhosa dos Santos Palavras-chaves:
Mama
, Mastite
, Mastite Granulomatosa
Resumo
MASTITE GRANULOMATOSA IDIOPÁTICA
Introdução. A mastite granulomatosa idiopática uma doença inflamatória benigna rara da mama de etiologia desconhecida, não responsiva a antibioticoterapia convencional, mas que pode estar associada a alguns agentes etiológicos como estafilococos aureus em 13% dos casos. Relato do Caso. Paciente de 27 anos veio encaminhada com quadro de mastite crônica (evolução de 5 meses) com formação de abscessos e drenagens espontâneas, sem resposta terapêutica com uso de cefalexina. Presentou 3 gestações e amentou por poucos dias cada filho. Ao exame clínico das mamas: ambas tinham mamilo invertido, a direita era maior que a esquerda, e apresentava 2 fístulas em fase de cicatrização em QIL (quadrante inferior lateral) e área de flutuação com sinais logísticos medindo 6 cm na união dos quadrantes superiores da mama aumentada. (21/7/2021) que evidenciou múltiplos nódulos heterogêneos na mama direita (MD), medindo o maior 3,3 x 1,4 cm localizado no quadrante superior lateral (QSL).Observam ainda neste exame um nódulo de natureza mista (cístico e sólido) na união dos quadrantes mediais da mesma mama medindo 9,2 X 0,9 cm. Foi realizada a drenagem do abscesso e o material enviado para cultura e antibiograma e exame citológico. No acompanhamento da paciente, não respondeu ao tratamento clindamicina 600 mg associado a metronidazol. Diante do resultado da cultura inespecífica (estafilococos áureos) foi prescrito Rifampicina por apresentar a menor concentração inibitória (MIC) ≤ 0,03. Neste dia foi realizada core biopsy, solicitado exames para pesquisa de tuberculose e pesquisa de Mycobacterium tuberculose na secreção mamária . O resultado da core biopsy que evidenciou ausência de malignidade. Ao exame clínico começava a apresentar melhora, o que nos fez manter a rifampicina. Retornou com melhora clínica do quadro e todos os exames de pesquisa de tuberculose negativos. após manter a rifampicina por 4 meses, quando retornou com resolução completa do quadro inflamatório com cicatrização das fístulas e não percepção, à palpação, das nodulações na mama direita. Discussão. A tuberculose mamária deve ser considerada no diagnóstico diferencial de qualquer caso de massa mamária dolorosa, mastite ou abscesso mamário que pareça refratário a terapia convencional, sobretudo em áreas endêmicas de tuberculose. Seu reconhecimento e diferenciação de uma patologia maligna da mama é absolutamente necessária. O diagnóstico baseia-se na suspeita clínica e nos achados histopatológicos. Em algumas situações a cultura específica para BK não detecta o bacilo e a terapia com antituberculínicos se impõem. No caso da nossa paciente houve regressão do processo infeccioso e das fístulas apenas com a Rifampicina por 4 meses.
1852
Ginecologia
Migração Oligossintomática de DIU de Cobre Autores: Ilana Rangel Messias, Helena Cossich Coelho, Bruna Brandão de Oliveira, Lara de Siqueira Rodrigues, Bruno Marcondes Kozlowski Palavras-chaves:
Dispositivo Intrauterino
, Perfuração uterina
, Complicações
, Contracepção
Resumo
Migração Oligossintomática de DIU de Cobre
Introdução: O dispositivo intrauterino (DIU) é o método contraceptivo reversível de longa duração mais utilizado atualmente no mundo. Entretanto, sua inserção, manutenção e retirada não estão isentas de complicações. No que tange a introdução do DIU, temos a perfuração uterina como adversidade rara, que ocorre durante a sua inserção em 1:1000 casos. Não há sintomas específicos, mas, em alguns casos, são observados dor abdominal leve a moderada e sangramento uterino. Caso: Paciente de 24 anos, feminino, sem comorbidades, tabagista, com colocação de DIU de cobre em janeiro de 2021 e relato de ultrassonografia transvaginal (USG TV) com o mesmo normoposicionado. Evoluiu com sangramento intenso e cólicas durante 4 dias, com melhora espontânea. Permaneceu assintomática, com ciclos menstruais regulares e atividade sexual desprotegida. Em nova USG TV, 7 meses depois, visualizou-se DIU com implantação baixa, sendo encaminhada para reposicionamento via videohisteroscopia ambulatorial, evidenciando fios aderidos à parede lateral direita, não sendo visualizada haste do dispositivo na cavidade uterina. Realizada nova USG TV de urgência onde foi observado DIU em cavidade pélvica próximo a região anexial direita. Paciente então foi submetida a videolaparoscopia exploradora para retirada no mesmo. Discussão: Como a única sintomatologia da paciente foi subsequente à inserção do dispositivo, supõe-se que o mal posicionamento ocorreu por perfuração no momento do procedimento. Entretanto, não descarta-se a possibilidade de migração tardia, mesmo que assintomática, devido a existência de um laudo de USG TV relatando DIU intracervical com baixa implantação. A intervenção cirúrgica, preferencialmente por via laparoscópica, deve ocorrer em todas pacientes independentemente dos sintomas. Apesar de eventuais complicações, os benefícios do uso do DIU superam seus riscos, devendo sua utilização ser incentivada como política pública de saúde de planejamento familiar.
1856
Obstetrícia
MIOCARDIOPATIA, HIPERTENSÃO PULMONAR E ARTERIAL EM GESTANTE COM ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE CASO Autores: LORENA IZA PENNA MOURA, MATHEUS HERTHEL SOUZA BELO, MONICA GOMES DE ALMEIDA, RENATO AUGUSTO MOREIRA DE SÁ Palavras-chaves:
Miocardiopatia
, Hipertensão pulmonar e arterial
, Anemia Falciforme
, Gravidez
Resumo
MIOCARDIOPATIA, HIPERTENSÃO PULMONAR E ARTERIAL EM GESTANTE COM ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
A gestação em mulheres portadoras de doença falciforme (DF) associa-se a elevadas taxas de morbimortalidade materna e fetal¹. A doença sustentada crônica causa, ao longo dos anos, eventos vasoclusivos capazes de causar complicações cardiovasculares progressivas². Hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca, arritmias, doenças renais e morte súbita estão entre essas complicações². A anemia falciforme está associada principalmente a crescimento fetal restrito, mortalidade materna e perinatal.¹.
RELATO DE CASO
Gestante de 27 anos, portadora de doença falciforme, Gesta 1, com idade gestacional de 26 semanas e 02 dias comparece à consulta de pré-natal queixando-se de ortopneia e dispneia paroxística noturna leve. Ao exame físico, apresentava-se hipocorada com edema de membros inferiores (2+/4+) e pressão arterial 155x96mmHg. Eupneica em ar ambiente. Os exames laboratoriais evidenciaram: anemia microcítica e hipocrômica, hemoblobina 6,2g/dl e hematócrito 18,3%, enzimas hepáticas elevadas pró-BNP 785pg/mL e proteinúria. Indicado internação hospitalar. Evoluiu com manutenção dos níveis pressóricos elevados e hipoxemia, com necessidade de aporte de oxigênio para manutenção da saturação de O2. Melhora parcial do quadro com transfusão de duas unidades de concentrado de hemácias. O alvo do tratamento era manter a hemoglobina acima de 8mg/dl. Ecocardiograma transtorácico evidenciou hipertensão pulmonar e miocardiopatia com fração de ejeção normal. A avaliação do bem-estar fetal foi feita com ultrassonografia e dopplervelocimetria. Prescrito corticoide para maturação pulmonar fetal. A pressão arterial foi controlada com uso de metildopa. Com 28 semanas e 03 dias evidenciou-se comprometimento do bem-estar fetal e necessidade de nova transfusão sanguínea para manutenção da oxigenação materna, tendo sido indicado interrupção da gestação. Parto cesáreo realizado sem intercorrências, com retirada de feto único encaminhado para tratamento em unidade de terapia intensiva neonatal. Paciente evoluiu com estabilização clínica após o parto, mantendo-se estável durante todo o puerpério imediato.
DISCUSSÃO
Miocardiopatia e aumento de BPN são marcadores de mortalidade em pacientes com anemia falciforme. Doenças hipertensivas e taxas elevadas de pré-eclâmpsia são marcos comuns de gestantes com DF. As complicações conhecidas levam à indução precoce ou à cesariana pré-termo. A piora clínica da paciente, representada por necessidade de hemotransfusões e persistência da hipoxemia em oxigenioterapia, associadas ao comprometimento fetal levaram à interrupção pre-termo da gestação. Não há estudos consistentes e protocolados sobre o manejo terapêutico de gestantes cardiopatas com anemia falciforme, embora a terapia transfusional seja estabelecida, não há evidências robustas de melhora clínica¹. Os impactos maternos e fetais da doença são intensos, porém terapêuticas sistematizadas que busquem alterar esses desfechos não são, ainda, continuamente exploradas.
1796
Obstetrícia
MIOMATOSE UTERINA E SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDEO COMO CAUSAS DE INFERTILIDADE: UM RELATO DE CASO Autores: Camila Chalhoub Silva Fortuna Jasmim, Daniela Pereira Monteiro, Taylor da Costa Jasmim Junior Palavras-chaves:
Infertilidade
, Leiomiomatose
, Trombofilia
Resumo
MIOMATOSE UTERINA E SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDEO COMO CAUSAS DE INFERTILIDADE: UM RELATO DE CASO
Introdução: A infertilidade afeta milhões de pessoas em idade reprodutiva em todo o mundo e exerce impacto em famílias e comunidades. Essa patologia pode ser advinda de alterações no sistema reprodutor masculino ou no sistema reprodutor feminino, tal qual de causas sistêmicas, como doenças do sistema autoimune. Dentre as causas relativas ao sistema reprodutor feminino, os leiomiomas uterinos são considerados causas frequentes de infertilidade. Relato do caso: Paciente C. S. S, sexo feminino, 36 anos, procura clínica de ginecologia e obstetrícia em serviço particular no dia 11/12/2019 com queixa de infertilidade há 1 ano, miomatose uterina e aborto espontâneo no dia 2/11/2019, além de uma história prévia de trombose venosa profunda. Ultrassonografia transvaginal (USGTV) do dia 19/09/2019 evidenciava ecotextura miometrial heterogênea devido a presença de nódulos hipoecogênicos, o maior em parede anterior de fundo uterino medindo 3,6 x 3,0cm. Foram solicitados novos exames para avaliar possível abordagem cirúrgica. Foi indicada miomectomia, via laparotomia, realizada no dia 5/02/2020. As lesões foram submetidas à análise histopatológica, a qual diagnosticou leiomiomatose uterina. Após 6 meses da cirurgia a paciente foi liberada para tentar nova gestação e retornou em consulta dia 21/10/2020 com atraso menstrual e teste BHCG positivo. A partir do relato de trombose venosa profunda e um aborto prévio, formulou-se a suspeita clínica de trombofilia e foram solicitados exames laboratoriais cujo resultado foi positivo para IgA anti cardiolipina. A partir da hipótese diagnóstica de síndrome do anticorpo antifosfolipídeo (SAF), foi prescrito Enoxaparina 40mg, via subcutânea, 1 vez ao dia durante toda a gestação e o primeiro mês de puerpério. Não houve intercorrências durante a gestação. Discussão: A infertilidade tem como causas principais, fatores femininos, incluindo distúrbios ovulatórios e anormalidades anatômicas ou imunológicas. Os miomas são os tumores benignos mais frequentes em mulheres em idade reprodutiva. Embora quase sempre benignos, podem levar ao aumento do sangramento uterino, dor pélvica e infertilidade, dependendo de seu tamanho, localização e classificação, que devem ser documentados na USGTV. O incremento nas taxas de gestação após ressecção cirúrgica de miomas submucosos leva-nos a acreditar que esses tumores têm papel na etiologia da infertilidade, sendo a miomectomia o procedimento de escolha para as pacientes que ainda desejam engravidar. Já a SAF, é definida como uma doença autoimune pró-trombótica, caracterizada pela presença de anticorpos antifosfolípides persistentes, trombose e aborto recorrente. Sabe-se que a síndrome pode causar baixos índices de sucesso na gestação na ausência de terapêutica adequada, porém a patogênese da morbidade obstétrica na SAF ainda não é totalmente compreendida. O tratamento é baseado na administração de antiagregantes plaquetários e anticoagulantes.
1839
Ginecologia
MORTALIDADE POR CÂNCER DO COLO DO ÚTERO EM MULHERES BRANCAS E NEGRAS, DE 35 A 49 ANOS, NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL Autores: Maria Isabel do Nascimento, Lara Miranda Marchesi, Antonio Duarte Guedes Filho Palavras-chaves:
Mortalidade
, Neoplasias do Colo do Útero
, Taxas, Razões e Proporções
Resumo
MORTALIDADE POR CÂNCER DO COLO DO ÚTERO EM MULHERES BRANCAS E NEGRAS, DE 35 A 49 ANOS, NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
Introdução: O câncer do colo uterino permanece na lista dos grandes problemas de saúde
pública nos países em desenvolvimento. No Brasil, a despeito da oferta de serviços preventivos a doença segue afetando as mulheres mais pobres, com números desigualmente distribuídos pelas grandes regiões do país. O objetivo foi analisar a frequência de óbitos por câncer do colo uterino em mulheres brancas e negras, de 35 a 49 anos, na região sudeste do Brasil. Material e Métodos: Estudo descritivo que usou dados disponibilizados no Sistema de Informação sobre Mortalidade coordenado pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, abrangendo óbitos por câncer no colo de útero segundo cor da pele (branca, parda e preta) e faixa etária de 35 a 49 anos. As taxas de mortalidade foram calculadas para o triênio 2010-2011-2012 e 2016-2017-2018, considerando os subconjuntos branca e negra (parda e preta conjuntamente). As taxas foram apresentadas por 100 mil pessoas tempo. Resultados: Nos dois triênios analisados, ocorreram 9.449 óbitos atribuídos ao câncer do colo do útero entre mulheres de 35 a 49 anos, no Brasil, com maior proporção registrada na região sudeste (31,4%) seguida da nordeste (30,1%), sul (15,0%), norte (14,8%) e centro oeste (8,7%). Analisando a distribuição dos óbitos na região sudeste (n=2.815), verificou-se maior proporção na população negra, em Minas Gerais (62,4%), no Espírito Santo (62,3%), Rio de Janeiro (56,2%), mas não em São Paulo (36,6%). Em relação às taxas de mortalidade, o Rio de Janeiro experimentou os maiores coeficientes tanto em brancas (>7 por 100 mil) quanto em negras (>8 por 100 mil). Observando a variação das taxas entre o primeiro triênio e o segundo triênio, a tendência foi de aumento nas mulheres negras, em São Paulo (4,1 ppara 4,4 por 100 mil), Rio de Janeiro (8,4 para 9,1 por 100 mil) e Espírito Santo (6,4 para 7,5 por 100 mil), mas não Minas Gerais (4,6 para 4,5 por 100 mil). Entre as mulheres brancas, o aumento das taxas ocorreu apenas em Minas Gerais (2,8 para 4,4 por 100 mil) e São Paulo (3,6 para 4,7 por 100 mil). Conclusão: Na região sudeste do Brasil, as mulheres negras foram as principais vítimas fatais do câncer de colo uterino, com taxas apresentando variação positiva em três das quatro unidades da federação, ao comparar os dois triênios. Este cenário reflete a magnitude do problema experimentado por mulheres relativamente jovens da região socieconomicamente mais desenvolvida e dá indícios do desafio a ser enfrentado para atingir a meta da eliminação do câncer do colo uterino que está sendo almejada Brasil.
1760
Obstetrícia
Nó verdadeiro de cordão umbilical com desfecho desfavorável a um dos fetos em gravidez gemelar dicoriônica e diamniótica: relato de caso Autores: Luiza Rangel Peixoto Santos, Carlos Alexandre Ribeiro Goulart, Fabrícia Quintanilha Borges, Luisa Souza Erthal Santos Palavras-chaves:
Nó verdadeiro
, Cordão umbilical
, Óbito fetal
Resumo
Nó verdadeiro de cordão umbilical com desfecho desfavorável a um dos fetos em gravidez gemelar dicoriônica e diamniótica: relato de caso
Introdução: O nó verdadeiro de cordão é um evento raro, presente em 0,4 a 1,5% das gestações. Pode surgir em decorrência das mudanças da estática fetal durante a gravidez, sendo mais frequente em multíparas e em casos de cordões umbilicais longos. Relato do caso: Paciente de 34 anos, preta, casada, do lar, Gesta 2 Para 1 Aborto 0, com história anterior de gestação também gemelar há 2 anos, de desfecho favorável. Foi encaminhada para o pré-natal de alto risco na gestação atual, com 18 semanas, confirmada por ultrassonografia de 1° trimestre, tratar-se de nova gestação gemelar, dicoriônica e diamniótica. Evoluiu assintomática e sem intercorrências no pré-natal, com nove consultas realizadas. Em sua última consulta, apresentava 37 semanas e 6 dias e foi identificado ao exame físico atividade cardíaca presente em ambos os fetos, com frequência dentro da normalidade e movimentação fetal de ambos, quando foi encaminhada para avaliação na maternidade em torno de 38/39 semanas. Deu entrada na maternidade com 38 semanas e 3 dias, assintomática, mas ao exame físico não foi identificada atividade cardíaca de um dos fetos. Realizou-se ultrassonografia com doppler à internação, com identificação de feto1 com atividade cardíaca presente e feto2 sem atividade cardíaca, com visualização de interrupção do fluxo sanguíneo no cordão umbilical para o feto2. Foi encaminhada para cesárea de urgência com nascimento de feto1 vivo, sem malformações aparentes e extração de feto2 natimorto, sem malformações aparentes. Confirmou-se à dequitação placentária que o cordão umbilical do feto2 apresentava nó verdadeiro de cordão, justificando seu óbito. Discussão: O nó verdadeiro de cordão umbilical normalmente se apresenta de forma frouxa, com pouca ou nenhuma repercussão hemodinâmica para o feto. No entanto, sua apresentação de forma justa está relacionada ao estreitamento da luz vascular dos vasos umbilicais, com redução do fluxo sanguíneo ao feto, asfixia e risco até 10 vezes maior de óbito fetal. Além disso, a gemelaridade por si só caracteriza uma gestação como de alto risco para o bem-estar materno e fetal ao potencializar o risco de complicações como as que podem ocorrer em uma gravidez única. Com base no caso acima, pode-se compreender que o diagnóstico precoce do nó verdadeiro de cordão é extremamente difícil, visto que o mecanismo etiológico desse evento é a movimentação fetal, o que costuma ocorrer durante toda a gestação. Assim, se o estreitamento da luz do cordão ocorre de forma tardia, como no caso descrito, a monitoração do pré-natal por meio da ultrassonografia bem como por exame físico, podem não identificar esse evento e resultar em um desfecho desfavorável para o feto de modo completamente imprevisível.
1817
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
NÚMERO DE COLETAS DE MATERIAL DO COLO DO ÚTERO PARA EXAME CITOPATOLÓGICO NO BRASIL PRÉ-PANDEMIA E NA PANDEMIA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ANOS DE 2015 E 2021 Autores: Larissa Pires Almeida, Laura de Araújo Oliveira, Stephanie Santos Santana, Giulia Trigo Circenis, João Pedro Lopes Vital e Castro Palavras-chaves:
Papanicolau
, Pandemia
, Citopatológico
, Colo do útero
, Preventivo
Resumo
NÚMERO DE COLETAS DE MATERIAL DO COLO DO ÚTERO PARA EXAME CITOPATOLÓGICO NO BRASIL PRÉ-PANDEMIA E NA PANDEMIA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS ANOS DE 2015 E 2021
Introdução: A coleta de material do colo de útero para exame citopatológico, popularmente conhecido como Papanicolau ou preventivo, é um exame de extrema importância na saúde da mulher. O exame é a principal estratégia para identificar precocemente lesões precursoras do câncer de colo do útero, doença que representa a quarta causa de morte por câncer na população feminina. O Papanicolau deve ser feito em mulheres entre os 25 e 65 anos que já iniciaram sua vida sexual, sendo realizado regularmente de acordo com a necessidade individual. Durante a pandemia pelo SARS-CoV-2, declarada em 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), entretanto, o acesso à atenção primária foi dificultado devido à redução do número de atendimentos e limitação do contato social, afetando diretamente a qualidade do serviço básico de saúde. Sendo assim, possivelmente muitas mulheres ficaram desassistidas, o que faz necessário quantificar esse prejuízo, a fim de traçar estratégias em saúde pública para preencher essa lacuna. Objetivo: Analisar comparativamente o número de coletas de material do colo de útero para exame citopatológico no Brasil realizados no período pré-pandemia e durante a pandemia, entre os anos de 2015 e 2021. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo ecológico de séries temporais através de dados do Sistema de Informações Ambulatoriais (SIA)- acessado através do Departamento de Informática do SUS (DATASUS, Tabnet). Como desfecho principal, o estudo apresenta o número de mulheres que realizaram o exame citopatológico entre 2015 a 2021, comparando os períodos pré e durante pandemia. Os dados foram organizados utilizando o Microsoft Excel (v. 16 52). Resultados: Durante o período analisado, ocorreu um total de 73.356.902 coletas de material do colo do útero em todo território nacional, sendo 21.884.360 em 2015 (29,83%), 13.929.831 em 2016 (18,98%), 13.326.835 em 2017 (18,16), 10.404.330 em 2018 (14,18%), 8.201.100 em 2019 (11,17%), 2.718.177 em 2020 (3,7%) e 2.851.493 em 2021 (3,88%). Conclusão: Observou-se uma grande queda do número de exames entre os anos de 2015 e 2020 (87,57%), pré e durante pandemia, respectivamente, e um discreto crescimento entre os anos de 2020 e 2021 (4,9%). Conclui-se, portanto, que o número de coletas de material do colo uterino para exame citopatológico, no Brasil, desde 2015 segue um padrão progressivo de queda que foi acentuado no período pandêmico, provavelmente, por conta de medidas de contenção da doença, as quais dificultaram o acesso ao exame e o cumprimento de sua periodicidade. Com a flexibilização destas medidas, em 2021, é notório o aumento, embora modesto, do número de coletas. Dessa maneira, mais estudos, com metodologias mais desenvolvidas, são necessários para confirmar tais achados.
1730
Obstetrícia
O AUMENTO DA GRAVIDEZ TARDIA NO BRASIL (1995-2020) Autores: CÉLIA REGINA DA SILVA, DENISE LEITE MAIA MONTEIRO, THAMIRIS DOS SANTOS DE SOUSA, ISABEL MARIA DOS SANTOS LACERDA, MATEUS BENAC CAVALCANTE, DANIELA FORTUNATO AUAR Palavras-chaves:
Idade Materna
, Gravidez de Alto Risco
, Prevalência
Resumo
O AUMENTO DA GRAVIDEZ TARDIA NO BRASIL (1995-2020)
Introdução: A gravidez com idade de 35 anos ou mais é considerada gravidez tardia, com riscos para o binômio materno-fetal. Objetivo: Analisar a frequência de gravidez tardia, isto é, a gravidez em mulheres de 35 anos ou mais entre 1995 e 2020. Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e no Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). Estudou-se as gestantes com idades a partir dos 35 anos que tiveram filhos neste período. Foram excluídas as informações dos registros do SINASC com idade gestacional menor que 22 semanas e com idade ignorada e calculou-se a frequência da gravidez no período. Resultados: A gravidez tardia vem mostrando aumento no Brasil. O número total de NV no Brasil no período 1995-2000 entre as mães ≥35 anos foi 1.498.193 NV, equivalente a 8,1% dos nascimentos no período. Entre 2001-2006 ocorreram 1.655.517 nascimentos, correspondendo a 9,1% de mães com idade tardia, entre 2007-2012 aumentou para 10,4% (1.808.578) e de 2013-2018 houve aumento expressivo para 2.354.305 (13,4% do total). Em 2019, a taxa de nascimentos com idade materna de 35 anos ou mais foi de 16,2% (460.795 NV) e em 2020 alcançou 16,5% (451.332 NV) do total de partos ocorridos no País. Em relação à região, observa-se em 2020 que a região Sudeste concentrou 44,6% dos partos de mães com idade materna de 35 anos ou mais, seguido pelo Nordeste (24,6%), Sul (15,2%), Centro-Oeste (8,1%) e região Norte (7,4%). Conclusão: Esses resultados mostram aumento da frequência de gestação tardia. A tendência de adiamento da gravidez ocorre provavelmente devido à participação feminina no mercado de trabalho, à maior escolaridade e ao casamento mais tardio, o que leva à postergação da gravidez em busca de melhores oportunidades profissionais e financeiras.
1762
Obstetrícia
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Autores: Giovana Salviano Braga Garcia, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro, Vivianne de Almeida Mattos Pires, Pedro Heydrich Takagi, Kamilla Fernandes Santiago de Araujo, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
mortalidade materna
, puerpério
, COVID-19
Resumo
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NA MORTALIDADE MATERNA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Introdução: Atualmente, o termo mortalidade materna é definido como a morte da mulher grávida ou em até 42 dias após o parto, independentemente da duração e da localização da gestação. A definição leva em consideração fatores responsáveis por tornar a gestação de alto risco e por dificultar seu manejo, no entanto, desconsidera causas acidentais. É sabido que as principais causas de morte materna no mundo são pré-eclâmpsia/eclâmpsia, hemorragia pós parto, doenças cardiovasculares, eventos trombóticos e infecções, como a endometrite. Contudo, no período da pandemia do vírus SARS-CoV-2 no Brasil, foi observado um importante aumento no número de mortes maternas. O motivo ainda não é claro, porém, alguns estudos mostraram que quando a hipertensão, obesidade, e/ou pré-eclâmpsia, ocorrem na gravidez associado a infecção por COVID-19, a resposta inflamatória pode contribuir para um pior prognóstico. Ademais, a dificuldade de acesso a serviços com atendimento especializado e acompanhamento inadequado de complicações obstétricas ainda persistem, e foram potencialmente agravados pela pandemia. Objetivos: Analisar o número de mortes maternas e suas principais causas no estado do Rio de Janeiro no período anterior à pandemia de COVID-19 no país, e no período de pico da pandemia de COVID-19 no Brasil. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados referentes à mortalidade materna registrada no estado do Rio de Janeiro no ano de 2019, anterior à pandemia de COVID-19 no Brasil, e durante os anos de 2020 e 2021, período de pico da pandemia no país. Os dados foram coletados do banco de dados da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES/RJ). As variáveis selecionadas foram: Óbitos maternos por residência, e Causas maternas. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise dos dados. Resultados e Conclusão: Durante o ano anterior à pandemia, foram registradas 153 mortes maternas no estado do Rio de Janeiro, e no período de 2020 a 2021, foram registradas, respectivamente, 187 e 291 mortes, resultando em um aumento de 22,22% em 2020 e 90% em 2021 em relação ao ano de 2019. Em 2019, a maior causa de morte foi a Pré-eclâmpsia (PE) (7,18%), em seguida a HPP e a Embolia de Origem Obstétrica (5,88%). Em 2020, a principal causa de morte foram as Doenças Virais complicando a gravidez, parto e puerpério (34,75%), em segundo lugar a PE (10,16%), e em seguida a HPP e a Gravidez tubária (2,87%). Já em 2021, foi observado que a maior causa de morte materna foi novamente as Doenças Virais, porém agora sendo responsável por 52.57% dos óbitos, a PE em segundo lugar (4,81%) e em seguida a Eclâmpsia (4,47%). O impacto da COVID-19 na gravidez, parto e puerpério, e se o estado gravídico-puerperal altera a história natural da COVID-19 são questões que ainda precisam ser melhor esclarecidas. Também é fundamental formular estratégias que garantam o acompanhamento de pré-natal de qualidade mesmo diante do cenário de pandemia.
1810
Ginecologia
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO EXAME DE MAMOGRAFIA NO RIO DE JANEIRO Autores: Brenda dos Santos Ribeiro, Maria Eduarda Neves de Alencar, Carolina Schuindt Muniz, Luiza Fonseca Gonzalez Bruno, Wantuil Junio Schuindt Machado, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
Mamografia
, Câncer de mama
, COVID- 19
Resumo
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO EXAME DE MAMOGRAFIA NO RIO DE JANEIRO
Introdução: O câncer de mama é a neoplasia maligna mais incidente entre as mulheres em todo o mundo. A mamografia é o único exame de eficácia comprovada para rastreio de câncer de mama, evitando que o diagnóstico seja realizado apenas em estágios mais avançados da doença. Atualmente, recomenda-se pelo Ministério da Saúde que mulheres entre 50-69 anos realizem a mamografia bienalmente. Com isso, a possibilidade de cura é maior, assim como de realizar tratamentos menos agressivos. Como forma de padronizar os resultados da mamografia, o Colégio Americano de Radiologia desenvolveu o sistema BI-RADS. As categorias indicam a probabilidade de um resultado benigno ou maligno baseado em achados de imagem. Seus benefícios incluem orientação quanto à conduta a ser tomada de acordo com cada categoria. Os resultados são classificados de 0 a 6, representando inconclusivo, normal, achado benigno, provavelmente benigno, suspeito, altamente suspeito e malignidade comprovada por biópsia, respectivamente. Durante o período de pandemia de COVID-19, foram necessárias medidas com fins de reduzir a disseminação do vírus. Neste contexto, muitas pacientes adiaram a realização da mamografia, o que pode ter aumentado consideravelmente o atraso nos diagnósticos de câncer de mama. Objetivos: Analisar o número de mamografias realizadas no estado do Rio de Janeiro, e seus resultados segundo a classificação BI-RADS, no ano anterior à pandemia de COVID-19, e durante o período da pandemia no país. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, utilizando dados referentes à realização do exame de mamografia no Rio de Janeiro por local de residência no ano de 2019, período anterior a pandemia de COVID-19 chegar ao país, comparando com os dados do ano de 2020, durante o período de pandemia de COVID-19 no Brasil. Os dados foram coletados do Sistema de Informação do Câncer (SISCAN) e as variáveis selecionadas foram: Número de exames realizados e Categoria BI-RADS. O programa Microsoft Excel foi utilizado para análise dos dados. Resultados e Conclusão: Ao todo, foram realizadas 92.649 mamografias no Rio de Janeiro no ano de 2019, sendo 81.172 entre março e dezembro. Em 2020, do início da pandemia (março) ao fim do ano, foram realizadas 49.502 mamografias, resultando em uma redução de 39,0% - incluindo redução de 81,9% em maio, o mês mais afetado. Levando em conta a categoria BI-RADS, em todo o período analisado houve redução de 28,5% em BI-RADS 0; 42,9% em BI-RADS 1; 39,2% em BI-RADS 2; 42,4% em BI-RADS 3 e 10,2% em BI-RADS 4. Nas categorias 5 e 6 houve aumento de 4,8% e 90,5%, respectivamente. Foi observada uma redução significativa no número de mamografias realizadas em 2020 no Brasil, e um aumento de achados altamente suspeitos e de malignidade comprovada por biópsia. Problemas antigos no acesso a esse exame, foram agravados pela crise gerada pela COVID-19. Isso representa uma sobrecarga de exames para os próximos anos, e um número potencial de câncer de mama diagnosticados tardiamente.
1824
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES NO BRASIL Autores: Henrique Maciel Vieira de Moraes, Marcelle Raschik Riche, Wanda Vianna Mury, Pamela Cristina Reis Albuquerque, Yvone Taube Maranho, Júlia Maria Mendonça Machado Pinheiro Palavras-chaves:
Neoplasias do Colo do Útero
, Teste de Papanicolaou
, COVID-19
Resumo
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE COLO DE ÚTERO EM MULHERES NO BRASIL
Introdução: O câncer de colo de útero é a terceira neoplasia mais frequente entre mulheres no Brasil e quando diagnosticado e tratado precocemente apresenta bom prognóstico. A principal forma de identificá-lo é através do exame citopatológico cérvico-vaginal. Por meio desse exame, é feita a análise microscópica de material coletado no colo do útero objetivando o rastreio de lesões pré-neoplásicas e neoplásicas. No Brasil, essa inspeção deve ser realizada anualmente em mulheres sexualmente ativas de 25 a 64 anos e, após dois exames anuais consecutivos negativos, a cada três anos. Contudo, durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, nos anos de 2020 e 2021, houve uma redução significativa da procura por exame citopatológico cérvico-vaginal. Além disso, o sistema de saúde teve que se reorganizar para poder auxiliar os pacientes com SARS-COV 2, gerando obstáculos no rastreamento e detecção do câncer de colo de útero. Objetivos: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no rastreamento de câncer de colo de útero no Brasil. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, que tem por objetivo reunir dados referentes à realização de exame citopatológico cérvico-vaginal no SUS nos anos de 2018 e 2019, anteriores à pandemia de COVID-19, comparando com os valores coletados durante os anos de 2020 e 2021. Os dados foram obtidos por meio do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Os resultados refletem o somatório do número de exames realizados em todas as capitais brasileiras nos anos em análise. As variáveis selecionadas foram: exame citopatológico cervico-vaginal/microflora, código 0203010019, exame citopatológico cervico vaginal/microflora-rastreamento, código 0203010086 e quantidade apresentada segundo capital. Resultados e Conclusão: Durante os anos de 2018 e 2019 foram registrados, respectivamente, 2.375.954 e 2.322.574 exames citopatológicos cérvico-vaginais pelo SUS. Nota-se certa estabilidade nesse período, com redução de 2,24% no ano de 2019. No entanto, durante os anos de 2020 e 2021, anos de pico da pandemia, foram registrados, respectivamente, 1.282.599 e 1.740.401 exames citopatológicos cérvico-vaginais pelo SUS. Assim, observou-se, no presente estudo, uma significativa diminuição de 35,66% no número de rastreamentos de câncer de colo de útero nos anos de 2020 e 2021 em comparação com a média anual dos anos de 2018 e 2019. O referido exame permite o diagnóstico precoce de lesões precursoras, antes da evolução para neoplasias invasivas, de modo a reduzir as taxas de morbimortalidade pela doença. Sendo assim, a queda no número de exames citopatológicos cérvico-vaginais realizados é preocupante, uma vez que favorece o diagnóstico de tumores em estágios mais avançados, o que demanda tratamentos mais invasivos e de menor eficácia.
1821
Ginecologia
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL Autores: Henrique Maciel Vieira de Moraes, Marcelle Raschik Riche, Wanda Vianna Mury, Yvone Taube Maranho, Pamela Cristina Reis Albuquerque Palavras-chaves:
Neoplasias da Mama
, Mamografia
, COVID-19
Resumo
O IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO RASTREAMENTO DE CÂNCER DE MAMA EM MULHERES NO BRASIL
Introdução: O câncer de mama possui alta mortalidade no Brasil e no mundo, apresenta caráter multifatorial associado a fatores genéticos, hereditários, ambientais e comportamentais. A mamografia é o principal exame de rastreio, capaz de revelar alterações suspeitas, como focos de microcalcificações, tumores em estágios iniciais, antes do surgimento de sinais e sintomas para o paciente. Por conta disso, o Ministério da Saúde recomenda, por meio de orientações da Organização Mundial de Saúde, que seja feito rastreamento mamográfico a cada dois anos, em todas as mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos. No SUS, esse exame é oferecido para todas as idades, conforme indicação médica. Contudo, durante a pandemia de COVID-19 no Brasil, nos anos de 2020 e 2021, houve uma redução significativa da procura por exames de mamografia no país. Ademais, o sistema de saúde teve que se reorganizar para poder auxiliar os pacientes com SARS-COV 2, promovendo obstáculos no rastreamento do câncer de mama. Objetivos: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 no rastreamento de câncer de mama no Brasil, a partir de dados coletados acerca da realização de mamografias no SUS no período anterior e de pico da pandemia no país. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo, que tem por objetivo reunir dados referentes à realização de mamografias bilaterais para rastreamento no SUS nos anos de 2018 e 2019, anteriores à pandemia de COVID-19, comparando com os dados coletados durante os anos de 2020 e 2021. Os dados foram coletados por meio do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS). Os resultados refletem o somatório do número de exames realizados em todas as capitais brasileiras nos anos selecionados. As variáveis selecionadas foram: mamografia bilateral para rastreamento, código 0204030188, quantidade apresentada segundo capital. Resultados e Conclusão: Durante os anos de 2018 e 2019 foram registradas, respectivamente, 824.936 e 842.918 mamografias bilaterais para rastreamento pelo SUS. Nota-se certa estabilidade nesse período, com aumento de 2% no ano de 2019. No entanto, durante os anos de 2020 e 2021, anos de pico da pandemia, foram registradas, respectivamente, 453.532 e 634.918 mamografias bilaterais para rastreamento pelo SUS. Assim, observou-se, no presente estudo, uma significativa diminuição no número de rastreamentos de câncer de mama nos anos de 2020 e 2021 em comparação com a média anual de rastreamentos dos anos de 2018 e 2019, 34,73% de redução. Sendo o diagnóstico precoce de câncer de mama fundamental para melhor prognóstico da doença, a queda no número de mamografias realizadas é preocupante, uma vez que favorece o diagnóstico de tumores em estágios mais avançados, o que demanda tratamentos mais invasivos e de menor eficácia.
1832
Obstetrícia
O impacto da pandemia do COVID-19 sobre o do pré-natal no Brasil. Autores: Ana Beatriz Rodrigues Barros da Silva, Camila de Melo Cesarino Matias, Carolina de Araújo Gonçalves, Jéssica Lopes Munhoz, Ingrid Paiva Duarte Palavras-chaves:
obstetrícia
, pré-natal
, pandemia
, covid-19
, GO
Resumo
O impacto da pandemia do COVID-19 sobre o do pré-natal no Brasil.
Introdução: A atenção pré-natal destaca-se como fator essencial na prevenção e proteção a
eventos adversos sobre a saúde obstétrica, possibilitando identificação e o manuseio clínico de
intervenções oportunas sobre potenciais complicações à saúde da mãe e seus recém-nascidos.
A não realização ou a realização inadequada na atenção à gestante tem sido associada à maior
morbimortalidade materno – infantil. O controle pré-natal, segundo organismos oficiais de
saúde, deve ter início precoce, ter cobertura universal, ser realizado de forma periódica e estar
adequado com demais ações preventivas e curativas. No atual contexto mundial da Pandemia
de COVID 19, teme-se um impacto na qualidade de assistência prestada às gestantes, visto que,
diante do receio de contrair o vírus e a falta de informações seguras, a puérpera torna-se
vulnerável a doenças e tem seu acesso a qualidade assistencial reduzida. Estas reduções em
consultas pré-natais são mais evidentes em populações de baixa renda cujo número de consultas
já era afetado anteriormente à pandemia.
Objetiva –se com este trabalho analisar o impacto da Pandemia de COVID 19 na assistência
pré-natal e seus impactos a longo prazo em comorbidades e na mortalidade materno fetal,
verificando dessa forma quais as populações mais afetadas neste contexto.
Material e Métodos: Estudo epidemiológico transversal do número de consultas pré natais por
nascidos vivos, nos anos de 2018 a 2020 baseando-se em dados encontrados no Painel de
Monitoramento de Nascidos Vivos (SINASC), junto a análise dos dados retirados das
plataformas SCIELO, PUBMED e MEDLINE.
Resultados e Discussão: Nas 5 regiões Brasileiras, encontramos uma redução de em todas as
consultas pré-natais de 2019 para 2020; em 2019, 980.128 tiveram 7 ou mais consultas de prénatal, e em 2020 foram apenas 928.199, uma diminuição de 5,29% de um ano para o outro.
Observou-se que a região Norte anteriormente ao período de pandemia (2019) constava com o
menor número de consultas pré-natais totalizando 313.696, tendo seu número ainda mais
reduzido para 301.625 em 2020. Com 4 a 6 consultas realizadas, o grupo mais afetado foi o de
mulheres indígenas com 9775 consultas em 2019 e indo para 9420 consultas em 2020.
Conclusão:
A partir dos resultados obtidos, é possível afirmar que houve uma redução de 2019 para 2020
no número de consultas de pré-natal recomendado pelo Ministério da Saúde, podendo-se sugerir
que a pandemia de COVID-19 teve um papel importante nesse resultado, o grupo de mulheres
brancas, jovens e de regiões mais urbanizadas foi afetado no contexto pandêmico, porém de
forma bem menos evidente do que nos demais grupos. Infere-se, portanto, que essa diminuição
de consultas de pré-natal no ano de 2020 expressou um dos maiores problemas que o sistema
de saúde brasileiro enfrentou durante a pandemia, que foi atender de forma igualitária a todos
os seus usuários que não fossem de caráter de urgência implicando na qualidade de vida dessas
gestantes e seus filhos.
1735
Ginecologia
O papel da vitamina D na vida reprodutiva da mulher Autores: Rachel Torrieri, Luciana Osolins, Jacqueline Montuori, Bruna Obeica Palavras-chaves:
vitamina D
, infertilidade
, FIV
Resumo
O papel da vitamina D na vida reprodutiva da mulher
Introdução: A vitamina D é um pró-hormônio sintetizado principalmente pela pele a partir da ação dos raios ultravioleta, menos de 10-20% é proveniente da dieta. Sua forma ativa é a 1,25-dihidroxivitamina D3, tendo sua ação mediada pelo receptor de vitamina D. Sabe-se que esse receptor não é apenas encontrado no sistema de controle do metabolismo osteomineral, como também nos ovários (células da granulosa), no útero, na placenta, nos testículos, no hipotálamo e na hipófise, o que sugere uma grande influência da vitamina D na vida reprodutiva. Nesse contexto, questiona-se se a suplementação de vitamina D pode ter um papel importante no tratamento da infertilidade.
Objetivo: Abordar a ação da vitamina D na ovulação e questionar sua suplementação no tratamento da infertilidade feminina.
Materiais e métodos: Foram utilizados artigos pesquisados nas bases de dados Scielo e Pubmed, a partir do ano de 2011.
Resultados e conclusão: Sabe-se que o hormônio anti-mulleriano (HAM) é responsável pelo desenvolvimento e crescimento dos folículos e, portanto, importante marcador da reserva ovariana, que pode ser alterado por fatores ambientais, assim como pela deficiência de vitamina D. Algumas análises corroboram com a hipótese de que a deficiência desta vitamina estaria relacionada com baixas taxas de sucesso em reprodução assistida e com melhores desfechos em pacientes com Síndrome do Ovário Policístico (SOP) que desejam engravidar. A reposição oral de vitamina D é segura, de baixo custo e evidências sugerem seu benefício em maiores taxas de gestação em tecnologias de reprodução assistida por melhorar a qualidade oocitária, diminuição nas taxas de abortamento, além de reduzir complicações obstétricas. Logo, sua suplementação pode e deve ser encorajada em mulheres que apresentam sua deficiência documentada. Importante ressaltar que a reposição depende tanto da quantidade ingerida, quanto do peso pré-concepcional, exposição solar, níveis séricos basais, entre outros fatores, e deve ser individualizada para resultados ideais. Devido a essas variáveis, mais estudos devem ser feitos para investigar e comprovar os possíveis efeitos da suplementação de vitamina D durante o processo de pré-concepção, de acordo com seus riscos e benefícios. A criação de protocolos relacionados à suplementação da vitamina D para mulheres em idade fértil seria uma ferramenta importante no processo de fertilização, já que o uso inadequado pode levar a desfechos negativos.
1783
Ginecologia
OS DESFECHOS DAS LESÕES INTRAEPITELIAIS DE BAIXO GRAU NO COLO DO ÚTERO Autores: Nathan Vinicius Mendes Prehl Paulique, Luciana Karine dos Santos, Bruna Letícia Souza Taveira, Dulcimary Dias Bittencourt, Rita Maira Zanine Palavras-chaves:
colposcopia
, Papilomavírus Humano
, Lesões Intraepiteliais Escamosas
Resumo
OS DESFECHOS DAS LESÕES INTRAEPITELIAIS DE BAIXO GRAU NO COLO DO ÚTERO
Introdução: A infecção pelo papilomavírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível (IST) mais comum em mulheres. Até os 50 anos de idade cerca de 80% da população feminina será exposta ao vírus. O desenvolvimento de lesões precursoras do câncer de colo de útero está atrelado à persistência da infecção do HPV, responsável por causar as lesões intraepiteliais de alto grau (HSIL). Outros fatores como o comportamento sexual de risco, a idade da sexarca, o tabagismo, o uso de anticoncepcional hormonal e o baixo perfil socioeconômico estão associados e são igualmente importantes para determinar o curso da doença. Objetivos: Avaliar a frequência de pacientes com diagnóstico citológico de lesões intraepiteliais de baixo grau (LSIL) que apresentam regressão espontânea das lesões e se mulheres com múltiplos parceiros sexuais, baixa idade da sexarca, em uso de anticoncepcional hormonal, tabagistas e com histórico prévio de ISTs estão mais sujeitas a apresentarem progressão ou persistência de LSIL. Materiais e Métodos: Estudo observacional, analítico e retrospectivo baseado na coleta de dados do seguimento ambulatorial de 110 pacientes referenciados a um serviço universitário entre 2006 e 2020, com diagnóstico citológico inicial compatível com LSIL. Resultados: A média de idade da amostra foi de 33,5 (± 9,9) anos e sexarca de 16,6 (± 2,4) anos. A média observada para o número de parceiros foi de 4,9 (± 4,3) por mulher. As pacientes que apresentaram desfecho compatível com resultados de exame negativo e haviam seguido manejo conservador foram classificadas como mulheres com regressão espontânea da lesão e corresponderam a 60,53% da amostra. Com relação às pacientes que apresentaram progressão da LSIL para HSIL, 3 variáveis da amostra se apresentaram como fatores de risco. A idade média das pacientes com progressão foi de 29,7 anos (± 5,3), 5,7 anos a menos do que aquelas que não apresentaram esse desfecho (p = 0,026). A média de sexarca também foi menor entre essas mulheres (15,2 anos (± 2,0, p = 0,043). O tabagismo também apresentou influência no desfecho e das pacientes com resultado final de HSIL, 50% eram tabagistas Conclusão: A maioria das pacientes com diagnóstico de LSIL submetidas ao manejo conservador apresentam regressão espontânea das lesões em 12 meses. A conduta expectante em pacientes com LSIL, com repetição periódica de exames diagnósticos não-invasivos, mostra-se apropriada e evita o sobretratamento de pacientes jovens e com prole indefinida. Dentre as pacientes submetidas ao manejo excisional, a colposcopia se mostrou eficaz na definição da conduta quanto aos achados colposcópicos maiores e menores. Entre as características da amostra, observou-se correlação importante entre o hábito de fumar, a precocidade da sexarca e o desenvolvimento das HSIL. A redução do tabagismo e medidas educacionais de proteção nas relações sexuais são medidas que devem ser consideradas na prevenção do câncer do colo uterino.
1751
Obstetrícia
PARTOS VERTICALIZADOS COMO PRÁTICA OBSTÉTRICA HABITUAL EM UM HOSPITAL DE FLORIANÓPOLIS Autores: Manoella Caetano dos Santos, Nicole Zazula Beatrici, Roxana Knobel, Bianca Ruschel Hillmann, Julia Lopes Garrafa Palavras-chaves:
Parto Humanizado
, Assistência ao parto
, Complicações do parto
Resumo
PARTOS VERTICALIZADOS COMO PRÁTICA OBSTÉTRICA HABITUAL EM UM HOSPITAL DE FLORIANÓPOLIS
Introdução: O parto em posição verticalizada pode ter benefícios para a mulher como a redução do número de episiotomias e de partos instrumentalizados. Porém, pode haver um aumento do número de lacerações perineais. No serviço estudado, partos são atendidos em posição não supina desde 1996. Objetivo: Avaliar a prevalência de partos em posição não supina em uma série histórica de 2014 a 2018. Comparar a posição do parto com a prevalência de Apgar baixo do recém-nascido, episiotomias, partos instrumentalizados e lacerações perineais graves. Material e métodos: Estudo observacional, descritivo retrospectivo de dados secundários. Foram analisados registros de mulheres que tiveram parto entre os anos de 2014 a 2018. Foram incluídas as gestações consideradas de baixo risco, de mulheres que tiveram parto vaginal, sem história de diabetes ou hipertensão, com índice de massa corporal menor que 30 Kg/m2, HIV negativas, feto cefálico e único, com peso ao nascer entre 2500 e 4499 gramas e idade gestacional entre 35 e 41 semanas. Os critérios de exclusão foram: fichas com mais de 50% dos dados não preenchidos ou com inconsistência de dados. A fonte de dados foi um banco de registros já alimentado com o preenchimento de uma ficha do serviço que é realizada para todas as mulheres internadas. Para este estudo foram analisadas as variáveis: ano do parto, posição materna no parto, Apgar do recém-nascido de 5º minuto menor que 7, lacerações perineais, episiotomia e parto instrumentalizado. A análise foi feita no programa SPSS 27 com cálculo de Razão de Chances (RC) e respectivo intervalo de confiança (IC) a 95%. Resultados e Conclusão: Foram elegíveis para o estudo 3444 casos. O parto verticalizado aconteceu em 2870 casos (83,2%). A porcentagem de partos verticais se manteve estável no período analisado (variação de 82,4% a 84,4%). A episiotomia foi realizada em 89 casos (2,6%), não havendo diferença entre as mulheres que pariram deitadas e as que pariram em posições verticalizadas. Ocorreram 20 nascimentos de bebês com Apgar menor que 7 (0,8%), também sem diferença entre a posição do parto. O parto instrumental foi realizado em 76 partos (2,2%), sendo 25 com fórceps e 51 aplicações de vácuo extrator. Nesse caso, o parto deitada foi um fator de risco (RC 2,67 - IC95%1,65-4,33). Lacerações perineais graves ocorreram em 4,6% desta amostra, sem diferença entre a posição do parto, mas lacerações de 2º grau ou mais ocorreram em 1414 mulheres (41,1%) com a posição deitada sendo um fator de proteção (RC 0,55 – IC95% 0,46-0,67). O parto verticalizado é uma prática incorporada na assistência ao parto no hospital. A posição no parto não esteve associada com ser submetida a episiotomia, Apgar baixo do recém nascido ou lacerações graves. A posição do parto verticalizada foi um fator protetor para ser submetida a parto instrumental e um fator de risco para laceração perineal de 2º grau ou mais.
1723
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
"PERFIL DAS ALTERAÇÕES COLPOCITOLÓGICAS NO RASTREIO DE CÂNCER DE COLO UTERINO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO". Autores: CAROLINE ALVES DE OLIVEIRA MARTINS, ISABEL CRISTINA CHULVIS DO VAL GUIMARÃES, Fernanda Lopes do Nascimento, Helena Lobato Serrano, Maryana Caetano da Silva de Oliveira, Nathaly Caroline Arbigaus Palavras-chaves:
Teste de Papanicolaou
, Hospitais Universitários
, Displasia do Colo do Útero
Resumo
"PERFIL DAS ALTERAÇÕES COLPOCITOLÓGICAS NO RASTREIO DE CÂNCER DE COLO UTERINO NOS ÚLTIMOS 10 ANOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO".
Introdução: O câncer de colo uterino é o terceiro tipo mais frequente no Brasil segundo INCA. As lesões precursoras podem ser rastreadas através do exame colpocitológico. Os possíveis resultados alterados vão determinar um risco específico de confirmação histológica das lesões demandando seguimento ou encaminhamento para investigação. Objetivo: Avaliar a prevalência de cada alteração colpocitológica em mulheres atendidas em um hospital universitário nos últimos 10 anos e comparar com a prevalência observada na população geral. Material e Métodos: Estudo observacional retrospectivo transversal onde faremos o cálculo da prevalência de cada possível alteração e um teste estatístico Z para comparar as proporções com os dados da população geral descritas nas Diretrizes Brasileiras para Rastreamento do Câncer de Colo Uterino. Resultados e conclusão: Foram encontradas 1.007 colpocitologias alteradas em 9 anos. Os dados de 2016 e 2017 ainda não foram registrados. Encontramos 37.93% de laudos ASC-US (células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas), 9.83% ASC-H (células escamosas atípicas de significado indeterminado, não podendo se excluir lesão de alto grau), 8.54% AGC-US (células glandulares atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas) e AGC-H (células glandulares atípicas de significado indeterminado, não podendo se excluir lesão de alto grau), 1.29% AOI-US (células de origem indefinida, possivelmente não neoplásicas)e AOI-H (células de origem indefinida, não podendo se excluir lesão de alto grau), 28.1% LSIL (lesão intraepitelial escamosa de baixo grau), 9.04% HSIL (lesão intraepitelial escamosa de alto grau), 1.69% HSIL não podendo excluir microinvasão, 1.69% Carcinoma escamoso invasor, 1.99% Adenocarcinoma in situ e invasor. Observamos diferença com significância estatística entre os valores de ASC-US, AGC, AOI, HSIL não podendo excluir microinvasão, Carcinoma escamoso invasor e Adenocarcinoma in situ/invasor e os valores relatados para a população brasileira. Observamos maior prevalência de colpocitologias AGC, AOI, HSIL não podendo excluir microinvasão, Carcinoma escamoso invasor, Adenocarcinoma in situ/invasor e menor prevalência do ASC-US. Estudos posteriores são necessários para avaliar o perfil das pacientes atendidas neste hospital e as variáveis que podem explicar essas discrepâncias.
1864
Ginecologia
Perfil epidemiológico dos pacientes internados por endometriose no Rio de Janeiro nos últimos 5 anos Autores: Gabriel Thebas da Silva Neves, Joana Brandão Meirelles, Dmitri da Silva Gobbi Araújo, Maria Luiza dos Santos Nunes, Katia Gleicielly Frigotto Palavras-chaves:
endometriose
, epidemiologia
, dor pélvica crônica
, infertilidade
Resumo
Perfil epidemiológico dos pacientes internados por endometriose no Rio de Janeiro nos últimos 5 anos
Introdução: A endometriose é definida pela presença de tecido endometrial ectópico, glândula e/ou estroma fora da cavidade uterina. Estima-se que 10% a 15% das mulheres em idade fértil, ou 2% da população geral, tenham endometriose. No entanto, sua frequência real é mascarada pela dificuldade em confirmar a ausência da doença, uma vez que, para tal, é necessário realizar exames de alto custo ou até mesmo laparoscopia. O quadro clínico pode ser inespecífico, como dor (dispareunia, dismenorreia, e dor pélvica crônica), e infertilidade, que acomete cerca de 30 a 50% das mulheres com a doença. O diagnóstico é realizado por meio de quadro clínico, exame físico, exames laboratoriais e de imagem, sendo confirmado através de biópsia de material coletado por meio de laparoscopia. O tratamento da endometriose é individualizado e visa reduzir os sintomas, evitar o progresso da doença e possibilitar a gravidez para as pacientes que desejam. Objetivos: Analisar o perfil epidemiológico das pacientes internadas por endometriose no estado do Rio de Janeiro no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2021. Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo descritivo usando dados secundários referentes às internações por endometriose no estado do Rio de Janeiro. Os dados foram coletados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH/SUS), e as variáveis selecionadas foram: raça, faixa etária, e taxa de mortalidade a cada 100 internações. O programa Microsoft Excel foi utilizado para tabulação e análise de dados. Resultados e Conclusão: No período estudado, foram realizadas 2.978 internações referentes a endometriose no estado do Rio de Janeiro. Em relação a raça, 27.97% (n=833) eram mulheres brancas, 22,1% (n=658) pardas, 10,1% (n=298) pretas, 5,27% (n=157) amarela, e 34,65% (n=1032) não tinham informações sobre a raça. A faixa etária com maior número de internações foi de 40-49 anos (42,14%), e em seguida 30-39 anos (25,65%). Durante o período estudado a taxa média de mortalidade nas internações por endometriose foi 0,17%, sendo as faixas etárias com maior mortalidade a de 80 anos ou mais (4,55%), seguida pela de 15-19 anos (4%), que foram óbitos possivelmente decorrentes de complicações e procedimentos cirúrgicos realizados. O percurso até a obtenção do diagnóstico de endometriose não é fácil e nem todas as mulheres têm a mesma facilidade de obtê-lo. Isso é evidenciado quando, apesar de no Rio de Janeiro existirem mais mulheres pardas ou negras do que brancas, o maior número de mulheres diagnosticadas corresponde a mulheres brancas. Essa dificuldade em estabelecer um diagnóstico impacta negativamente a vida dessas mulheres que passam a ter que conviver com os sintomas, inclusive a infertilidade, já que não têm acesso ao tratamento adequado. Por isso, é fundamental a análise e o conhecimento do perfil epidemiológico da doença nessa população, para que novas estratégias sejam traçadas, a fim de auxiliar assim o diagnóstico, tratamento e seguimento das pacientes.
1794
Obstetrícia
PERFIL SOCIOECONÔMICO E COMORBIDADES DAS GESTANTES COM FETOS PORTADORES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO Autores: Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Aline Silva Izzo, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho Palavras-chaves:
anomalias congênitas
, malformação fetal
, perfil socioeconômico
Resumo
PERFIL SOCIOECONÔMICO E COMORBIDADES DAS GESTANTES COM FETOS PORTADORES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO
INTRODUÇÃO: As gestações de feto com anomalias e malformações congênitas têm incidência de 7,9 milhões de casos com nascidos vivos a cada ano, representando importante parcela das gestações. São conhecidos diversos fatores de risco para a ocorrência de tais anomalias, porém busca-se, cada vez mais, entender as possíveis influências do perfil socioeconômico na ocorrência de malformações fetais.
OBJETIVO: Avaliar o perfil socioeconômico e características de gestantes com fetos malformados, comparando com a população com gestações de fetos sem anomalias congênitas em um centro de referência de alto risco fetal.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo de coorte retrospectiva observacional de mulheres cujo parto ocorreu no período de julho de 2015 a abril de 2016 em um centro de referência de alto risco fetal. Foram selecionadas as pacientes com gestação de feto único malformado para o grupo dos casos. Para o grupo controle, foram incluídas as duas pacientes que tiveram o parto de recém-nascidos sem malformações imediatamente subsequentes às do grupo anterior.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: Em relação à etnia, observamos nas pacientes do grupo controle, a seguinte distribuição: 42,6% de pardas, 33,74% de brancas,15,64% de negras, 0,31% de amarelas e 7,67% não informadas. Na população de casos, a distribuição foi de 44,12% de pardas, 38,34% de brancas, 14,71% de negras e 2,94% não informadas. A análise do nível socioeconômico evidenciou distribuição semelhante entre os grupos, com maior prevalência de dois salários-mínimos. A escolaridade e o estado civil também apresentaram distribuição homogênea entre os grupos. A gestação não foi planejada em 38,04% das pacientes com fetos sem malformações e em 50,59% das pacientes com fetos com malformações. Analisando a paridade das pacientes dos grupos estudados, encontramos 30,98% de pacientes primíparas no grupo controle e 41,78% no grupo de casos. A avaliação antropométrica encontrou distribuição semelhante no índice de massa corporal (IMC) das pacientes. A análise de comorbidades relevou que, nos grupos de pacientes com fetos sem malformações e com malformações, encontramos, respectivamente: 2,15% e 5,88% casos com hipertensão arterial, 0,92% e 1,76% casos com diabetes mellitus. Observou-se, na população estudada, homogeneidade nas características socioeconômicas, porém maior prevalência de gestações não planejadas, idade materna precoce, primiparidade e comorbidade, como hipertensão arterial crônica e diabetes mellitus. No entanto, trata-se de uma amostra limitada e selecionada em um centro especializado, sendo necessários estudos com amostras populacionais maiores para melhor avaliação dos desfechos fetais e maternos.
1773
Obstetrícia
PLACENTA SUC CENTURIATA E BIFURCAÇÃO DE CORDÃO UMBILICAL: relato de caso e revisão de literatura Autores: EMANUELLE FICK BÖHM, Clarissa Lisbôa Arla da Rocha, Flávia Lisbôa Arla da Rocha Palavras-chaves:
cordão umbilical
, placenta
, malformação
, lobo acessório
Resumo
PLACENTA SUC CENTURIATA E BIFURCAÇÃO DE CORDÃO UMBILICAL: relato de caso e revisão de literatura
Introdução: A placenta Succenturiata é uma anomalia que apresenta um ou mais lobos acessórios, os quais se desenvolvem nas membranas distantes da placenta principal, com conexões vasculares entre os lobos. A presença de um lobo acessório pode oferecer risco para a gestante e feto, apresentando como maior complicação, retenção, sangramento durante e pós-parto, hemorragia, infecção e morte. Relato de Caso: APTM, feminino,35anos, G2PN1; US morfológico 1º trimestre: feto único; 9,6cm (CCN); BCF presente; TN:2cm; Ducto normal; sem risco para trissomia; placentação anterior com lobo acessório em parede posterior (10s +3d). US morfológico 2º trimestre, único; pélvico; placenta corporal anterior, apresentando lobo acessório em parede posterior; bifurcação de cordão, com vaso comunicando os dois lobos, desenvolvimento fetal adequado. Ecocardiograma fetal sem alterações. US 3ºtrimestre; longitudinal; cefálico; doppler normal (27s+3d). Controle quinzenal de US e Doppler para avaliação do desenvolvimento fetal; com 32s+3d prescrito Corticoide e programação de parto. Realizado parto cesariana com 37s+5d; sem intercorrências com a mãe e o feto, com alterações placentárias e malformação de cordão umbilical. Discussão: A morte perinatal é a causa mais frequente em anomalias de placenta, cordão e membranas fetais. Placentas anormais e únicas podem ter extensão variável de perfusão materno fetal, podendo levar a trabalho de parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino, sofrimento e morte fetal. Um artigo publicado no Jornal de Radiologia Brasileira caracteriza o lobo sucenturiado como uma variação anatômica, geralmente de dimensões menores e que apresenta um maior risco de retenção. Este é reconhecido pela ultrassonografia como uma massa de tecido placentário separado do lobo principal, ocorrendo em aproximadamente 5% das gestações. Tal achado relaciona-se a uma maior incidência de inserção velamentosas de cordão, vasa prévia e infarto placentário. Ademais, foi observado em determinado estudo que a incidência de lobos sucenturiados em gestações gemelares foi significativamente maior do que em gestações únicas. Os resultados sugerem que a incidência de placenta sucenturiada aumenta juntamente com o aumento da infecção pélvica, infertilidade e pré-eclâmpsia. Além disso, a frequência de idade materna maior ou igual a 35 anos e história de uso de fertilização in vitro em pacientes complicadas por lobos sucenturiados da placenta foram significativamente maiores do que aquelas em pacientes controle. O diagnóstico e manejo de malformações placentárias é realizado através do ultrassom obstétrico. A precisão do diagnóstico pré-natal pode ser muito importante para o manejo e a resolução dessas gestações, e a imagem com Doppler colorido representa um instrumento útil para um diagnóstico correto do lobo succenturiado e anomalias vasculares relacionadas.
1844
Obstetrícia
PRÉ-ECLÂMPSIA E COVID19: UMA REVISÃO DE LITERATURA Autores: Giovana Carvalho Monnerat Magalhães, Amanda Pereira Lisboa, Ana Claudia Coelho Rocha Pinto, Maria Carolina Cantuária Muniz Coutinho, Renato Ferrari, Vitória de Godoy Ferrari Palavras-chaves:
COVID19
, pré-eclâmpsia
, síndrome hellp
, complicações gestacionais
Resumo
PRÉ-ECLÂMPSIA E COVID19: UMA REVISÃO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO: Em março de 2020, a COVID-19, doença causada pelo novo Coronavírus SARS-CoV-2, foi declarada como pandemia pela Organização Mundial de Saúde. Essa doença, no decorrer de dois anos, levou a óbito pelo menos seis milhões de pessoas. Gestantes e puérperas inicialmente não integravam um grupo de risco, porém conforme houve aumento da proporção de mulheres acometidas durante o ciclo gravídico-puerperal, foi observado a necessidade de inclusão destas, tendo em vista as mudanças fisiológicas que ocorrem durante este período, principalmente as alterações na imunidade. A pré-eclâmpsia por sua vez, síndrome hipertensiva gestacional, promove com frequência lesões endoteliais, além de um estado antiangiogênico, tendo diversos desfechos graves. Com o aumento do número de casos de COVID19, houve o surgimento de uma associação deste último com a pré-eclâmpsia, fato que pode levar ao agravamento de ambos os quadros clínicos. OBJETIVOS: a presente revisão de literatura objetiva avaliar a possível ocorrência de sinergismo entre a COVID-19 e a pré-eclâmpsia, bem como a sobreposição de complicações causadas por ambas as doenças. MATERIAL E MÉTODOS: foi realizada uma revisão de literatura dos bancos de dados Scielo, UpToDate, PubMed e Google Acadêmico, em um espaço amostral de 2018 - 2022. As palavras chaves utilizadas foram: síndrome hellp, COVID19, pré-eclâmpsia, complicações gestacionais. RESULTADOS: A pré-eclâmpsia ocorre em 2% a 8% de todas as gestações e sua incidência aumenta com a elevação da idade materna, obesidade, diabetes, hipertensão e doenças renais. No Brasil, constitui a primeira causa de morte materna, principalmente quando se instala nas suas formas graves. Em níveis mundiais, a pré-eclâmpsia atinge entre 5% a 8% de todas as gestantes e é responsável por mais de 76 mil mortes maternas por ano, 500 mil mortes fetais e neonatais e 20% de todos os nascimentos prematuros. Em outubro de 2020, em resposta ao aumento de infecções pela SARS-COV-2, foi realizado um estudo observacional coordenado pela Universidade de Oxford, com uma população de 2.130 mulheres grávidas em 18 países. Este estudo concluiu que gestantes contaminadas com o vírus da COVID-19 tinham um risco quase duas vezes maior de pré-eclâmpsia, bem como outras complicações, incluindo mortalidade materna, infecção grave e parto prematuro, em comparação com grávidas sem COVID-19. Além disso, 9 em cada 100 mulheres com COVID-19 na gravidez desenvolveram pré-eclâmpsia, enquanto 5 em cada 100 mulheres sem COVID-19 desenvolveram pré-eclâmpsia. A síndrome HELLP, ainda, foi associada sinergicamente à fisiopatologia do COVID-19, de forma que ambas estão relacionadas à trombocitopenia. CONCLUSÃO: observou-se que as gestantes contaminadas pelo COVID19 apresentaram com maior risco para a pré-eclâmpsia e outras complicações da gestação, como a síndrome HELLP.
1822
Ginecologia
PREVALÊNCIA DE EFEITOS COLATERAIS COM USO DE INDUTORES OVULATÓRIOS EM PACIENTES DO AMBULATÓRIO DE INFERTILIDADE. Autores: Luiz Augusto Giordano, Olívia Fonseca Gomide Palavras-chaves:
Infertilidade
, Citrato de Clomifeno
, Letrozol
, Infertilidade feminina
, Efeitos colaterais
Resumo
PREVALÊNCIA DE EFEITOS COLATERAIS COM USO DE INDUTORES OVULATÓRIOS EM PACIENTES DO AMBULATÓRIO DE INFERTILIDADE.
INTRODUÇÃO
Infertilidade é definida como uma condição caracterizada pela falha em estabelecer uma gravidez clínica após doze meses de tentativa de gestação sem sucesso, com relações sexuais regulares e sem uso de métodos contraceptivos (sendo esse período reduzido para seis meses, em mulheres com idade superior a 35 anos). Pode ser classificada como primária, quando não se pode confirmar a existência prévia de alguma gestação e secundária, quando há registro confiável de pelo menos uma gravidez prévia. Dentre as etiologias femininas, citam-se fator ovariano, tubo-peritoneal, uterino e infertilidade sem causa aparente, sendo os dois primeiros a maior parte das etiologias femininas de infertilidade. Para investigação de infertilidade masculina, é necessário primeiramente uma anamnese bem feita, verificando história patológica pregressa, mutações genéticas, cirurgias prévias, uso de medicações e estilo de vida. Depois, solicita-se o exame de espermograma, a fim de avaliar, principalmente, concentração, quantidade, motilidade e morfologia dos espermatozoides.
Após investigação do casal e verificando que não há empecilhos para a realização do tratamento, pode-se iniciar o estímulo ovulatório, quando dado o diagnóstico de fator ovariano. A indução ovulatória pela via oral é o primeiro passo do tratamento e inclui medicações indutoras, como Letrozol (LTZ) e Citrato de Clomifeno (CC). O LTZ configura-se como um inibidor não esteroidal da enzima Aromatase (converte androgênios em estrogênios) e o CC, um modulador seletivo dos receptores de estrogênio, inibindo os efeitos estrogênicos no hipotálamo e estimulando o aumento de GnRh e, consequentemente, de FSH e LH. Assim, com os benefícios do tratamento por meio do uso dos indutores ovulatórios para estímulo ovariano, evidencia-se a necessidade de comparação entre as duas medicações quanto aos efeitos colaterais, objetivando maior bem estar das pacientes.
OBJETIVO
Comparar a prevalência de efeitos adversos do CC e do LTZ nas pacientes atendidas no Ambulatório de Infertilidade.
MÉTODO
Trata-se de um estudo retrospectivo de casos sobre os efeitos colaterais das medicações Citrato de Clomifeno e Letrozol realizado no Ambulatório de Infertilidade. O tamanho da amostra avaliada foi da população de pacientes portadoras de fator ovariano do ambulatório de infertilidade, que foram entrevistadas no período entre Julho/2019-Junho/2021.
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Das 51 pacientes avaliadas, 16 relataram efeitos adversos ao uso das medicações. Foram relatados náusea, vômitos, dor pélvica, mastalgia e irritabilidade, sendo todas as pacientes acompanhadas e tratadas.
Dentre as sintomáticas, somaram-se 7 dentre as 23 pacientes que utilizaram LTZ e 9 dentre as 28 do grupo CC.
A diferença percentual entre as amostras foi relativamente próxima, 30% de efeitos colaterais gerados por LTZ e 32% por CC. Portanto, não é possível avaliar, nesta amostra, superioridade de uma medicação sobre a outra em relação a efeitos colaterais.
1857
Ginecologia
Prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis em idosos no Brasil Autores: Letícia Viana Rubens Couto Alves, Jéssica Lopes Munhoz, Jéssica Cordeiro Paiva, Victor Faria de Oliveira, Larissa Veras Menezes, Isabella Sequetto Terror Palavras-chaves:
Sexualidade
, Idosos
, IST
Resumo
Prevalência de Infecções Sexualmente Transmissíveis em idosos no Brasil
Introdução: A saúde sexual é compreendida como bem-estar físico, emocional, mental e social relacionado à sexualidade, livre de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e de outros aspectos. Em 2019, no Brasil, o uso de preservativo nas relações sexuais foi menor nos grupos de idade mais avançada, sendo apenas 11,6% das pessoas com mais de 60 anos. Os idosos passaram a fazer parte do grupo de risco de infecção do vírus da imunodeficiência humana ou do diagnóstico da AIDS em estado avançado devido à invisibilidade da sexualidade do idoso, o fim da idade reprodutiva e o estereótipo imposto pela sociedade perante esse público, como o preconceito e a falta de promoção e prevenção pelos próprios profissionais de saúde. Esses são dados preocupantes, pois o uso de preservativo é considerado um método eficaz para a redução da transmissão de IST e cabe à saúde pública promover educação em saúde e campanhas para o controle dessas infecções. Objetivos: Identificar a prevalência das principais IST na população idosa no Brasil e o perfil sociodemográfico desse grupo. Material e Métodos: O trabalho compreende o rastreio de ISTs em idosos a partir dos dados avaliados a partir da Plataforma do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) do período captado entre 2017 e 2021, e base de dados utilizados Scientific Electronic Library Online (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), dando relevância a homens e mulheres acometidos pelas principais ISTs na população idosa. Resultados: No período analisado, foram identificados 4666 casos de Aids no Brasil entre 65 e 79 anos, sendo 2942 casos masculinos e 1794 casos femininos, já na faixa etária de 80 anos ou mais, observa-se 226 casos masculinos e 139 femininos, representando ao todo 2,95% da população. Em relação à sífilis, tem-se que dentre as pessoas de 65 anos ou mais, 18196 homens e 11943 mulheres foram infectadas totalizando 4,85% do total. Nota-se que são menos prevalentes em mulheres, o que pode ser coincidente com o fato destas procurarem mais o serviço de saúde, e assim, o incentivo à população masculina em buscar o serviço médico, iria possibilitar também o tratamento mais efetivo da população idosa. Ressalta-se ainda, que seria interessante ter informação sobre as demais ISTs, para que fosse possível traçar melhores estratégias de prevenção em saúde. Conclusão: Tendo em vista aos avanços da medicina nas últimas décadas, que possibilitaram o advento de melhores tratamentos, como métodos de reposição hormonal, tratamento para impotência sexual e métodos menos incapacitantes de tratamento de comorbidades, entende-se que, assim como há conscientização devido novos métodos de tratamentos e valorização da terceira idade, se faz necessário conscientização por meio de propagandas públicas acerca do uso de preservativos e demais estratégias de prevenção nesta faixa etária. Além disso, cabe aos profissionais de saúde atenção a esse tema, não apenas na prevenção mas também no diagnóstico precoce da doença.
1793
Obstetrícia
PREVALÊNCIA E INDICAÇÕES DE CESÁREA EM GESTAÇÕES DE FETOS PORTADORES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO Autores: Aline Silva Izzo, Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernando Maia Peixoto Filho Palavras-chaves:
cesariana
, malformação fetal
, near miss materno
, anomalias congênitas
Resumo
PREVALÊNCIA E INDICAÇÕES DE CESÁREA EM GESTAÇÕES DE FETOS PORTADORES DE ANOMALIAS CONGÊNITAS EM CENTRO DE REFERÊNCIA DE ALTO RISCO FETAL NO RIO DE JANEIRO
INTRODUÇÃO: O Brasil apresenta a segunda maior taxa de cesariana no mundo com prevalência de 55,5%, perdendo apenas para a República Dominicana com prevalência de 58,1%. Esse procedimento cirúrgico está associado a maior prevalência de hemorragia pós-parto, infecção puerperal e near miss materno. Gestações de fetos com malformações constituem importante causa de indicação de cesárea, sendo importante a análise de sua prevalência e indicações nesse grupo, em comparação com gestações de baixo risco fetal.
OBJETIVO: Avaliar a prevalência e as indicações de cesariana em gestações de fetos com anomalias congênitas em comparação com gestações de fetos sem malformações em um centro de referência de alto risco fetal no Rio de Janeiro.
MATERIAL E MÉTODOS: Estudo do coorte retrospectivo, em que foram selecionadas 173 gestantes com suspeita ou confirmação de malformação fetal (grupo de casos) e 346 gestantes sem malformações fetais (grupo controle) que tiveram parto vaginal ou cesariana no período de julho de 2015 a abril de 2016 em um centro de referência de alto risco fetal no Rio de Janeiro.
RESULTADOS E CONCLUSÃO: No período entre julho de 2015 a abril de 2016, foram analisadas 396 pacientes, sendo 170 do grupo de casos e 326 do grupo controle. Gestantes com malformações fetais apresentaram maior prevalência de cesariana (64%) em relação às gestantes sem alterações (50%). As principais indicações de cesariana nesse grupo foram a presença de malformação fetal, apresentação pélvica e iteratividade. O estudo demonstrou maior prevalência de cesariana em gestações de fetos com anomalias congênitas, sendo a presença da malformação fetal a indicação mais frequente. No entanto, são necessários estudos com populações maiores para avaliar a taxa de cesariana e suas indicações em gestações de fetos com malformações fetais.
1854
Ginecologia
PROPOSTA PARA RASTREIO DE CHLAMYDIA/NEISSERIA EM CLÍNICA PRIVADA Autores: Caroline Graça Mota Damasceno, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Guimarães de Souza Haimuri, Marcela Ignacchiti Lacerda, Ana Ximena Zunino, Cláudia Márcia de Azevedo Jacyntho Palavras-chaves:
Infecções por Chlamydia
, Doenças Sexualmente Transmissíveis
, Infecção por Neisseria gonorrhoeae
Resumo
PROPOSTA PARA RASTREIO DE CHLAMYDIA/NEISSERIA EM CLÍNICA PRIVADA
Introdução: As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) incluem um grupo de doenças de interesse tanto na saúde pública quanto privada dada sua alta prevalência. O termo ISTs substituiu o anterior pela característica assintomática de algumas. Dentre elas, a clamídia e gonorreia, na maioria dos casos, não provocam sintomas, mas, podem ter repercussões consideráveis em ambos os sexos, especialmente na fertilidade, e uma forma de rastreio deve ser discutida. Objetivos: Propor rotina de rastreio para clamídia e gonorreia em clínicas privadas bem como população alvo. Materiais e métodos: Revisão de artigos buscados nas bases de dados PubMed, Scielo e Jama com os descritores “screening for chlamydia", “screening for N. gonorrhea", “screening for STIs” do ano 2016 a 2022. Resultados: A clamídia e a gonorreia não são doenças de notificação compulsória no Brasil, mas sua incidência vem crescendo, principalmente em adolescentes e adultos jovens. As complicações podem ser doença inflamatória pélvica, infertilidade, complicações gestacionais e dor pélvica crônica. Por serem assintomáticas na maioria dos casos, uma forma de rastreio é através de testes de amplificação de ácido nucléico (NAAT) para seus agentes etiológicos, que possuem alta sensibilidade e especificidade, além de poderem ser realizados com diversos tipos de amostra. O rastreio deveria ser realizado em todas as mulheres sexualmente ativas abaixo dos 30 anos, por seu maior risco de exposição, em gestantes no primeiro e terceiro trimestre, evitando assim complicações neonatais, em mulheres que vivem com HIV ou tenham diagnóstico de outra IST ou parceiro com IST no último ano, pelo maior risco de coinfecção, em mulheres sem relacionamento estável, antes de inserção de DIU, realização de excisão de zona de transformação/conização, histeroscopia, histerossalpingografia, uma vez que tais procedimentos podem aumentar o risco de ascensão destes microorganismos, pós-exposição ao HIV, pelo contato com esta IST, e atendimento à vítima de violência sexual, uma vez que já é realizado o rastreio para as outras ISTs. Já o intervalo entre testes não foi determinado ainda com bases científicas consistentes e deve ser de acordo com novas exposições de risco da paciente. Nós sugerimos, como a maioria dos protocolos, que seja realizado de forma anual nas clínicas privadas, até semestral em grupos de altíssimo risco e repetido três meses após o tratamento. A coleta é realizada com swab, que deve ser conservado em meio próprio, e enviado para análise. Também deve ser realizado rastreio para outras ISTs, assim como orientar vacinação, principalmente para HPV e hepatite B. Conclusão: O rastreio, por mais que represente um custo, deve ser realizado por ser não invasivo e permitir a detecção precoce e tratamento de ISTs que possuem alta morbidade para as pacientes. Além de diminuir os gastos dos planos de saúde com o manejo das complicações de tais doenças, muito mais custoso do que o rastreio.
1853
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Psoríase vulvar: a experiência do ambulatório de Patologia Vulvar Autores: Brenda Maria Loureiro de Melo, Cecília Nessimian Tostes, Gabriela Magalhães Portilho Carrara, Vera Lúcia Mota da Fonseca, Afrânio Coelho de Oliveira Palavras-chaves:
Psoríase
, Doenças da vulva
, Prurido vulvar
Resumo
Psoríase vulvar: a experiência do ambulatório de Patologia Vulvar
Introdução: A psoríase é uma doença autoimune, crônica e inflamatória que atinge a epiderme, podendo acometer todo o corpo, inclusive a vulva. Dentre as pacientes, 60% irão apresentar lesões vulvares.
A doença possui diagnóstico clínico e é caracterizada por placas eritematosas, finas e delimitadas, que se manifestam com prurido intenso, queimação e fissuras, principalmente nos grandes lábios. A descamação não costuma estar tão presente no acometimento genital. O diagnóstico é dificultado pelo estigma da doença, uma vez que a paciente não costuma se queixar da lesão ao Dermatologista.
Objetivo: Descrever a experiência do acompanhamento das pacientes com psoríase vulvar no Setor de Patologia Vulvar do HUCFF - UFRJ.
Materiais e Métodos: Apresentação dos casos acompanhados no Setor de Patologia Vulvar do HUCFF - UFRJ com foco no diagnóstico e terapêutica em correlação com a literatura.
Resultados: Foram acompanhadas, oito pacientes com diagnóstico de psoríase vulvar no Serviço de Ginecologia. A média de idade foi de 55,1 anos, e todas apresentavam comorbidades, porém apenas uma era portadora de outras patologias autoimunes. Duas pacientes apresentavam incontinência urinária.
O sintoma mais prevalente dentre elas foi o prurido vulvar, porém também foi avaliada sensação de queimação local em uma delas. Ao exame físico, cinco apresentaram placas hiperemiadas e descamativas, enquanto três apresentavam, predominantemente, placas mais hipocrômicas.
Em relação ao tratamento sete pacientes iniciaram corticoide de alta potência por curto período, enquanto uma utilizou um de baixa potência. Todas as pacientes apresentaram importante melhora do quadro.
Discussão: 62,5% dos casos retrataram quadro de psoríase exclusivamente vulvar, sendo esta uma forma rara de apresentação, correspondendo à 2-5%, segundo a literatura de todos os casos de psoríase.
A clínica de todas corresponde à clássica manifestação, presença de lesões simétricas, mais comum em grandes lábios, com placa hiperemiada e lesão liquenificada associadas ao prurido, fissuras e queimação local.
Um fator importante encontrado em duas delas é a incontinência urinária, já que o contato com algumas substâncias, como urina e fezes, além do coito e uso de roupas justas, pode causar o fenômeno de Koebner, agravando as lesões.
A biópsia deve ser realizada nos quadros de incerteza ou quando o diagnóstico diferencial se faz necessário. O tratamento pode ser iniciado com corticoide tópico, sendo mais indicado os de moderada à alta potência por curto período, podendo posteriormente seguir com composições de menor potência, minimizando os efeitos adversos, como atrofia genital. O tratamento sistêmico está indicado apenas na falha terapêutica.
É imprescindível reforçar que o médico assistente busque ativamente a manifestação vulvar da psoríase, pois muitas vezes a mesma não relata essa queixa. E quanto ao Ginecologista, ao examinar a vulva, pensar nessa hipótese diagnóstica, que, apesar de rara, acontece.
1750
Obstetrícia
QUANTAS E QUAIS ULTRASSONOGRAFIAS ESTÃO SENDO REALIZADAS DURANTE O PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO OBSTÉTRICO Autores: Nicole Zazula Beatrici, Mariana Schmidt Vieira, Iago Felipe Alexandrini, Roxana Knobel Palavras-chaves:
Cuidado Pré-Natal
, Ultrassonografia
, Gravidez
Resumo
QUANTAS E QUAIS ULTRASSONOGRAFIAS ESTÃO SENDO REALIZADAS DURANTE O PRÉ-NATAL DE BAIXO RISCO OBSTÉTRICO
Introdução: O Ministério da Saúde sugere a realização de uma ultrassonografia (USG) entre 10 e 13 semanas em gravidez de baixo risco. Embora a realização do USG de rotina não altere o prognóstico perinatal, as revisões sistemáticas mostram que o exame precoce tem benefícios, por diagnosticar gestações múltiplas e diminuir a incerteza da idade gestacional. Objetivo: Avaliar quantas e quais USG foram realizadas por gestantes de baixo risco obstétrico. Material e métodos: Estudo observacional, descritivo de dados parciais do projeto “Assistência pré-natal recebida por puérperas atendidas em um serviço de Florianópolis durante a Pandemia de COVID-19”, coletados através de análise do cartão de pré-natal e entrevista com a puérpera. Dados referentes a gestações cujo pré-natal ocorreu entre maio de 2021 e março de 2022. Foram incluídas as puérperas cujos bebês nasceram vivos e entre 35 e 41 semanas no hospital estudado. Critérios de exclusão foram mulheres com idade inferior a 18 anos, que tiveram acompanhamento no pré-natal de alto risco, com distúrbio mental grave, estrangeiras sem fluência em português ou que chegaram ao Brasil após o primeiro trimestre e gestações com mal formações fetais conhecidas no pré-natal. Neste estudo foram analisadas a realização de USG de primeiro trimestre, de medida de translucência nucal (TN), morfológica ou similar e de terceiro trimestre, além de gastos extras com o exame referidos pelas puérperas. Resultados e conclusão: Com os critérios de exclusão a amostra final foi de 111 dos 173 casos avaliados. A média do número de consultas foi 7,61 (Desvio padrão (DP) 2,41). A média da idade gestacional no início do pré-natal foi 10,38 semanas (DP 7,92). O número total de exames variou de nenhum (apenas uma mulher) a 6, com média de 2,54 (DP 1,34). Realizaram USG de 1º trimestre 55 mulheres (49,5% da amostra) e para medida de TN e morfológico ou similar, 15 (13,5%) e 66 (59,5%) mulheres respectivamente. Realizaram USG no 3º trimestre 63 (56,8%) participantes e o número máximo foi 3 exames nesse trimestre. Apesar de apenas 5 mulheres (4,5%) terem realizado pré-natal em serviços privados, 66 (59,5%) das participantes referiram gastos extras durante o pré-natal com a realização de exames ecográficos. Dessas, 24 pertencem a famílias com ganho mensal de até dois salários mínimos. Apesar do número de exames em geral ser superior ao recomendado para gestantes de baixo risco, a porcentagem de participantes que fizeram USG de primeiro trimestre e/ou para medida de TN foi baixo. Muitas entrevistadas realizaram dois ou mais exames no terceiro trimestre, sendo a necessidade de gastos com exames relatada por mais da metade das participantes. É necessário otimizar a realização de exames ultrassonográficos durante o pré-natal pelo SUS para gestantes de baixo risco a fim de priorizar os de maior relevância clínica, e desmistificar a necessidade de exames de terceiro trimestre.
1729
Obstetrícia
REDUÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NOS ÚLTIMOS 21 ANOS (2000-2020) Autores: DENISE LEITE MAIA MONTEIRO, ISABEL MARIA SANTOS LACERDA, IZADORA GONÇALVES RODRIGUES, FÁTIMA REGINA DIAS DE MIRANDA, MATEUS BENAC CAVALCANTE, THAMIRIS DOS SANTOS DE SOUSA Palavras-chaves:
Pregnancy in Adolescence
, Prevalence
, Epidemiology
Resumo
REDUÇÃO DA GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NOS ÚLTIMOS 21 ANOS (2000-2020)
Introdução: A gravidez na adolescência é motivo de preocupação para os gestores de saúde e para toda a sociedade, em função dos problemas especialmente psicossociais para a jovem mãe e da perda de oportunidades de crescimento profissional. Objetivo: Avaliar a frequência da gravidez na adolescência no Brasil nos últimos 21 anos (2000-2020), nas cinco diferentes regiões brasileiras, nas duas faixas de idade (10-14 e 15-19 anos). Método: Estudo com desenho transversal, realizado por busca de informações nos bancos de dados do Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC). As variáveis utilizadas foram: nascimento segundo local de residência da mãe, nascimento segundo região do Brasil, ano do nascimento e idade da mãe. A população do estudo foi constituída por mulheres que tiveram nascidos vivos (NV) a partir do ano 2000 até o ano de 2020, último ano com dados disponíveis, nas cinco diferentes regiões do Brasil. As informações sobre o número total de NV por região, assim como nas faixas etárias de 10-14 e 15-19 anos foram obtidas para calcular-se a percentagem de NV de mães adolescentes. Resultados: Embora a gestação na adolescência tenha reduzido 40% nesses 21 anos, isso ocorre de forma lenta. Em 2020, nasceram 381.653 filhos de mães com idade entre 10 e 19 anos, o que representa 14% do total de NV, enquanto em 2000 nasceram 750.537 bebês, filhos de mães adolescentes (23,4% do total de NV). Houve diminuição importante nos últimos anos no Brasil, especialmente a partir de 2014. Em 2000, a cada 4 bebês brasileiros, 1 era filho de mãe adolescente. Em 2020, com a redução da frequência de gravidez, de cada 7 bebês, 1 é filho de adolescente. Apesar do decréscimo, ainda apresenta índices altos, em especial no que diz respeito à gestação de meninas entre 10 e 14 anos (17.579 NV de meninas de 10 a 14 anos em 2020). Entre 2019 e 2020 houve redução de 8,4% no total de NV de adolescentes. Em 2019 nasceram 419.252 bebês de mães adolescentes, sendo que 19.330 eram filhos de meninas de 10-14 anos, o que corresponde a 14,7% do total de NV. Entre adolescentes de 10-14 anos diminuiu 9% na região Norte, 7,7% na região Nordeste, 7,9% na região Sudeste, 6,2% na região Sul e 9,3% na região Centro-Oeste. Entre adolescentes de 15-19 anos diminuiu 7,9% na região Norte, 8,5% na região Nordeste, 8,3% na região Sudeste, 9,3% na região Sul e 9,4% na região Centro-Oeste.
Conclusão: Embora a frequência de gravidez na adolescência ainda seja muito alta, mais do que o dobro dos países desenvolvidos, a tendência de redução permanece. Os números de 2020 vão na contramão do que se previa no início da pandemia de COVID-19, quando a expectativa era de aumento de casos em função da dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos durante o período de isolamento social.
1845
Obstetrícia
RELAÇÃO ENTRE PERDA GESTACIONAL PRECOCE E DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA Autores: Giovana Carvalho Monnerat Magalhães, Amanda Magri Freire, Gabriela Schenker Margulies, Larissa Cardoso Rodrigues da Silva, Renato Ferrari, Tatiana Pereira de Lima Palavras-chaves:
aborto precoce
, trombofilias
, trombofilias hereditárias
, complicações gestacionais
, abortamento recorrente
Resumo
RELAÇÃO ENTRE PERDA GESTACIONAL PRECOCE E DISTÚRBIOS DA HEMOSTASIA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
INTRODUÇÃO: O aborto espontâneo é um evento comum que acomete de 15% a 25% das mulheres que engravidam e é caracterizado pela perda fetal antes de 22 semanas de gestação ou com peso inferior a 500g. O abortamento espontâneo recorrente (AER), por sua vez, é definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como 3 ou mais abortos antes de 20 semanas de gestação. Recentemente, estudos indicaram que parte significante dos abortos tem emergido como resultado de problemas relacionados a mecanismos imunológicos e hematológicos do organismo. Por sua vez, o sucesso da gestação depende de diversos fatores, entre eles a hipercoagulabilidade gestacional. Deste modo, na gravidez, tem-se a elevação dos fatores pró-coagulantes e redução dos fatores anticoagulantes e da fibrinólise, induzindo estado de hipercoagulabilidade secundária. OBJETIVOS: a presente revisão de literatura objetiva elucidar a importância do rastreio de trombofilias, sejam estas hereditárias ou adquiridas, no cenário do aborto espontâneo recorrente. MATERIAL E MÉTODOS: Foi realizada uma revisão de literatura dos bancos de dados Scielo, UpToDate, PubMed e Google Acadêmico, em um espaço amostral de 2007 - 2021 , nas línguas português e inglês. RESULTADOS: A trombofilia é uma das principais causas de morbimortalidade gestacional, sendo a taxa de mortalidade em gestantes com história prévia de tromboembolismo venoso de 12 a 15%. O tromboembolismo tem maior incidência durante a gravidez, aumentando cerca de cinco vezes nesse grupo em relação às mulheres não gestantes. Estudos sugerem que mulheres portadoras de trombofilias durante a gestação apresentam associação positiva com maior prevalência de complicações obstétricas e perinatais, como abortos recorrentes e perdas fetais. Das diferentes trombofilias hereditárias que existem, as que envolvem o fator V de Leiden, a deficiência de proteína S, a deficiência de proteína C, a mutação no gene da protrombina e a mutação do inibidor do ativador de plasminogênio são mais associadas a abortos de repetição. Além do aborto de repetição, a trombofilia hereditária pode levar descolamento prematuro de placenta (DPP), pré eclâmpsia, restrição de crescimento fetal e ao aumento da morbimortalidade maternofetal. CONCLUSÃO: Tendo em vista os aspectos abordados, é possível concluir que a gestação por si só induz um estado de hipercoagulabilidade secundária, de forma a assegurar o aporte sanguíneo placentário. Ademais, distúrbios da hemostasia, como as trombofilias, podem se somar às estas alterações fisiológicas gestacionais, tendo grande relação com o abortamento precoce, de forma que mulheres portadoras de trombofilias apresentam maiores chances de evoluírem com complicações obstétricas e desfechos graves, o que implica diretamente na saúde materna e fetal.
1803
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Relato de caso: Carcinoma adenoide cístico da glândula de Bartholin Autores: Rachel Ventura, Gutemberg Almeida, Milena de Azeredo Monteiro, Juliana Affonso Mathiles, Caio Oliveira Menezes, Yara Furtado Palavras-chaves:
Carcinoma adenoide cístico
, Glândula de Bartholin
, Câncer de vulva
Resumo
Relato de caso: Carcinoma adenoide cístico da glândula de Bartholin
Introdução: O carcinoma primário da glândula de Bartholin (GB) representa menos de 1% das neoplasias ginecológicas e é classificado como um subtipo do câncer de vulva, sendo estadiado e manejado como tal. Mais frequente na 7ª década de vida, apresenta-se histologicamente em 40% das vezes como adenocarcinoma ou carcinoma de células escamosas, e em 15% como carcinoma adenoide cístico, variante rara e foco do trabalho. Com menos de 100 casos relatados na literatura, a fisiopatologia e resposta terapêutica não são bem definidas, dificultando seu manejo. Relato do caso: Paciente 45 anos, portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, chega ao serviço em 2019 para consulta hospitalar em Ginecologia queixando-se de nódulo doloroso em vulva há 1 ano. Ao exame, constatou-se nódulo às 3h de introito vaginal, em topografia de GB, medindo cerca de 2cm, fibroelástico, doloroso ao toque e à manobra de valsalva, sem sinais flogísticos. Paciente foi submetida a exérese do nódulo em novembro/2019, com laudo histopatológico de carcinoma adenoide cístico de GB, sem margem de segurança. Não aderiu a seguimento pós-cirúrgico e, em novembro/2020, retornou com queixa de lesão dolorosa no local previamente ressecado. Ao exame, constata-se presença de nódulo endurecido no local, doloroso, não associado a linfonodomegalia regional. Foram solicitadas tomografia computadorizada de pelve e radiografia de tórax para avaliar invasão de estruturas adjacentes ou à distância, ambas negativas. Foi submetida a vulvectomia parcial em maio/2021, com ampliação de margem de ressecção e laudo histopatológico confirmando carcinoma adenoide cístico na peça, com margens lateral e inferior comprometidas. Realizou acompanhamento ambulatorial, sem achados clínicos de doença residual nas consultas iniciais. Em outubro/2021, refere retorno da dor na mesma topografia antes referida, com lesão endurecida e dolorosa ao exame físico, com projeção à vagina. Foi solicitada ressonância magnética de pelve, sem achados maiores em laudo inicial, sendo solicitada revisão de cortes inferiores para estadiamento e conduta subsequente. Discussão: O carcinoma adenoide cístico da GB é um diagnóstico raro, com poucos relatos na literatura, tornando-se uma condição que carece de conduta e manejo terapêutico robustos. A ausência de sinais ou sintomas específicos dificulta sua suspeição clínica, sendo seu diagnóstico confirmado majoritariamente após exérese da lesão vulvar com análise histopatológica. A abordagem cirúrgica, com ou sem linfadenectomia, é preferencial para o carcinoma adenoide cístico da GB e observa-se uma alta taxa de recidiva local, com tendência a metástase hematogênica e invasão perineural, destacando-se a importância da investigação com solicitação dos exames de imagem pertinentes. A recorrência da lesão é um aspecto importantíssimo associado e foi observada na paciente em questão, o que amplia a discussão a respeito da conduta cirúrgica preconizada nesses casos.
1860
Ginecologia
RELATO DE CASO DE ANOMALIA MULLERIANA - SÍNDROME DE HERLYN-WERNER-WUNDERLICH Autores: Thamires Furley Moreira Jandre, Gabriela Palhano Sifuentes Melo, Anna Laura Hermes Rocha Vilardo, Vera Lúcia Mota Fonseca Palavras-chaves:
Anomalia mülleriana
, Síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich
, Útero didelfo
, Septo vaginal
, Agenesia renal
Resumo
RELATO DE CASO DE ANOMALIA MULLERIANA - SÍNDROME DE HERLYN-WERNER-WUNDERLICH
INTRODUÇÃO
A Síndrome de Herlyn-Werner-Wunderlich (SHWW), é uma anomalia mülleriana rara, caracterizada por útero didelfo, septo hemivaginal e agenesia renal. Esse relato, do serviço de ginecologia infanto-puberal do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), traz uma paciente com diagnóstico provável de SHWW, com os achados característicos e as complicações típicas, aguardando cirurgia. O objetivo é revisar pontos relevantes sobre a síndrome, visando suscitar suspeição precoce, tratamento adequado e evitar complicações.
RELATO DE CASO
R.N.S., 12 anos, encaminhada ao HUCFF com dor pélvica tipo cólica, iniciada em fevereiro/2021, 5 meses após a menarca, refratária à analgesia. Na história, apresenta diagnóstico prévio de rim direito único. Menarca aos 11 anos, ciclos 32/5, fluxo normal e virgo. Ao exame palpa-se massa abdominal de cerca de 10cm em região de fossa ilíaca esquerda, móvel e indolor. Não foi realizado exame especular ou toque. Realizou-se ultrassonografia que evidencia corno uterino direito normal e possível corno uterino à esquerda com hematométrio. Foi solicitada ressonância magnética da pelve (RM) e iniciado anticoncepcional combinado oral (ACO). A RM apresenta agenesia renal esquerda e dois corpos e colos uterinos separados; à direita normal, e à esquerda aumentado às custas de conteúdo hemático e hematossalpinge ipsilateral. Observou-se ainda vagina única, além de achados compatíveis com endometriose ligamentar e peritoneal. Indicou-se vídeo-histeroscopia diagnóstica, visualizando-se somente um colo e corno uterino à direita. Paciente manteve bom controle álgico com manejo clínico até 20/04/22 quando apresentou agudização de dor, motivando atendimento de urgência. Ao exame, além da massa pélvica previamente palpável, dolorosa, visualizou-se vagina e colo uterino únicos. O quadro sugere agravamento do hematométrio, tendo sido indicada hemi-histerectomia esquerda.
DISCUSSÃO
A SHWW compõe o conjunto chamado OHVIRA (agenesia renal associada à hemivagina obstruída). Caracteriza-se pela tríade útero didelfo, septo hemivaginal e agenesia renal. É rara, com incidência de 0.1-3.8% nas mulheres. O lado direito é mais acometido. As pacientes desenvolvem, após a menarca, dor pélvica, dismenorreia e dispareunia. Ocorrem complicações como hematocolpo, hematométrio, hematossalpinge, endometriose e infertilidade. O diagnóstico é confirmado por imagem, sendo a RM da pelve o método de escolha. O tratamento definitivo é cirúrgico, com ressecção do septo e drenagem do hematocolpo via vaginoscopia, na maioria dos casos. Pode ser necessária hemi-vaginectomia, hemi-histerectomia ou histerectomia total. A via laparoscópica é preferencial. No caso apresentado, observa-se agenesia renal esquerda, dois cornos e colos uterinos, sendo a esquerda rudimentar e vagina única, além do hematocolpo, hematométrio e hematossalpinge a esquerda, sendo compatível com provável variação de SHWW, com proposta cirúrgica de hemi-histerectomia esquerda.
1749
Ginecologia
REPERCUSSÕES ENVOLVIDAS NA MIOMECTOMIA PELAS TÉCNICAS DE HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA, VIDEOLAPAROSCOPIA E LAPAROTOMIA Autores: Rebeca Fernandes de Azevedo Dantas, Mariana Eiras Cardoso Conforto, Luana Gola Alves, Ana Carolina Kuntz Couto dos Santos, Daniela Pereira Monteiro, Hannah Barboza Vianna Bekierman Palavras-chaves:
miomectomia
, laparotomia
, videolaparoscopia
, histeroscopia
Resumo
REPERCUSSÕES ENVOLVIDAS NA MIOMECTOMIA PELAS TÉCNICAS DE HISTEROSCOPIA CIRÚRGICA, VIDEOLAPAROSCOPIA E LAPAROTOMIA
Introdução: O mioma uterino é uma neoplasia benigna responsável por causar diversos obstáculos na qualidade de vida da mulher, como: dor pélvica, infertilidade e sangramento uterino anormal (SUA). Atualmente, existem várias técnicas cirúrgicas capazes de minimizar as intercorrências acerca do mioma uterino. Objetivo: Avaliar as repercussões das técnicas cirúrgicas da videolaparoscopia (LM), histeroscopia (HM) e laparotomia (OM). Material e métodos: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura com artigos publicados entre 2015 a 2022 nas plataformas Pubmed, Scientifc Eletronic Library Online (Scielo), MedLine e Cochrane Library. Resultados e Conclusão: Foram obtidos 22 artigos selecionados dos quais 13 artigos incluídos neste estudo. De acordo com os dados estudados, foi visto que a indicação mais comum na miomectomia entre as técnicas de videolaparoscopia, histeroscopia cirúrgica e a laparotomia é o sangramento uterino anormal (SUA). Sendo a videolaparoscopia e a laparotomia para remoção de miomas submucoso, intramural e subseroso. Já na histeroscopia cirúrgica a intervenção é feita nos miomas submucosos. Vale ressaltar que a histeroscopia cirúrgica é indicação padrão ouro para mulheres em idade reprodutiva e que desejam engravidar após a cirurgia. Além disso, o tempo médio de cirurgia foi maior nas técnicas de videolaparoscopia e histeroscopia cirúrgica, já o tempo de internação hospitalar e taxas de complicações foi evidenciado um aumento significante na laparotomia, por ser uma técnica invasiva, no qual o risco de trauma, como perfuração de alça intestinal e hemorragia é mais frequente. Por conseguinte, a videolaparoscopia é considerada a opção mais eficaz para miomectomia quando comparado a laparotomia e a histeroscopia, isso por ser uma técnica que abrange vários tipos de miomas e ter melhor segurança no quesito de internação hospitalar e prevalência de complicações. No entanto, é uma técnica desafiadora que precisa ser realizada por cirurgiões experientes.
1801
Obstetrícia
RESULTADOS PERINATAIS EM GESTAÇÕES COMPLICADAS POR ALOIMUNIZACÃO Rh (D) ASSISTIDAS CENTRO DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2015 E 2020. Autores: Eduardo teixeira, Fernando Maia Peixoto Filho, Guilherme Ribeiro Ramires de Jesus, Fernanda Cristina Vasconcellos Silva, Aline Silva Izzo, Maria Eduarda Terra Palavras-chaves:
Doença Hemolítica Perinatal
, aloimunização Rh
, anemia
, eritroblastose fetal
, Assistência Perinatal
Resumo
RESULTADOS PERINATAIS EM GESTAÇÕES COMPLICADAS POR ALOIMUNIZACÃO Rh (D) ASSISTIDAS CENTRO DE REFERÊNCIA NO RIO DE JANEIRO ENTRE 2015 E 2020.
RESUMO
Introdução A Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) é um tipo de anemia hemolítica causada por incompatibilidade sanguínea materno-fetal, decorrente a sensibilização aos glóbulos vermelhos (RBC), em algumas mulheres em resposta à exposição a antígenos RBC de origem paterna durante a gravidez ou a antígenos não próprios em RBCs transfundidos durante a vida. Embora grandes avanços tenham sido feitos nas últimas décadas em termos de identificação de antígenos de grupos sanguíneos e no rastreio de anemia fetal por meio do uso de monitoramento não invasivo, muitas questões permanecem em termos de compreensão dos fatores de risco de aloimunização de hemácias, terapias preventivas e estratégias de tratamento.
Objetivos: Registar e analisar os desfechos perinatais de recém-nascidos (RNs) de gestantes acompanhadas no pré-natal especializado em aloimunização Rh (D) em centro de referência no Rio de Janeiro.
Metodologia: Foram selecionados e analisados 97 casos referentes a gestantes aloimunizadas Rh (D) no período de junho de 2015 a fevereiro de 2020. Dados da história materna, pré-natal, parto e recém-nascido foram levantados em prontuário e avaliados buscando analisar os resultados perinatais de recém-nascidos de gestantes acompanhadas no pré-natal especializado em aloimunização Rh (D) no em centro de referência do Rio de Janeiro.
Resultados: A taxa de prematuridade na amostra foi de 32,9% (26 partos). A idade gestacional média ao nascimento do total da população estudada foi de 37 semanas, os casos que os fetos foram transfundidos apresentaram idade gestacional média ao nascimento de 32 semanas. O valor médio do hematócrito ao nascimento na amostra foi 45,2%, variou entre 20% e 70%, na população de fetos que foram submetidos a TIU o valor médio do hematócrito ao nascimento foi de 39,25 %. A taxa de exsanguineotransfusão, suporte de O2 e internação em unidade de terapia intensiva neonatal, na população estudada, foi 20,5%, 19%, 41% respectivamente. Entre as gestações submetidas a TIU, todos os recém-nascidos necessitaram de exsanguineotransfusão e internação em unidade de terapia intensiva neonatal, e a taxa de suporte de O2 foi 25%.
Conclusão: Apesar de dados reportados no presente estudo reforçarem avanço na idade gestacional de antecipação do parto, observados em estudos anteriores realizados neste servico, a amostra de gestações com fetos transfundidos apresentou idade gestacional de antecipação do parto inferior ao relatado em outros centros de referência, e importante taxa de necessidade exsanguineotransfusão.
1753
Obstetrícia
ROTURA UTERINA ESPONTÂNEA NA GRAVIDEZ – RELATO DE UM CASO Autores: Luís Alexandre Lira de Castro, Patrícia Leite Brito, Dâmmarys Venância Freire Nascimento, Giovanna Guimarães Mourão Palavras-chaves:
ruptura uterina espontânea
, laparotomia exploradora
, gravidez
Resumo
ROTURA UTERINA ESPONTÂNEA NA GRAVIDEZ – RELATO DE UM CASO
INTRODUÇÃO: Rotura uterina durante a gravidez é uma emergência cirúrgica. Dentre os fatores predisponentes, inclui-se um útero previamente cicatrizado ou manipulado. A ruptura de um útero sem cirurgias prévias ou manipulação, durante a gravidez, é um evento raro. Em sua clínica os sinais e sintomas são vagos e inespecíficos e sem o diagnóstico efetivo e tratamento no momento certo, resulta em sérias complicações para a gravidez e risco de vida para paciente, com alta taxa de mortalidade. A fisiopatologia continua pouco definida e a condição de gravidade, normalmente só é reconhecida no momento da intervenção cirúrgica. Apresentamos nesse relato, o caso de uma paciente com rotura uterina espontânea, sem fatores de risco relacionados a procedimentos prévios. RELATO DE CASO: Paciente de 25 anos, grávida, procedente do interior, com idade gestacional de 19 semanas, G3P1nA1. Apresentou quadro de dor abdominal intensa durante 2 dias, anemia e oligodramnia severa, diagnosticada por exame de US Obstétrica. O óbito fetal foi diagnosticado e iniciado protocolo de Misoprostol, sem sucesso. Após dois dias a paciente foi encaminhada para a capital e atendida em maternidade terciária, com quadro de hemorragia uterina de grande intensidade e choque hipovolêmico, sendo encaminhada para laparotomia exploradora, que constatou a rotura uterina na região do fundo uterino, extensa, e com exteriorização do feto na cavidade abdominal, sendo realizado a Histerectomia subtotal. A paciente ficou internada na Unidade de Terapia Intensiva, para estabilização do quadro pós-operatório e seguiu para enfermaria onde recebeu alta obstétrica após 7 dias, com melhora clínica. DISCUSSÃO: A rotura uterina espontânea, sem cirurgias uterinas prévia, é uma situação de grave risco obstétrico e necessita de intervenção imediata, para preservar a vida da paciente. Trata-se de uma condição rara, de evolução progressiva e rápida, que deve ser incluída no diagnóstico diferencial dos plantonistas obstetras.
1743
Ginecologia
SEXUALIDADE NO CLIMATÉRIO: UM TABU A SER DESCONSTRUÍDO Autores: Alexia Soares Vidigal, Bruna Obeica Vasconcellos, Jacqueline Assumção Silveira Montuori Palavras-chaves:
sexualidade
, climatério
, menopausa
Resumo
SEXUALIDADE NO CLIMATÉRIO: UM TABU A SER DESCONSTRUÍDO
Introdução: Inicialmente julgada apenas como uma função reprodutiva, a sexualidade feminina é na verdade resultado da interação de um conjunto de fatores, agregando aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Com o aumento da sobrevida e uma presença cada vez maior do papel feminino nos espaços familiares e socioeconômicos, a sexualidade no climatério, historicamente reprimida, subvalorizada e tratada como tabu, vem sendo cada vez mais discutida. O climatério é um processo fisiológico, caracterizado por diversas alterações psicossomáticas, mas que, por definição, marca a fase de transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo da mulher. Dessa forma, criou-se ao longo da história a noção estereotipada e errônea de que ao perder a capacidade reprodutiva, o desejo sexual também não estaria mais presente. Objetivo: Discutir a importância da construção e valorização da sexualidade feminina durante o climatério. Material e Métodos: Revisão sistemática de literatura realizada nas bases de dados Scielo e PubMed com artigos estruturados entre os anos de 2008 a 2022. Resultados e Conclusão: O climatério é demarcado por um período de readaptação do organismo feminino a um novo meio fisiológico, devido a alterações hormonais e metabólicas que, por sua vez, podem ser acompanhadas de mudanças somáticas, psíquicas e sociais. Entretanto, estudos comprovam cada vez mais a inexistência de uma relação biológica que defina essas mudanças como o fim da sexualidade, do erotismo e do desejo sexual. Sabe-se que esse ideal vem de um contexto sociocultural marcado pelo patriarquismo e pela crença da mulher resumida em objeto reprodutivo e maternidade, associado a isso, há ainda a existência de um sistema de educação e saúde despreparados para atender e acolher mulheres nessa fase da vida de forma a criar um ambiente informativo e permissivo à essas pacientes. Apesar de ser vivido de forma singular por cada mulher, os impactos do climatério sobre a sexualidade feminina atingem diretamente sua qualidade de vida. A sexualidade, portanto, é aspecto central do ser humano e independe de ambos o gênero e da função reprodutiva, devendo ser vivenciada de forma individual e livre de preconceitos.
1841
Obstetrícia
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ NA GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR NO DIAGNÓSTICO PRECOCE E MANEJO TERAPÊUTICO Autores: Lilian Cristina Caldeira Thomé, Maria Catharina Piersanti Valiante, Maria Isabel Araújo Lima Duque Estrada Palavras-chaves:
Guillain-Barré
, Obstetrícia
, Manejo Terapêutico
, Abordagem Multidisciplinar
Resumo
SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ NA GESTAÇÃO: IMPORTÂNCIA DA ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR NO DIAGNÓSTICO PRECOCE E MANEJO TERAPÊUTICO
Introdução:A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma polineuropatia desmielinizante com incidência de 1,3 a cada 100.000 pessoas-ano, predomina na população jovem. Caráter etiológico autoimune, geralmente provocada por infecção viral ou bacteriana prévia. O acometimento da SGB em gestantes ou puérperas já é bem descrito na literatura, muitas vezes com desfechos dramáticos e desfavoráveis.
Relato de Caso: Paciente de 34 anos, GIVPIAII, Idade Gestacional (IG) de 16 semanas e 3 dias, foi transferida para hospital geral no dia 03/03/22, devido quadro de paresia e parestesia em membros inferiores, ascendente para membros superiores, e diminuição de reflexos profundos que evoluiu para arreflexia. Quadro iniciado em 21/02/22, concomitante à incontinência urinária e fecal. Na história pregressa (HP) houve uma avaliação psiquiátrica em 08/02/22, com Hipótese diagnóstica (HD) de psicose orgânica não identificada, e lhe foi prescrito risperidona. HP negativa para quadros gripais prévios ou febre, com 2 doses de vacina contra o vírus SARS-CoV-2 à base de mRNA e 1 dose de quadrivalente contra gripe. Ultrassonografia Obstétrica (USG-O) de 03/03/22: feto único, vivo, cefálico (FUVC), IG=17s+3d, com boa vitalidade fetal, peso fetal estimado (PFE) = 199g. Avaliada pela neurologia, no dia 07/03/22, apresentando discurso desconexo, confuso e delirante. Diante da HD de SGB, foram solicitados: ressonância magnética (RM) de crânio, tórax e lombar, punção lombar, eletroneuromiografia (ENMG), sorologias para VDRL, HIV, ZIKA e CMV. Nas RM não foram encontradas alterações significativas para o caso, todo painel sorológico com resultados negativos, exceto para CMV, este IgG positivo. O resultado da análise do líquido céfalo-raquidiano (LCR) em 08/03/22 demonstrou dissociação albumino/citológica (A/C). Em decisão conjunta, os serviços de obstetrícia e neurologia optaram pelo tratamento com Imunoglobulina humana intravenosa por 5 dias iniciada em 10/03/22. Em 28/03/22 a paciente apresentou melhora na força muscular, evoluindo de grau III, para grau V. Em 30/03/22 iniciou fisioterapia e no dia 04/04/22 se manteve em ortostase por 5 minutos. USG-O de 01/04/22: FUVC, com IG: 20s+5d, PFE: 345g, normodramnia, índice dopplerfluxométrico cérebro placentário no percentil 32%. Apesar de colaborativa, mantinha discurso confuso e por vezes delirantes. Após nova avaliação psiquiátrica com HD de estado psicótico, foi prescrito Haloperidol.
Discussão:O diagnóstico da SGB se baseia na clínica com apoio da análise do LCR, que em geral apresenta dissociação A/C, e na ENMG, embora esta não seja essencial para o diagnóstico, sendo solicitada se disponível, a partir da terceira semana de sintomatologia. Como a gestação em si é considerada um fator precipitante para SGB, é fundamental uma abordagem multiprofissional, sempre visando a vigilância clínica para evitar complicações materno-fetais. Portanto, o tratamento adequado e as medidas de suporte, são primordiais para a recuperação da paciente.
1775
Ginecologia
Traquelectomia radical e preservação da fertilidade no tratamento do câncer cervical: um relato de caso Autores: Lucília Silva de Oliveira Carvalho, Fernanda Bergamo Iorio Rodrigues, Eduardo Uzelac Kano, Andrea Cytryn, Daniel de Carvalho Zuza, Aguinaldo Ferreira Leite Filho Palavras-chaves:
Câncer de Colo do Útero
, Fertilidade
, Traquelectomia
Resumo
Traquelectomia radical e preservação da fertilidade no tratamento do câncer cervical: um relato de caso
INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero tem como principal causa a infecção persistente pelos subtipos oncogênicos do Papilomavírus Humano (HPV). É o terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil (excetuando-se o câncer de pele não melanoma). Tradicionalmente, o tratamento para o carcinoma que progride além da microinvasão, é a histerectomia radical. Cada vez mais, o número de mulheres que recebe esse diagnóstico durante a idade fértil, tem aumentado, bem como a primiparidade tardia. Diante disso, as cirurgias que combinam preservação da fertilidade e tratamento eficaz do câncer cervical invasivo precoce ganham destaque. A traquelectomia radical abdominal é um procedimento que fornece alternativa conservadora e pode ser técnica de escolha nessas pacientes.
RELATO DE CASO
KAAB, 37 anos,sexo feminino, branca, casada, nuligesta. Atendida em 2017 por condilomas anogenitais ,colpocitologia sugestiva de células escamosas atípicas de significado indeterminado e teste de captura híbrida anal e endocervical positiva para infecção pelo HPV de alto e baixo risco, ambos de outubro de 2016. Inicialmente foi solicitada nova citologia e realizada colposcopia, sem anormalidades. A paciente não retornou ao serviço até Abril de 2021, quando foi diagnosticada com adenocarcinoma moderadamente diferenciado do colo sem invasão angiolinfática e margem comprometida, estadiamento IB1 FIGO 2018( International Federation of Ginecology and Obstetrics), a partir de uma biópsia de colo uterino em lábio posterior que apresentava região avermelhada de aspecto erosivo. Restante do exame físico sem alterações e Ressonância de abdome e pelve ( Abril 2021) sem evidências de doença. Frente a nuliparidade e seu o desejo reprodutivo, a paciente foi submetida a traquelectomia radical abdominal em maio de 2021. Laudo histopatológico: adenocarcinoma ''in situ'' do colo uterino, limites cirúrgicos livres e 10 linfonodos livres de neoplasia. Ao exame físico 30 dias após procedimento cirúrgico, apresentava novo colo plano com orifício externo cicatrizado, sem alterações macroscópicas. No momento em acompanhamento regular e apta para gestar.
DISCUSSÃO
Fornecer opção terapêutica que preserve o prognóstico reprodutivo é essencial para o tratamento global da paciente com câncer de colo do útero. A traquelectomia radical, realizada pela primeira vez em 1986 por Daniel Dargent, permanece como a principal alternativa cirúrgica à histerectomia radical no tratamento do câncer cervical. Com o desenvolvimento de técnicas e equipamentos, a traquelectomia radical pode ser realizada ainda por via vaginal, laparoscópica ou robótica. Oferecer essa opção às pacientes, no sistema único de saúde, em hospitais com programa de residência médica não só garante o atendimento integral à saúde da mulher como também garante integralidade na capacitação profissional frente à mulher com câncer cervical em idade fértil.
1834
Obstetrícia
Trombose de Veia Ovariana Bilateral Pós Histerectomia Puerperal por Acretismo Placentário: Relato de caso Autores: Leticia da Fonseca Gomes, Carolina Magalhães de Souza, Augusta Maria de Assumpção Moreira Palavras-chaves:
acretismo
, trombose
, histerectomia puerperal
Resumo
Trombose de Veia Ovariana Bilateral Pós Histerectomia Puerperal por Acretismo Placentário: Relato de caso
Introdução: O acretismo placentário é uma condição obstétrica anormal que ocorre quando há invasão trofoblástica ao miométrio, com profundidade e extensão variáveis. É uma condição de crescente incidência e associada a alta morbidade materna. A trombose de veia ovariana, por sua vez, é uma condição rara mas potencialmente grave, ocorrendo predominantemente no período pós-parto.
Relato de caso: Gestante 38 anos, G2P1C, idade gestacional de 41 semanas, submetida a cesariana eletiva, após recusa de indução de parto por gestação prolongada. Após extração fetal, foi realizada extração manual de placenta aparentemente incompleta e identificada placenta anormalmente aderida ao miométrio, compatível com acretismo placentário, associado a atonia uterina refratária a uterotônicos com hemorragia uterina intensa, de difícil controle. Devido a evidências de acretismo placentário e hemorragia grave, foi optado por realizar histerectomia total puerperal e transfusão maciça de hemoconcentrados. Puérpera no quarto dia pós-operatório, mantendo dor abdominal, pior a direita, foi submetida a tomografia computadorizada de abdome e pelve, que evidenciou hematoma volumoso em loja uterina e parede abdominal anterior e sinais de trombose em veias ovarianas bilaterais. Em discussão multidisciplinar, optou-se por conduta expectante, iniciado antibioticoterapia e anicoagulação plena. Paciente evoluiu satisfatoriamente, tendo alta hospitalar com seguimento ambulatorial.
Discussão: A placenta acreta é uma patologia que está fortemente associada com antecedentes de cesarianas prévias e à placenta prévia. É crucial haver alta suspeição clínica nessas situações, uma vez que o não diagnóstico pode trazer grandes dificuldades em seu manejo. A placenta acreta está relacionado a hemorragias graves no momento do parto, podendo levar ao choque hemorrágico e até mesmo ao óbito. O diagnóstico é feito pela ultrassonografia transvaginal idealmente entre 20 e 24 semanas de gestação nas pacientes que possuem fatores de risco para tal. A OMS, preconiza a taxa de cesariana em 15% de todos os partos, porém nas últimas décadas ela se tornou o modo mais comum de nascimento no país, representando a via de parto em 56% de todos os nascidos vivos. A trombose da veia ovariana pode estar associado a procedimentos cirúrgicos e ginecológicos, como ooforectomia e histerectomia, mais comumente ao puerpério, abortamentos, doença inflamatória pélvica, cirurgias pélvicas e malignidades. Os sintomas clínicos são vagos e inespecíficos, sendo febre e dor abdominal suas manifestações mais comuns, tornando muitas vezes o diagnóstico desafiador. Portanto, conclui-se que o caso em tela ilustra uma patologia de crescente importância, que ainda carece de protocolo diagnóstico com boa sensibilidade e especificidade, que é o acretismo placentário, além de uma patologia de baixíssima incidência e difícil diagnóstico devido aos sinais e sintomas inespecíficos, que é a trombose de veia ovariana.
1867
Ginecologia
Tumor de Brenner benigno associado a Teratoma maduro, um relato de caso. Autores: Jhonathan Alcides Elpo, Amanda Roepke Tiedje, Luiz Fernando Sommacal, Marilin Lehmkuhl De Sa Muller Sens, Vitor Leonardo Nandi Palavras-chaves:
Tumor de Brenner
, Teratoma maduro
, Tumor de ovário
Resumo
Tumor de Brenner benigno associado a Teratoma maduro, um relato de caso.
Introdução
Os tumores de ovário incluem um grande grupo de doenças, desde benignas às malignas. A etiologia destes varia de acordo com as células que dão origem ao tumor. Entre as lesões de células germinativas se destaca o teratoma cístico maduro, também denominado cisto dermoide. Representa 10 a 15% de todos os tumores ovarianos, com pico de incidência aos 30 anos. Comumente são unilaterais e benignos, com baixo risco de malignidade. Entre os tumores sólidos epiteliais benignos, podemos citar o Tumor de Brenner, que se mostra mais raro, com uma prevalência de 1 a 2,5% dos tumores de ovário. Geralmente unilateral, pequeno e benigno, descoberto acidentalmente em exame anatomopatológico. A associação destes dois tumores, teratoma e tumor de Brenner, por apresentarem origem em células diferentes do ovário, é rara e pouco relatada na literatura.
Relato do Caso
BTA, 55 anos, hipertensa, em uso de losartana e anlodipino, tabagista 30 anos-maço, menopausa aos 44 anos. Histórico obstétrico de três gestações, sendo um parto vaginal e dois abortos de primeiro trimestre. Foi encaminhada a serviço de referência para cirurgia ginecológica por ultrassonografia transvaginal evidenciando em região anexial esquerda imagem sólida, heterogênea, medindo 79 x 88 x 70mm, sugestiva de teratoma. Paciente assintomática, com diagnóstico da lesão em exame de rotina ginecológica. Ao exame físico sem alterações que chamassem a atenção do examinador. Indicado tratamento cirúrgico, foi realizada anexectomia esquerda por videolaparoscopia sem intercorrências. Avaliação histopatológica da peça cirúrgica evidenciou teratoma cístico maduro de 65 x 45mm e, juntamente, Tumor de Brenner benigno ovariano. Paciente evoluiu com boa recuperação pós-operatória, sem complicações ou intercorrências até a última avaliação após 60 dias da cirurgia.
Discussão
Os teratomas tem origem em células germinativas, em sua maioria tecidos diferenciados ectodérmico, mesodérmico e endodérmico maduros. Mais de 95% são císticos, benignos e geralmente são assintomáticos. Quando presentes, os sintomas estão relacionados ao tamanho do cisto dermoide, não sendo incomum estarem associados a torção do ovário.
Os tumores de Brenner tem origem fibroepitelial, sendo compostos por epitélio de transição infiltrando estroma fibroso denso. Apesar de geralmente pequenos e assintomáticos, há relatos na literatura de tumores de Brenner com até 25 kg, causando sintomas semelhantes aos grandes fibromas. Uma pequena parcelas destes tumores pode ser maligna, 2 a 5%.
Apesar da maior parte dos tumores de ovário serem benignos, sua remoção é indicada para exclusão de malignidade e evitar complicações relacionadas como torção, ruptura e sangramento. A via laparoscópica é preferencial, pelas vantagens que apresenta em relação a via aberta. Nos casos de tumores benignos, como teratoma maduro e Tumor de Brenner benigno, a remoção total da lesão é curativa, não havendo necessidade de intervenção adicional.
1840
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Úlcera de Lipschütz pós infecção de COVID-19 Autores: leticia pinheiro de medeiros, Caroline Alves de Oliveira Martins, Cláudia Jacyntho, Erica Salet, Ana Brandalise, camila barbosa de souza Palavras-chaves:
Úlcera de Lipschütz
, covid-19
, ulceras genitais
Resumo
Úlcera de Lipschütz pós infecção de COVID-19
Introdução: As úlceras genitais são de difícil diagnóstico, na prática clínica, devido a suas diversas etiologias, podendo estar associadas a causas infecciosas. A úlcera de Lipschütz é de de etiologia pouco definida, geralmente encontrada em mulheres jovens, que ainda não iniciaram sua vida sexual e com histórico de uma infecção viral prévia. O objetivo do presente relato é descrever um caso de úlcera genital após um quadro de infecção pelo SARS-CoV-2. Relato do Caso: Paciente, 27 anos, casada, sem comorbidades prévias, refere surgimento de lesão vulvar com dor importante. Nega trauma, uso de medicamentos, ingestão de drogas, viagens recentes ou episódios anteriores. Nega febre ou outros sintomas relacionados. Ao exame físico observa-se em região vulvar, próximo à fúrcula vaginal, uma lesão ulcerada em espelho, intensamente dolorosa, de fundo necrótico e com edema. Não foram detectados linfonodomegalias nem lesões de pele ou mucosas. Ela relatou que há 1 mês atras testou positivo para SARS-CoV-2 apresentando sintomas leves. A pesquisa laboratorial para infecções sexualmente transmissíveis foi negativa. Foi prescrito Prednisona 40mg por 3 dias para alívio dos sintomas e a paciente apresentou evolução satisfatória com regressão completa da lesão. Discussão: As úlceras de Lipschutz são lesões vulvares ulcerosas, superiores a 1 cm, de início súbito, profundas, dolorosas, com bordas vermelho-violáceas e base necrótica coberta por exsudato. Localizam-se, principalmente, em pequenos lábios, possuem distribuição simétrica, podendo também alojar-se em grandes lábios, períneo, vestíbulo (como no caso descrito) ou terço inferior da vagina. Está associada a uma infecção viral aguda prévia (em especial o vírus Epstein-barr) podendo iniciar o quadro clínico com sintomas prodrômicos de odinofagia, mialgia, estado febril e linfadenopatia, sendo a lesão vulvar um evento posterior. Alguns relatos de caso estão sendo descritos na literatura sobre sua ocorrência associada ao vírus causador da COVID-19. Trata-se de uma doença autolimitada, não sexualmente transmissível e com cura espontânea entre duas a seis semanas. Acredita-se que a lesão vulvar seja a manifestação clínica resultante de uma resposta imuno-mediada após reação de hipersensibilidade a uma infecção viral ou bacteriana, levando a deposição de imunocomplexos nos vasos sanguíneos da derme, ativação de sistema complemento, formação de microtrombos e consequente necrose tecidual. O tratamento objetiva prevenir infecção secundária e controlar a dor, sendo feito com banhos de assento em água morna, analgésicos e corticoterapia tópica ou sistêmica.
1827
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Úlceras de Lipschütz associadas à infecção por Covid-19 - relato de caso Autores: Cláudia Márcia de Azevedo Jacyntho, Paula de Cássia Nunes Assunção Guimarães, Larissa Nunes Assunção, Maria Roberta Meneguetti Seravali Ramos, Rodrigo Rossi Balbinotti Palavras-chaves:
coronavírus
, Lipschütz
, vulva
, vasculite
, úlcera
Resumo
Úlceras de Lipschütz associadas à infecção por Covid-19 - relato de caso
INTRODUÇÂO: a doença de Lipschütz é uma entidade rara, causada por uma vasculite local, e caracteriza-se pelo surgimento súbito de úlceras na vulva ou vagina inferior. O diagnóstico diferencial se dá com várias infecções sexualmente transmissíveis e o tratamento objetiva suprimir exacerbações, controlar a dor e prevenir infecção secundária. A infecção pelo novo coronavírus tem sido associada a um importante componente vascular. Manifestações cutâneas ligadas à Covid-19 foram descritas em diversos estudos e a incidência reportada atingiu 20,4%, verificando-se heterogeneidade de padrões clínicos. RELATO DE CASO: mulher de 23 anos, previamente saudável, apresentou PCR positivo para Covid-19 dias antes do surgimento súbito de múltiplas úlceras no vestíbulo vulvar, dolorosas. Ao exame físico as lesões se apresentavam bem delimitadas, profundas, algumas coalescentes, com bordos vermelho-violáceas e recobertas por exsudato cinzento. Aos 15 anos ela havia apresentado quadro de úlceras vulvares, que naquela ocasião foram atribuídas à infecção por Epstein Barr vírus (sorologia IgM positiva). Foi realizada coleta de PCR endocervical múltiplo para bactérias, todos negativos. Citologia de colo uterino negativa para neoplasia e com padrão inflamatório. Sorologias de ISTs negativas e para herpes 1 e 2 negativa. Hemograma normal. D-dímeros elevados e PCR ultrassensível elevada, com redução gradativa no transcorrer da doença. Recebeu prescrição de Prednisona e AAS do clínico geral. Evoluiu com regressão lenta das lesões, até o completo desaparecimento das mesmas em 3 semanas. DISCUSSÃO: as úlceras de Lipschütz têm causa desconhecida. Acredita-se que antígenos microbianos, por meio de mimetismo molecular, induzam uma resposta imune citotóxica, resultando em vasculite local, ou que a úlcera seja a manifestação clínica de uma reação de hipersensibilidade a uma infecção viral ou bacteriana, com deposição de complexo imune nos vasos dérmicos, ativação do complemento, microtrombose e subsequente necrose tecidual. A infecção pelo novo coronavírus pode relacionar-se a esse mecanismo fisiopatológico tanto pela via da vasculite local quanto pela reação ao processo infeccioso viral. A doença é autolimitada e a cura espontânea da ulceração genital aguda ocorre em 2 a 6 semanas, geralmente sem deixar cicatrizes. Cuidados locais podem ser prescritos. Recorrências foram relatadas em 30 a 50% dos casos. A história recente de doença do tipo influenza ou mononucleose deve representar critério de alerta para a suspeita, e possivelmente a infecção pela Covid-19. Diagnóstico diferencial com EBV será definido pela sorologia específica e pelo achado de linfocitose. Embora o número de publicações sobre as manifestações cutâneas na Covid-19 seja expressivo, há muitas perguntas sobre essa associação, que poderão ser respondidas com estudos de imunoistoquímica e histopatológicos, definindo se são causas diretas da infecção viral ou decorrentes de complicações da doença sistêmica.
1761
Ginecologia
Uso de radiofrequência no tratamento de sintomas genitouriários após radioterapia pélvica Autores: Ivy Alves Santos, Anna Carolina Guedes de Queiroz Pereira, Fernanda Bergamo Iorio Rodrigues, Andrea Cytryn, Aguinaldo Ferreira Leite Filho, Luiza Araujo Barros Palavras-chaves:
Radiofrequencia fracionada
, Sintomas genitourinários
, Radioterapia pélvica
Resumo
Uso de radiofrequência no tratamento de sintomas genitouriários após radioterapia pélvica
INTRODUÇÃO: Muitas mulheres que já receberam tratamento com braquiterapia (BQT) e/ou radioterapia (RT) pélvica evoluem com fibrose e estenose vaginal. Esses efeitos afetam a qualidade de vida e função sexual. A hormonioterapia local é o padrão-ouro para atrofia vaginal, porém a RT pélvica reduz localmente receptores hormonais tornando sua administração menos eficaz. Terapias alternativas como radiofrequência (RF), aquecem o tecido conjuntivo vaginal, causando contração do colágeno, neocolagênese e neoelastogênese, restaurando a elasticidade e umidade da mucosa vaginal. RELATO DE CASO: Mulher de 58 anos, branca, nuligesta, sem vida sexual ativa, diagnosticada em 2017 com adenocarcinoma endocervical moderadamente diferenciado. Submetida à cirurgia de Wertheim Meigs em abril/2017 com estadiamento pT1b2N0M1. Para complementação terapêutica iniciou-se quimioterapia, RT e BQT, com término em dezembro/2017. Exames complementares e físico de seguimento não evidenciaram doença residual ou reicidivante. No seguimento, relatou ressecamento vaginal, sendo então encaminhada em março/2021 ao ambulatório de RF. O tratamento compreendeu 3 sessões de RF fracionada microablativa com aparelho Wavetronic 5000HF-FRAXX e eletrodo vaginal, com intervalo de 30 dias. Foram feitas 4 avaliações, sendo a primeira antes da RF e a última um mês após a última sessão. Em cada visita foi aplicado questionário validado de satisfação denominado International Consultation on Incontinence Questionnaire, avaliado o VHI (Vaginal Health Index), colhida amostra de parede vaginal para citologia hormonal e avaliada a escala visual analógica de satisfação global. Na primeira sessão a satisfação global da paciente era de 3 em escala de 1 a 10. Sua principal queixa foi o ressecamento vaginal, que a incomodava “a maior parte do tempo”. Após exame físico foi atribuído escore 13 ao VHI. A citologia hormonal de março revelava 0% de células superficiais, 15% de moderadas e 85% de profundas, traduzindo atrofia acentuada. Na última avaliação em junho/2021 o nível de satisfação global elevou-se para 10 e a queixa principal passou a ser ocasional. O VHI manteve-se 13. A citologia revelava 0% de células superficiais, 65% de moderadas e 35% de profundas, refletindo atrofia moderada. DISCUSSÃO: Apesar da terapia ideal não estar bem estabelecida, várias abordagens têm sido propostas para controle de sintomas genitourinários pós menopausa, como hidratantes e estrogênios vaginais. No entanto, a adesão é baixa. A terapia com RF é realizada através de 3 sessões com intervalo mensal, e, após, resgate anual conforme sintomatologia, auxiliando na adesão. Embora a terapia com laser ablativo e não ablativo seja mais difundida e estudada, a RF apresenta vantagens, como aplicação sob visão direta, menor custo, boa tolerabilidade e fácil aprendizado. A paciente do estudo apresentou melhora significativa dos sintomas com a RF, porém estudos robustos são necessários para validação do método e avaliação a longo prazo.
1802
Patologias do trato genital inferior e colposcopia
Uso do Imiquimode como opção terapêutica em paciente com recorrência de lesão intraepitelial vaginal de alto grau – Relato de caso Autores: Lara de Siqueira Rodrigues, Bruna Brandão de Oliveira, Gustavo Alves Machado, Andreia Vieira Zanetti, Leandro Teixeira Abreu, Christian David Montero Vera Palavras-chaves:
Imiquimode
, neoplasia
, tratamento
Resumo
Uso do Imiquimode como opção terapêutica em paciente com recorrência de lesão intraepitelial vaginal de alto grau – Relato de caso
Introdução: A neoplasia intraepitelial de vagina (NIVA) é uma lesão pré-maligna do epitélio vaginal com baixa incidência. O principal agente etiológico é o papilomavirus humano (HPV) e um dos fatores de risco para sua ocorrência é a história prévia de tratamento da lesão cervical causada pelo vírus. Coexistência deste tipo de lesão com neoplasia intraepitelial cervical (NIC) é observada em 1-6% dos casos. A classificação histológica segue a das lesões intraepiteliais cervicais. Em algumas mulheres, a NIVA de alto grau pode evoluir para neoplasia invasiva. A localização mais comum é o terço superior da vagina, dificultando o tratamento. Diagnóstico através de citologia e colposcopia. Não existem protocolos para tratamento da NIVA, sendo a abordagem individualizada. Existem diversas possibilidades de tratamento, como a abordagem cirúrgica, ablativa, radioterápica, clínica ou expectante. A escolha considera fatores como: idade, história prévia de tratamento de NIC, histerectomia/radioterapia anteriores, comorbidades, atividade sexual, entre outros. Deve-se manter seguimento por longo período. Relato do caso: RCM, 72 anos, hígida, realizou conização a frio por lesão intraepitelial cervical de alto grau, posteriormente submetida a histerectomia total com anexectomia bilateral, devido a carcinoma cervical in situ. Após diagnóstico de lesão intraepitelial vaginal de alto grau, foi submetida a mucosectomia de fundo vaginal. Encaminhada ao nosso serviço, com resultado de citologia vaginal que mostrava recorrência da lesão de alto grau. Realizada vaginoscopia e biópsia do fundo vaginal, evidenciando área aceto reagente em parede lateral direita. O histopatológico confirmou lesão de alto grau com displasia acentuada. Mediante a história de tratamentos pregressos, à condição clínica da paciente e sua idade, foi proposto tratamento medicamentoso com aplicação ambulatorial de Imiquimode 5% creme, com intervalos quinzenais, totalizando 12 aplicações. No início das aplicações, era possível visualizar ao exame discreta área aceto reagente em parede vaginal esquerda, medindo menos de 0,5 centímetros (cm). Ao final do tratamento, não se visualizavam lesões aceto reagentes, ou seja, a lesão apresentou remissão completa. Nova citologia para controle mostrou células escamosas com maior ativação nuclear. Discussão: No caso desta paciente, devido ao histórico de tratamentos para NIC e NIVA, optou-se pelo uso do Imiquimode 5% creme, com aplicação de 1 envelope a cada 15 dias, totalizando 12 aplicações. Esta medicação age modificando a resposta imune ao HPV, com objetivo de estimular o sistema imune a resistir à infecção pelo vírus. Este tratamento é considerado off-label, uma vez que em sua bula não consta a indicação de uso vaginal. A eficácia do uso do Imiquimode em lesões de alto grau não é bem estabelecida, devido à baixa população estudada, mas alguns estudos sugerem efeito terapêutico benéfico, como também pudemos constatar em nossa experiência.
1870
Obstetrícia
ÚTERO DE SUBSTITUIÇÃO NO BRASIL: MITOS E POSSIBILIDADES Autores: Marina Hübner Freitas dos Santos Silva Machado, Brendha Ferrari Bremenkamp Palavras-chaves:
Útero de substituição
, Fertilização in vitro
, Fertilidade
Resumo
ÚTERO DE SUBSTITUIÇÃO NO BRASIL: MITOS E POSSIBILIDADES
Introdução: O útero de substituição, também conhecido como gestação de substituição ou a popular “barriga de aluguel”, é um procedimento de reprodução assistida indicado quando a mãe biológica – esposa do casal em tratamento e que produzirá os óvulos – está impossibilitada de gestar, seja por ausência/malformação ou alterações graves do útero ou por contraindicações à gestação, devido às suas condições clínicas. A estimulação ovariana e obtenção dos óvulos é feita a partir da esposa do casal, de acordo com o processo de fertilização in vitro habitual, com a formação dos embriões. Os embriões são, então, transferidos para o útero da mulher que irá gestar, na condição de gestação de substituição. De acordo com o Conselho Federal de Medicina, poderá ceder o útero, temporariamente, uma mulher que possua parentesco consanguíneo de até 4º grau com um dos cônjuges: primeiro grau – mãe; segundo grau – irmã ou avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima; tenha, no máximo, 50 anos de idade; e não apresente caráter lucrativo ou comercial. Quando do nascimento do bebê, o registro civil é realizado, normalmente, no nome dos pais biológicos e a cedente temporária do útero não apresenta nenhuma forma de direito ou dever sobre a criança nascida. Objetivos: Relatar sobre as implicações do útero de substituição no Brasil, observando a técnica necessária ao processo e esclarecer os mitos e obrigatoriedades envolvidos. Material e Métodos: Revisão sistemática retrospectiva da literatura, usando os principais bancos de dados on-line. Foram investigadas diferentes publicações sobre útero de substituição no Brasil. Resultados e Conclusão: Um casal que desejar um filho biológico e precisar recorrer ao útero de substituição, terá que se submeter ao tratamento de fertilização in vitro para formação dos embriões. Dessa forma, é importante observar a idade da mulher que fornecerá os óvulos, já que ocorre uma diminuição acentuada da fertilidade feminina a partir dos 35 anos, influenciando, de forma direta, na taxa de gravidez. Deve ocorrer uma sincronia entre a estimulação ovariana da mãe biológica, coleta dos óvulos, seleção dos espermatozoides do pai biológico e preparo endometrial para receber os embriões, na doadora temporária do útero, por meio de hormônios. Todas as pessoas envolvidas no tratamento precisam alegar consentimento por escrito e a doadora temporária do útero deve ser avaliada clínica e psicologicamente, a fim de confirmar sua adequação física e emocional para ser submetida à técnica. Nos casos em que a doadora temporária for casada ou tiver uma união estável, o companheiro também deverá consentir com o processo. A aceitação desse procedimento pelos pacientes deve ser de comum acordo, sem pressão, respeitando-se os limites de cada um e alcançando a grande ligação existente entre todos os envolvidos. Ser útero de substituição envolve um alto grau de desprendimento, doação e entrega, que deve ser bastante analisado por parte de quem faz e de quem solicita.
1732
Ginecologia
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CENÁRIO E AGRESSORES Autores: DENISE LEITE MAIA MONTEIRO, STELLA REGINA TAQUETTE, AMANDA RODRIGUES DE ARAÚJO, CAROLLYNE DA SILVA LIRA, ELAINE DA SILVA PIRES ARAÚJO, NÁDIA CRISTINA PINHEIRO RODRIGUES Palavras-chaves:
Violência sexual
, Violência de gênero
, Estupro
Resumo
VIOLÊNCIA SEXUAL CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES: CENÁRIO E AGRESSORES
Introdução: A violência sexual é definida como qualquer tipo de atividade de natureza erótica ou sexual que desrespeite o direito de escolha de um dos envolvidos, ou haja aproveitamento de situação de vulnerabilidade. É reconhecidamente uma violação dos direitos humanos e sexuais. Ocorre com maior frequência entre crianças e adolescentes, especialmente do sexo feminino, gerando prejuízos físicos e mentais que podem persistir por toda a vida. Objetivo: Descrever o cenário da agressão sexual, o(s) responsável(is) pela violência e o uso de força. Método: Estudo transversal, incluindo crianças e adolescentes do sexo feminino, de 0 a 19 anos, atendidas no ambulatório do Centro de Assistência Multiprofissional à Violência Sexual (CAMVIS) do Hospital Geral de Nova Iguaçu. Os dados obtidos foram extraídos de boletins de atendimento emergencial e prontuários do ambulatório no período de 2014 a 2018, totalizando 453 vítimas. Para a análise da idade da ocorrência da violência dividiu-se o grupo em: até 13 anos de idade e de 14 a 19 anos. As variáveis analisadas foram: local de ocorrência, número de agressores envolvidos, vínculo do agressor e emprego de força/ameaça. O processo de entrada e análise estatística dos dados foi realizado por meio do Programa EPI-INFO 3.5.4. Resultados: Das 453 crianças e adolescentes atendidas, 264 (58,3%) eram <14 anos e 189 (41,7%) tinham entre 14-19 anos. Quanto à raça, 78% eram negras em ambos os grupos. Nas meninas até 13 anos, em geral, os abusos ocorreram em casa (73,2%), perpetrado por um único agressor (91%), conhecido da vítima (91,2%), sendo 31,1% pai ou padrasto e 39,1% amigo/conhecido e elas negaram emprego de agressão física e/ou verbal em 53,1% dos episódios. Já nas jovens de 14 anos ou mais, 84,1% dos estupros aconteceram nas ruas, praticados por agressor único (74,8%), onde mais da metade deles eram desconhecidos (57,8%) e em 91,2% dos casos foi empregada força física e/ou ameaça verbal. O estudo evidenciou que as vítimas <14 anos têm 14 vezes mais chance de sofrer a agressão dentro do meio familiar (p<0,001; OR=14,3 (8,2-25,6)), 16 vezes mais chance de serem agredidas por indivíduos conhecidos (p<0,001; OR=16,2 (9,2-29,8)) e, quanto mais novas, menor a probabilidade de emprego de força durante o ato abusivo (p<0,001; OR=0,09 (0,04-0,18)). Por outro lado, ter mais de 14 anos triplica a chance de ser abusada por mais de um agressor (p<0,001; OR=3,3 (1,8-6,1)). Conclusão: As meninas abaixo de 14 anos são as que se encontram em maior situação de vulnerabilidade para violência sexual.